Quando o assunto é animais de estimação, o Brasil ocupa lugar de destaque. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o país é o terceiro maior do mundo em número total de pets e o quarto maior em faturamento. Em 2019, a população desses animais era de 141,6 milhões e o faturamento só da indústria pet chegou ao total de R$ 22,3 bilhões.
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O Ceará vem acompanhando essa tendência. Segundo o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Pet Shops, Canis, Clínicas Veterinárias, Escolas de Adestramento de Animais Domésticos e Hotéis para Animais (Sindpetshop-CE), o Estado tem cerca de 3.500 empresas, somando os serviços de banho e tosa e clínicas veterinárias.
“No meio de uma crise econômica, o segmento pet está crescendo aqui. Exemplo disso foi a recente inauguração de duas empresas de grande porte no mercado. Temos também outras para serem inauguradas em breve”
Diego Braga, presidente do Sindpetshop-CE
A principal razão apontada para esse crescimento do setor é a mudança cultural na relação da sociedade com os animais de estimação. Para Jonny César Oliveira, articulador do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (Sebrae/CE), as pessoas estão investindo mais nos cuidados com o bem-estar e a saúde dos pets.
“A ascensão da classe média há 10, 15 anos, somada à mudança de cultura do brasileiro, do cearense, de olhar para o bichinho de estimação realmente como parte da família, impactou o segmento. Essa mudança de visão, atrelada à melhoria da renda, fez com que o mercado pet despontasse mais. Realmente, as pessoas estão investindo, gastando mais dinheiro e tendo mais cuidado com seus pets. E isso expande bem mais os serviços”
Jonny César Oliveira, articulador do Sebrae/CE
Oportunidades
Segundo Diego Braga, presidente do Sindpetshop-CE, a maioria das lojas do segmento manteve o seu quadro de funcionários durante a pandemia. “Houve um aumento nesse número de pessoas inclusive por causa da entrega delivery, que cresceu muito”, destaca. “Além disso, também fomos um setor que teve a oportunidade de retomar mais cedo as atividades”. Grandes marcas atuantes no mercado pet cearense, como a Cobasi e a Mundo Pet, por exemplo, fortaleceram os serviços de compras on-line. Só no primeiro trimestre de 2020, as vendas de e-commerce cresceram 65,57% no Brasil, de acordo com dados do Instituto Pet Brasil (IPB).
O articulador do Sebrae/CE Jonny César Oliveira avalia também o cenário que fez os setores se adaptarem melhor ao momento da pandemia. “Esses segmentos fizeram basicamente três itens. Primeiro, começaram a atender mais on-line, abrindo canais de diálogo com os consumidores. Passaram também a fazer delivery, focando mais nesse serviço. E, ainda, adequaram seus horários às possibilidades. O mercado pet foi um desses segmentos”, diz.
E os números têm sido animadores. De acordo com a Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec), 959 empresas foram abertas, desde o início do ano até agora, com atividades relacionadas ao mercado pet, como alojamento, higiene e embelezamento, comércio varejista de animais vivos, de artigos e alimentos e de medicamentos veterinários. Considerando o início da pandemia no Estado, quando os primeiros casos foram confirmados em março deste ano, 803 novos CNPJs foram abertos durante o período, o equivalente a 84% do número total. A comparação entre o terceiro trimestre de 2020 com o ano de 2019 demonstra ainda a velocidade de crescimento do setor: o aumento de novas empresas cearenses foi de 48%.
Tendências
Entre as categorias do mercado pet, Diego Braga, acredita que os serviços de banho e tosa têm o maior potencial de crescimento. Jonny Oliveira também avalia a prestação de serviços como a maior tendência para o mercado. “As pessoas têm cada vez mais estima pelos seus pets. Mas têm cada vez menos tempo. Então, todo aquele serviço que fizer os donos de bichinhos de estimação ganharem tempo, com certeza vai ser um diferencial”, indica.
Como exemplo, o articulador do Sebrae/CE cita os serviços de delivery, pacotes de assinatura de ração, ou banho e tosa onde o próprio estabelecimento vai buscar e deixar o animal em casa. “Agora, não vejo ser uma tendência atividades de indústria, como a produção de ração. Isso já é muito consolidado. Mas a prestação de serviços tem muito a desbravar. Quem for pioneiro, vai surfar essa onda primeiro e vai ter bons frutos”, ele aposta.
Marco regulatório
Segundo a Agência Senado, o marco regulatório de animais de estimação no Brasil (PL 6.590/2019) está em análise na Comissão de Meio Ambiente do Senado. O autor é o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS). A proposta busca garantir a proteção animal e auxiliar no desenvolvimento dos segmentos econômicos ligados ao setor. Para Jonny Oliveira, o projeto pode fortalecer ainda mais o mercado pet.
“É muito bom e positivo que as pessoas conversem, coloquem esse tema em debate público. E isso, para os pequenos negócios e o segmento em si, é excelente, porque coloca na mídia esse segmento tão importante. É um mercado muito promissor: o Brasil tem uma das maiores populações de pet do mundo. Esse marco regulatório é só mais uma comprovação do quanto nós, como população e sociedade, estamos dispostos a conversar sobre esse assunto”, finaliza Jonny Oliveira.