Dados do Caged apontam movimentos dos empregos no Ceará

Por: Alexsandre Cavalcante* | Em:
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O objetivo nesse espaço é apresentar uma análise da dinâmica mensal e do saldo acumulado no ano dos empregos formais por grandes atividades e também por atividades econômicas no estado do Ceará. Apesar do resultado de maio ser negativo, já mostra sinais de recuperação das vagas, pois a redução de postos de trabalho ficou bem abaixo de abril.

Conforme os dados disponíveis, é possível notar que quatro das seis grandes atividades apresentaram saldos positivos em janeiro de 2020 (Serviços, Indústria Geral; Construção e Administração Pública). Em fevereiro, este número aumentou para cinco grandes atividades incluindo o Comércio, com a Agropecuária ainda registrando saldo mensal negativo de empregos.

Confira a evolução do saldo de empregos formais por atividades – Ceará – janeiro a maio de 2020

Em março, ao contrário do observado em fevereiro, cinco grandes atividades passaram a registrar saldo negativo de empregos puxados principalmente pela Indústria Geral e Serviços, em parte como consequência de fatores sazonais e também como resultado do início das medidas de isolamento social e restrição econômica adotadas no estado do Ceará, a exceção ficou por conta da Administração pública que registrou o terceiro saldo positivo no ano.

Com a introdução de medidas mais amplas de isolamento social, especialmente na Capital do Estado, todas as seis grandes atividades econômicas passaram a registrar saldo negativos de empregos em abril, cujo saldo negativo de empregos cresceu bastante, alcançando um patamar nunca visto antes na história do Caged para o referido mês.

Por fim, em maio, a continuidade das medidas de isolamento social agravaram ainda mais a crise no mercado de trabalho cearense quando cinco das seis atividades continuaram apresentando saldos negativos de empregos, a exceção da Administração pública, revelando que por três meses consecutivos todas as outras cinco atividades apresentaram redução de vagas de trabalho.

Serviços foi a atividade econômica que registrou o maior fechamento de vagas no mês de maio num total de 4.181 vagas, seguida pela Indústria Geral (-2.757 vagas) e Comércio (-2.308 vagas) para listar as três maiores. As atividades dos serviços que mais reduziram postos de trabalho no referido mês foram: Transporte, Armazenagem e Correio (-1.659 vagas) e Alojamento e Alimentação (-1.603 vagas). A Indústria de Transformação (-2.704 vagas) foi a grande responsável pelo fechamento de postos de trabalho da indústria.

Por outro lado, apenas duas atividades apresentaram saldos positivos de empregos em maio, Saúde Humana e Serviços Sociais (+1.221 vagas) pertencente a grande atividade da Administração Pública e Atividades Administrativas e Serviços Complementares (+1.014 vagas), pertencente a grande atividade de Serviços, mas especificamente no grupo de serviços privados.

Como resultado da dinâmica mensal, cinco das seis grandes atividades apresentaram saldo negativos de empregos acumulados até maio de 2020, Indústria geral (-13.343 vagas); Comércio (-13.157 vagas); Serviços (-11.146 vagas); Construção (-2.618 vagas) e Agropecuária (-1.615 vagas). A Administração Pública registrou saldo positivo de empregos num total de 4.490 vagas, resultando do saldo de empregos gerados nas atividades de Saúde Humana e Serviços Sociais (+2.792 vagas); Educação (+1.536 vagas) e Administração Pública, Defesa e Seguridade Social (+162 vagas).

A geração de vagas na atividade de saúde já era esperada por conta do aumento de contratações para atender a demanda por profissionais nos hospitais no combate a pandemia do novo coronavírus. O grande número de contratações de profissionais nos três primeiros meses do ano explica o saldo positivo da atividade de educação.

A redução de vagas na indústria geral foi provocada principalmente pelo número de postos de trabalho fechados na Indústria de Transformação que totalizou no acumulado do ano 13.326 vagas.

Das dez atividades que formam os serviços privados, sete registraram saldo acumulado negativo até maio de 2020, destacando-se o número de empregos perdidos na atividade de Alojamento e Alimentação num total de 8.035 vagas, sendo a terceira atividade mais impactada pelas medidas de isolamento social, abaixo apenas da Indústria de Transformação e da atividade de Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas. Outras duas atividades dos serviços privados muito impactadas foram o Transporte, Armazenagem e Correio (-2.793 vagas) e Artes, Cultura, Esporte e Recreação (-1.093 vagas).

Em suma, as medidas de isolamento social e de restrição do funcionamento do trabalho presencial em uma lista de atividades econômicas, mais especificamente aquelas de maior aglomeração de pessoas, adotadas em vários estados afetou drasticamente e de forma sistêmica também o mercado de trabalho cearense, que registrou número expressivos de redução de vagas de trabalho formal. O setor público agiu de maneira contra cíclica gerando novos postos de trabalho como resultado das medidas emergenciais adotadas no combate da pandemia.

* Mestrado Acadêmico em Economia e Doutorado em Economia (CAEN/UFC), especialista em Comércio Exterior e Mercado de Trabalho. É analista do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE)

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