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Sertão Central e Vale do Jaguaribe: os melhores negócios para investir

Municípios de Quixadá e Jaguaribe buscam diversificar suas economias

A economia do Ceará como um todo possui diversos atributos conhecidos, mas a composição econômica do Estado, na verdade, está longe de ser algo homogêneo. Pelos quatro cantos dos 148.886 Km² de território, há peculiaridades que escondem – ou evidenciam – certas características políticas, demográficas e sociais, entre outras, que, justamente por serem únicas, podem interessar sobremaneira os olhares dos investidores mais atentos.

Em 22 de outubro de 2015, foi publicada, no Diário Oficial do Estado, a Lei Complementar nº 154, que criava as 14 regiões de planejamento do Ceará com o objetivo de aperfeiçoar as atividades de planejamento, monitoramento e implementação de políticas públicas de forma regionalizada. Assim, o Estado ficou dividido em 14 regiões de planejamento distintas, seguindo a metodologia do estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

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Tendo como referência esses estudos, a TrendsCE elaborou uma mapeamento resumido dessas regiões que pode auxiliar na prospecção de novos negócios de acordo com as particularidades de cada lugar. Trata-se de um panorama local a partir da visão de personagens de relevância e com larga experiência na economia de cada uma dessas 14 regiões. Alguém que já tenha feito ou faça parte dos quadros da gestão pública, da iniciativa privada ou da academia vai mostrar bons indicativos do que está em evidência no setor produtivo e possa render bom retorno para possíveis investidores.


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Confira, a seguir, na visão dos nossos “consultores”, algumas das características que fazem as regiões do Vale do Jaguaribe e Sertão Central, cada uma a sua maneira, uma boa opção para investir. 

VALE DO JAGUARIBE

Com 22,9% da produção de leite no Estado, conforme dados do Ipece/IBGE) a Região do Vale do Jaguaribe sempre se destacou pela bovinocultura leiteira, o que continua a acontecer em 2020. Quem nunca ouviu falar, por exemplo, no famoso queijo coalho de Jaguaribe? A meta agora, como informa André Siqueira, secretário de Desenvolvimento Econômico de Jaguaribe e presidente do Sindicato das Indústrias da Alimentação e Rações Balanceadas no Estado do Ceará (Sindialimentos), é diversificar as opções de chamarizes para os investidores. Ao mesmo tempo em que dava vazão ao talento artístico dos produtores de renda, a região que já está próxima da marca dos 400 mil habitantes (IBGE), historicamente sempre foi assolada pela seca. Ao passar a ser beneficiada por obras de infraestrutura, que acabaram por ampliar os recursos hídricos, o caminho se torna menos estreito para a consolidação de atividades, entre outras, como carcinicultura e fruticultura.

Mais água: “Estamos incluídos com um dos territórios para investimento nos programas do Ministério da Agricultura e temos algumas agências do Banco de desenvolvimento na região. Além disso, estão no Vale do Jaguaribe os dois maiores reservatórios de água do Estado do Ceará (Castanhão e Orós). Além dos maiores reservatórios de água, deveremos, em 60 dias, contar com a chegada das águas do Rio São Francisco através dos rios Salgado e Jaguaribe, no Vale do Jaguaribe. Contamos com potencial a ser explorado no agronegócio, com a fruticultura (graças a várias empresas beneficiadoras), e agora, com garantia hídrica, a carcinicultura está em expansão”.


Retomada do leite: “Já fomos a maior bacia leiteira do Estado, que tem agora como retornar devido à garantia hídrica. Contamos com pelo menos duas grandes indústrias de laticínios no Vale (Betânia, em Morada Nova, e Ísis, em Jaguaribe) e dezenas de indústrias de queijo de porte pequeno e médio. Contamos com forte tradição na ovinocaprinocultura, além do crescimento e potencial em avicultura e suinocultura. Isso sem falar na bovinocultura leiteira, tendo como produto mais difundido o queijo coalho do Jaguaribe”.


Ponto para o escoamento: “A principal rodovia federal (BR 116) margeia o Vale do Jaguaribe como via de acesso e é um diferencial para nosso distrito industrial”


Forte com as mãos: Tradição na produção artesanal da Renda de Filé.

SERTÃO CENTRAL

O Sertão Central já fez do Ceará o maior produtor de algodão da Região Nordeste do Brasil por muitas gerações. Mesmo com municípios como Quixadá, Senador Pompeu e Quixeramobim vez por outra tentando reativar a produção, a saída de cena da cultura por ali já há mais de 40 anos fez com que a movimentação da economia se voltasse para a pecuária e a agricultura. Amilcar Silveira, empresário ligado à região e presidente da Câmara Setorial do Agronegócio da Fiec, reconhece que a fruticultura precisa ser mais explorada. Enquanto isso, três polos da agropecuária possuem ainda atrativos de sobra e foram decisivos para um aumento real no PIB de 12,3% de 2013 a 2017, de acordo com o Observatório da Indústria da Fiec. Uma outra aposta está no ensino superior, com inclinação para as áreas tecnológicas.

Atrativos: O agronegócio responde por 11,59% da economia do Sertão Central – com R$ 413,7 milhões de boa distribuição de água em seus reservatórios, a partir do Açude Banabuiú, terceiro maior do Estado, que tem aproximadamente 1,7 bi de m³ de capacidade. Destaque ainda para os reservatórios de Arrojado Lisboa, Pedras Brancas, Cedro, Choró, Fogareiro, Pirabibu e a Barragem do Quixeramobim, entre outros. “É uma região que, de fato, tem bons reservatórios, mas precisa de um polo de fruticultura, que quase não existe ainda”

Tríade: A bovinocultura leiteira, a ovino-caprinocultura e a avicultura (2º polo avícola do Estado, só perdendo para a Região Metropolitana de Fortaleza) são os motores da economia local, segundo Silveira. “Esses três polos fazem do futuro econômico da região do Sertão Central dos mais promissores”.

Ovino-caprinocultura: “Temos uma tradição muito forte na região, com a maior feira de comercialização de animais semanal na região, realizada na cidade de Quixadá, todas as quartas-feiras. É a maior feira para comercialização de produtos agrícolas e pecuários no Ceará”.

Iniciativa privada x setor público: “A maior parte dessas ações é tomada pela iniciativa privada. Mas Quixeramobim cultivou boas políticas públicas no passado e as mantém até hoje, para desenvolvimento da bovinocultura leiteira por intermédio de melhoramento genético. Em Senador Pompeu, há um movimento nos mesmos moldes. São duas cidades que incentivaram os produtores a fazer esse melhoramento e estão colhendo os frutos desse trabalho. Para que se tenha ideia, o rebanho de Quixeramobim é menor que o de Morada Nova (cidade do Vale do Jaguaribe). No entanto, aquele produz mais leite que este graças à qualidade genética”. 

Universidade e tecnologia: Com 6.549 matrículas (ano de 2018) nos cursos de graduação (de instituições públicas e privadas) e com a maior parte das instituições no município de Quixadá, a educação superior é vista como uma grande parceira do agronegócio no Sertão Central. “A informatização é um dos melhores caminhos para a boa gestão das empresas. A diminuição do espaço entre setor produtivo e pesquisa deve ser procurada sempre”, opina Amilcar Silveira, fazendo um elogio ao projeto Clusters Econômicos de Inovação, promovido pelo Governo Estadual.

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