A adoção de um estilo de vida saudável, contemplando uma dieta rica em alimentos naturais, impulsiona um mercado que no Ceará tem se tornado cada vez mais crescente: a fruticultura. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua Pesquisa Agrícola Municipal de 2019, lançada em outubro deste ano, o Estado se destaca na produção de castanha de caju, tendo a maior do Brasil. As mais de 85 mil toneladas do produto alcançam um valor em torno de R$ 256 milhões, tornando o cenário econômico cearense animador quando se trata dessa lavoura.
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Além da castanha de caju, com 18% de produção, outros quatro produtos correspondem a mais de 90% dos cultivos fixos do Ceará. São eles: banana (31%), maracujá (23,4%), coco-da-baía (11,3%) e mamão (7,8%). De acordo com Edson Brok, presidente da Câmara Temática da Fruticultura e diretor geral da Tropical Nordeste, “o Ceará tem um potencial muito grande com a fruticultura, principalmente a tropical irrigada, porque nós temos um clima muito favorável, com sol praticamente o ano inteiro. Temos ainda mão-de-obra abundante, que é algo que a fruticultura também necessita. Outra coisa é a questão muito favorável de logística. As áreas de produção são muito próximas aos portos. E os nossos portos são próximos dos destinos finais dos produtos. Tudo isso faz com que a gente tenha realmente um grande potencial nesse setor”, explica.
Para a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), a produção de frutas no Ceará tem a perspectiva de dobrar nos próximos cinco anos, aumentando a exportação de itens. Apesar da longa estiagem, que entre os anos de 2012 e 2016 reduziu a produção de frutas, a visão de um futuro promissor se mantém otimista. Por exemplo, nesse período, a Área de Atuação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) reduziu cerca de 16% a produção de frutas, o que representa aproximadamente 1,7 milhão de toneladas, de acordo com estudos de Maria de Fátima Vidal, engenheira agrônoma e pesquisadora do Escritório de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), do BNB. Mas os últimos anos têm modificado essa realidade, trazendo chuvas e, com isso, segundo dados do IBGE, colocando o Ceará como quinto maior produtor agrícola da Região Nordeste graças ao fortalecimento da fruticultura.
Projeções do mercado
O diretor institucional da Associação das Empresas Produtoras Exportadoras de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, pontua que a participação do Estado é fundamental para fortalecer o mercado nesse momento. “Se nós tivermos uma desburocratização dessa área, eu estimo que a gente vá acabar cada vez mais os problemas. Hoje nós enfrentamos problemas diariamente que se resolvem no próprio dia a dia. Mas falta uma política do sistema. Por exemplo, a fiscalização hoje não é feita dentro da produção, é feita quando chega no porto ou aeroporto. E isso não é muito sensato. É mais fácil fiscalizar as fazendas e ter segurança alimentar do que que ter fiscalização em vários portos e aeroportos, com uma burocracia tremenda. A gente tem que apostar e ser positivo nesse futuro. Se o Estado começar a descentralização e desburocratização do processo, facilitará nossa vida”, analisa.
Para a Abrafrutas, uma das vantagens do Ceará é ter o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, que é o principal porto exportador de frutas no Brasil. A Companhia Docas do Ceará, que está à frente Porto de Fortaleza, conhecido principalmente como Porto do Mucuripe, também acompanha a exportação de frutas de perto. Esse ano, a safra começou no mês de setembro e deve ir até janeiro de 2021. As projeções no mercado apostam que pelo menos 63 mil toneladas de frutas devam sair do porto para outros países até o mês seguinte, fevereiro.
“Eu acho que, com a retomada das chuvas normais, que são cíclicas, e a questão da transposição, vamos ter uma segurança maior. O futuro próximo do Ceará é muito positivo em termos de exportação. Porque segurança alimentar nós temos. E também já existe uma política federal da fruticultura no Nordeste. Além disso, muitos estados estão interessados na nossa produção. Isso é muito importante. Com a segurança da transposição, conseguiremos crescer nos próximos anos”, avalia Edson Brok, presidente da Câmara Temática da Fruticultura e diretor geral da Tropical Nordeste.
Luiz Roberto Barcelos também enxerga 2021 com bastante otimismo. “A pandemia trouxe um ano atípico, mas o agro não parou, a fruticultura principalmente. Principalmente por conta de alimentos ricos em vitaminas que reforçam o sistema imunológico. As pessoas mudaram o ritmo de vida, ficaram mais em casa, e fruta é o tipo de alimento que é mais consumido nesse local. O consumo foi bastante positivo e vai continuar existindo. Tudo faz crer que teremos um bom ano”, comenta.