A criação de aves no Ceará tem se destacado principalmente na produção de ovos, ocupando o sétimo lugar na lista dos maiores produtores do Brasil e o terceiro do Norte e Nordeste. De acordo com João Jorge Reis, presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), a produção é basicamente para atender às demandas do Estado […]

Avicultura: desafios e oportunidades da 3ª maior produção agropecuária do Ceará

A criação de aves no Ceará tem se destacado principalmente na produção de ovos, ocupando o sétimo lugar na lista dos maiores produtores do Brasil e o terceiro do Norte e Nordeste. De acordo com João Jorge Reis, presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), a produção é basicamente para atender às demandas do Estado no setor. “É um dos nossos privilégios: nós estamos onde o consumidor está. A população em geral, tanto na capital, quanto no interior, consome muitos ovos. A gente também exporta em torno de 10, 20% da produção para outros estados”, diz. “Temos grandes produtoras na Região Metropolitana, próximas à Fortaleza, e em regiões mais afastadas, como Ubajara, Quixadá também”, completa.


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Outra vantagem da avicultura cearense, segundo João Reis, é o clima propício à produtividade das aves. “Apesar de quente, temos um clima estável. E também temos tecnologia para baixar a temperatura e dar um melhor conforto para as aves”, afirma. Essa, inclusive, é uma das grandes diferenças em relação aos outros estados, que têm uma grande variação de temperatura.

Desafios

Embora o Ceará seja autossuficiente na produção de ovos, o Estado só atinge 50% do mercado interno da carne de frango. A outra metade vem principalmente do Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país. “Isso acontece devido às faltas de condições competitivas na aquisição de insumos necessários para essa produção”, pontua João Reis. “Embora tenhamos um recorde na produção de grãos como soja e milho, necessários para a alimentação das aves, eles estão muito destinados a outros países, sobretudo China e Oriente Médio, o que aumenta nosso custo”, afirma.

Quem também confirma essa dificuldade na obtenção dos insumos é Airton Carneiro, CEO da Avine, uma das empresas associadas à Aceav e que faz parte da vertente de postura de ovos no mercado. “O Brasil está em uma crise enorme de preço de insumos, sobretudo soja e milho. Como o nosso maior custo é a ração, o alto preço dos insumos impactou demais os custos. E como o setor tem muito concorrente e pouco planejamento, acaba tendo dificuldade de fazer os repasses para o custo final. O fato é que os dois insumos principais componentes da ração, e a ração é mais da metade do custo do produto avícola, estão aproximadamente o dobro do preço”, comenta.

Uma das possibilidades de amenizar os custos e melhorar a logística dos insumos é a conclusão das obras de construção da Ferrovia Transnordestina. “Existe uma esperança muito grande que a gente venha a crescer com a redução do frete dos insumos, que chegam de caminhão, criando melhores condições para avançar, estando em condições mais competitivas”, esclarece o presidente da Aceav, João Reis.

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De acordo com a Aceav, o Brasil hoje é o maior exportador de frango do mundo por conta da qualidade da carne. As aves são conhecidas internacionalmente por serem sadias, principalmente porque a gripe aviária não chegou a atingir os animais do país.

Avicultura caipira

Além da avicultura industrial, outro mercado paralelo à essa atividade é o da criação de aves caipiras. Esse outro nicho de mercado, que engloba desde o consumo de frangos caipiras em restaurantes, feiras livres e merenda escolar ao consumo de ovos caipiras em mercados institucionais, configura-se pela criação de aves com coloração de penas por pequenos produtores. “É um serviço que a gente ainda não tem muitos dados estatísticos, mas toda cidade, todo interior tem produtores criando os frangos e as galinhas caipiras. A produção da carne, que é o frango caipira, e a produção do ovo, que é a galinha caipira”, explica André Siqueira, economista e presidente do Sindicato das Indústrias da Alimentação e Rações Balanceadas no Estado do Ceará (Sindialimentos).

Para André, a avicultura caipira tem desempenhado um papel de relevância por envolver um número grande de produtores. “Diferentemente da avicultura industrial, que está concentrada em um número menor de granjas, que produzem o frango industrial e o ovo industrial, na avicultura caipira nós temos muitos pequenos produtores. Na avicultura industrial, são poucos grandes produtores. É uma situação bem inversa”, pontua.

Atualmente, a criação de aves caipiras está presente em todos os municípios do Ceará. As aves são criadas em um sistema semi-intensivo, onde não ficam confinadas em gaiola, e têm ainda acesso à alimentação diferenciada, complementada por gramíneas, leguminosas, verduras, restos de frutas e hortaliças.

Perspectivas futuras

O Ceará é estratégico para conseguir alcançar o mercado internacional devido à posição geográfica do Brasil. Mas João Reis pontua que o Estado ainda não alcança uma produção suficiente para atender essa demanda dentro do setor. “É preciso estabilizar a questão dos insumos, dos investimentos em logística, em estrada. A curto prazo, temos muitos fatores adversos para enfrentar. Mas a médio, longo prazo, nós acreditamos que a avicultura no Ceará vai crescer muito e que poderemos ter um cenário bastante favorável ano que vem. Acreditamos que a avicultura vai ser muito importante para o nosso estado, projetando um crescimento fantástico. Essa é a nossa visão”, complementa.

Airton Carneiro também aposta no crescimento do setor. “Se a gente voltar uns 12 anos, o Brasil consumia aproximadamente 187 ovos por habitante anualmente, onde a média mundial é na faixa de 250, 270 ovos por habitante por ano. Isso veio avançando. O consumo brasileiro já chegou na casa dos 230 ovos por habitante e, em 2021, deve encostar nos 250 e a gente chega mais ou menos na média mundial”.

A avicultura caipira também visualiza um crescimento no nicho de mercado. “A gente aprovou, com o apoio da Federação das Indústrias (Fiec) e do Sebrae e da Adagri, plantas arquitetônicas de abatedouro e de entreposto de ovos para poder fomentar essa cadeia produtiva. Então, a gente espera que, com o apoio que as entidades têm dado, mais produtores empreendam nessa área e haja fornecimento para o próximo ano”, resume.

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