Mesmo com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, a economia do Ceará vem transitando em uma recuperação satisfatória. Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado fechou o terceiro trimestre de 2020 com uma alta de 16,7% em relação ao trimestre anterior (-13,45%).
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A comparação com o mesmo período no ano de 2019 mostra o PIB cearense negativo (-1,32%). Mas, de acordo com Nicolino Trompieri, analista de Políticas Públicas do Ipece e doutor em Economia, esses números podem ser observados sob uma perspectiva otimista. “Tivemos um crescimento muito intenso em relação ao trimestre anterior, que sofreu um forte efeito negativo da pandemia, que é reflexo do processo de reabertura. Estamos passando pela chamada recuperação em V, quando há um ritmo de crescimento expressivo após uma grande queda”, diz.
Os dados do PIB trimestral de 2020 do Ceará apontaram o setor industrial com a melhor recuperação até agora (41,57% da taxa de crescimento). De acordo com o Índice de Desenvolvimento Municipal de 2018, também apresentado pelo Ipece, os municípios de Fortaleza, Maracanaú e São Gonçalo do Amarante foram apontados como os principais para o fortalecimento do setor.
“Os três municípios apresentam características fundamentais na explicação desse resultado. Maracanaú possui o Distrito Industrial, que permite a formação de clusters associados predominantemente à indústria têxtil, isto é, conglomerados industriais próximos geograficamente que ganham escala justamente por menores custos de informação compartilhada e escala. Por sua vez, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e o Complexo Portuário do Pecém estão localizados em São Gonçalo do Amarante, sendo foco de forte desempenho da Metalurgia, com papel fundamental nas exportações do Estado, uma contribuição também da competitividade oriunda da Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Já Fortaleza continua sendo polo de confecções, concentrando mais de 40% do emprego na Indústria de Transformação na capital em 2018”
David Guimarães, pesquisador do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec)
Entre os números do PIB cearense de 2018, o município de São Gonçalo do Amarante alcançou a maior renda per capita do Estado do Ceará, figurando inclusive entre os 100 maiores PIBs per capita do Brasil.
“Esse resultado foi a conjunção de dois fatores: a concentração de grandes empreendimentos no município, tais como o Porto do Pecém, a usina siderúrgica CSP, um dos maiores empreendimentos privados do País, dentre outros, combinados com uma população que ainda não é muito grande, de cerca de 50 mil habitantes. Os impactos na economia do Estado são representativos, melhorando significativamente os números da economia cearense e aumentando a exportação de produtos daqui em mais de 50%”
Victor Ponte, secretário de Desenvolvimento Econômico de São Gonçalo do Amarante
Expectativas
Segundo o Ipece, as projeções para 2021 apontam o crescimento do PIB estadual (3,70) maior que o nacional (3,50). Nicolino Trompieri explica que o próximo ano será de recuperação, como chamado “crescimento em V”. “Isso significa que, após uma recessão rápida, em seguida começa um processo de recuperação econômica”. Para ajudar na configuração dessas expectativas, a análise do IDM pode orientar os possíveis investimentos no Estado.
Além de apresentar indicadores que apresentam o desenvolvimento dos municípios a partir de grupos, como fisiográficos, fundiários e agrícolas; demográficos e econômicos; infraestrutura de apoio e social, de acordo com o analista do Ipece Alexsandre Cavalcante, o IDM de 2018, apesar de ser uma fotografia do cenário analisado, traz uma grande vantagem. “Essas quatros dimensões servem para orientar o investidor que quer trazer o negócio para o estado do Ceará. Ele vai poder olhar aspectos demográficos, informações sobre a localidade, infraestrutura, para escolher a melhor forma de investimento”, explica.