Terceiro maior exportador de mármores e granitos do Brasil, com uma participação de 3%, depois do Espírito Santo e Minas Gerais, o Ceará deverá atrair 10 novas empresas para o Estado nos próximos cinco anos. Com isso, poderá ampliar as exportações dos atuais US$ 23,3 milhões (até novembro) para US$ 100 milhões, o que lhe dará a segunda colocação no ranking nacional do setor. No mercado interno, a expectativa também é favorável sinalizando um 2021 bastante próspero.
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O presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (Simagran), Carlos Rubens Alencar, considera que o avanço se deve à grande visibilidade que o setor vem tendo dentro e fora do País. Mais da metade (56%) do volume total exportado é de blocos, notadamente quartzitos in natura, mas ele acredita que é possível ampliar o beneficiamento local no próximo ano, com agregação de valor, já que vem sendo aumentada a capacidade de desdobramento das rochas. Os municípios cearenses que mais exportam são Caucaia, Santa Quitéria e Uruoca.
“Além de deter, em suas minas, dentre outras, a Taj Mahal, a mais desejada rocha que se tornou grife internacional, o Estado tem disponibilidade de espaço, na segunda fase da Zona de Processamento de Exportações (ZPE), para abrigar novos empreendimentos do setor de minerais. As maiores empresas extratoras e de transformação de pedras já estão aqui e outras tantas estão a caminho”
Carlos Rubens Alencar, presidente do Simagran
Também diretor da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Alencar vê no segmento um importante caminho para o fortalecimento da economia local. CEO da Head Participações, ele explica que a mineração presta uma relevante contribuição ao desenvolvimento mais harmônico do Ceará, por se localizar em zona rural, onde gera empregos. Sem risco de aglomerações, a extração de rochas não paralisou as atividades nem durante a pandemia e está pronta a garantir o abastecimento para a indústria que transforma o material em pisos, paredes e bancadas pela construção civil.
Nesse sentido, a vice-presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior e gerente do Centro Internacional de Negócios da Fiec, Ana Karina Paiva Frota, diz que embora o setor não esteja entre os 10 maiores na pauta exportadora cearense, foi o que registrou maior crescimento recente, mesmo em pandemia, na contramão de todos os demais setores tradicionais como aço, cera de carnaúba, etc.
“A se confirmar a vinda de empresas para a ZPE, a expectativa é de continuado e expressivo avanço do setor que tem rochas diferenciadas e demanda mundial”
Ana Karina Paiva Frota, vice-presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior
Ela lembra que este segmento vem se consolidando rapidamente. Há menos de 10 anos eram apenas seis empresas em atividade, número que foi duplicado mais recentemente por força da qualidade e da articulação do setor que promoveu feiras especializadas atraindo importadores.
A opinião é compartilhada pela secretária executiva da Indústria da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet). Roseane Medeiros diz que o setor de rochas ornamentais está alinhado com as políticas de incentivos já existentes na ZPE para contribuir grandemente para o crescimento da economia local.
“Dispomos de matéria-prima abundante e temos empresas que atuam no mercado externo”
Roseane Medeiros, secretária executiva da Indústria da Sedet
No Brasil, o Espírito Santo concentra a produção de rochas ornamentais e responde por mais de 80% das exportações. Com uma longa trajetória nesta área, o estado exporta US$ 828 milhões do total nacional que ultrapassou a marca de US$ 1,0 bilhão faturado em 2019, impulsionada justamente pela força capixaba no segmento no cenário internacional e pela riqueza geológica brasileira.
Com 1.600 empresas e 25 mil empregos diretos, o setor no Espírito Santo está distribuído em 78 municípios e responde por algo em torno de 10% do PIB estadual. As rochas ornamentais extraídas no Brasil são embarcadas para 125 países como Estados Unidos, China, Itália, México e Reino Unido.
A tendência é que esta atividade ganhe ainda maior peso na economia do País e dos Estados produtores – ES, MG e CE juntos respondem por 95,3% de toda a exportação de rochas ornamentais no País.
A convergência de interesses e de forças virá do acordo firmado no final de 2019 pelos três Estados para gerar uma agenda positiva. O suporte técnico será, além do Simagran-CE, do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais, Sindicato das Indústrias de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Estado do Espírito Santo e Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Beneficiamento de Mármores, Granitos e Rochas Ornamentais no Estado de Minas Gerais. O presidente do Simagran-CE defende a criação de um plano de ação para tirar as ideias da teoria para a prática.