Empreender no atual contexto exige criatividade, organização e muita adaptação. Isto se dá porque o mundo está cada vez mais imprevisível, volátil e incerto. As frequentes mudanças, ocasionadas pelas oscilações econômicas, desigualdades sociais e problemas ambientais, além do surgimento de doenças e pandemias com amplo poder de destruição de vidas, têm causado movimentos de reorganização da sociedade em diversos âmbitos. E quando olhamos esses impactos nas empresas, constatamos que esse cenário, embora se apresente como desafiador, pode trazer oportunidades.
As micro e pequenas empresas (MPE’s) podem olhar esse cenário sobre dois prismas. O primeiro é aproveitar o que as crises trazem de melhor: a oportunidade de inovar, de fazer o novo acontecer. O outro cenário é constatar que o modelo de negócio que sua empresa opera ficou desatualizado e que, portanto, não atende mais aos anseios de seus clientes. Neste segundo caso, a baixa nas receitas acabam por acarretar no fechamento de empresas.
Muitos estudos já foram realizados para explicar os motivos de algumas empresas fecharem as portas nos primeiros anos do negócio e é evidente que um fator que potencializa isso é a falta de gestão, que se materializa em uma série de equívocos que o empreendedor vai cometendo consciente ou inconscientemente no desenvolvimento do seu negócio.
Para destacar alguns: falta de uma projeção de caixa — o que torna a empresa vulnerável em períodos de turbulência ou de baixas vendas —; precificação errada, o que ocasiona vendas baixas ou margens baixas; ações mercadológicas desconectadas do que os clientes avaliam como valor em relação aos produtos/serviços da empresa; tomada de decisões erradas de investimento, o que muitas vezes deságua na má utilização do dinheiro; canais de venda e distribuição desalinhados com as necessidades dos clientes, dentre outros.
Em todos os casos, profissionalizar os negócios é um imperativo para que as empresas possam aumentar a sua competitividade e terem mais chance de sobreviver, e não sucumbir às crises. Um passo importante que os empreendedores podem dar neste sentido é aprender a utilizar as ferramentas de gestão disponíveis para profissionalizar os seus negócios.
Essas ferramentas podem trazer inúmeros ganhos, como monitorar o ambiente externo, avaliando os fatores que impactam no seu negócio, bem como ajudar o empreendedor a organizar a empresa internamente, agilizando o processo de tomada de decisão e trazendo velocidade para adaptar a empresa às mudanças de seus consumidores.
No campo da inovação a sistematização do design thinking como estrutura de pensamento, isso permite aos empreendedores conhecer melhor os reais problemas dos seus clientes e encontrar um caminho para a solução desses problemas baseado na colaboração, pesquisa e prototipação.
Do ponto de vista de gestão, profissionalizar os negócios será um imperativo de sobrevivência, isso envolve conhecer as ferramentas de gestão e saber utilizá-las. Os planejamentos deverão ser pensados com prazos menores, utilizando ferramentas ágeis. A rápida adaptação da equipe será fundamental.
Adaptação e aprendizagem também são essenciais para as empresas ganharem agilidade e velocidade. Além disso, se conectar com seus clientes, entendendo as formas de gerar e entregar valor, são fundamentais não apenas para se vender, mas para construir relacionamentos mais profundos e duradouros.
* Coordenador do Escritório de Gestão Empreendedorismo e Sustentabilidade – EGES (Universidade de Fortaleza)