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Cultivo do alho ainda é desafio, mas tem potencial de mercado no Ceará

Fundada em 2003 e instalada em Caucaia, a Alimempro Produtos Processados foi pioneira no beneficiamento de alho no Ceará. A empresa transforma 30 toneladas mensais do alho roxo nobre produzido nas regiões Centro-Oeste e Sul. FOTO: Divulgação/ Anapa

O mercado de alho no Brasil tem um enorme potencial de crescimento pela disponibilidade de área e pela qualidade do solo e do clima. Mesmo assim, está ainda distante dos principais produtores e exportadores, ocupando apenas a 16ª colocação no ranking mundial. A lista é encabeçada pela China que também ocupa o primeiro lugar em exportações com 185 milhões de caixas de 10 quilos/ano, seguida da Espanha com 16,5 milhões e da Argentina com 10 milhões. No Brasil, a produção está concentrada no Sul e Cerrado, que em apenas seis anos passaram de uma produção de 93,7 mil toneladas em 2014 para os atuais 184,5 mil toneladas . A tecnologia e a irrigação são aliadas das demais regiões para enfrentar a adversidade climática e multiplicar ainda mais a produção nacional.


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As expectativas para o mercado brasileiro, no entanto, são promissoras. O presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Rafael Jorge Corsio, informa que o Brasil dobrou a projeção inicial de crescimento de 1.000 para 2.000 hectares/ano plantado já em 2021, quando chegará a 16 mil hectares. Também antecipará em um ano (era de cinco), a meta de abastecer 70% do mercado, que atualmente é de 50%. O restante é importado, notadamente da China, que reponde por 79% do mercado mundial.

Convém lembrar que o Brasil já respondeu por 90% do consumo nacional até 1993, quando iniciou uma volumosa entrada do alho chinês que reduziu o abastecimento para 20%. Foi quando foi comprovada a prática do dumping há muito combatida pelos produtores brasileiros que operam em desigualdade de condições em termos de impostos e de restrições ambientais. “A prática ainda persiste avalizada por alguns magistrados causando danos e prejuízos ao País”, afirma o presidente da Anapa.

Maiores produtores de alho no Brasil

Apesar da concorrência desleal e da pandemia, Corsio está animado com o momento favorável para o produto brasileiro, dada a sua alta qualidade. Ele enaltece o alho como alternativa de composição de renda pelo seu alto valor agregado. “O mesmo agricultor familiar que planta, também produz a réstia e vende o alho nas feiras e quitandas”, diz ele, ao acrescentar que o plantio de alho ocupa 16 trabalhadores por hectare. No País, a atividade emprega 224 mil pessoas.

Essa característica, segundo a Anapa, abre a possibilidade de regiões não produtoras se juntarem ao Piauí, que mesmo sem o clima frio adequado ousou entrar nesse mercado. “Temos terra, água e gente corajosa”, afirma o presidente, comentando que é preciso desenvolver projetos neste sentido.

“A Associação está de braços abertos à iniciativa que vai beneficiar todo o interior brasileiro e os chamados cinturões urbanos”

Rafael Jorge Corsio, presidente da Anapa

Quem também defende esta mesma estratégia é o secretário executivo de Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento e Trabalho do Ceará (Sedet), Sílvio Carlos Ribeiro. A seu ver, a produção local de alho – que encontra o entrave do clima – necessitaria de pesquisas em algumas regiões combinando com a irrigação.

“Um desafio interessante, haja vista a produção de trigo, que deu bons resultados este ano no Estado”

Sílvio Carlos Ribeiro, secretário executivo de Agronegócio da Sedet

Empresa pioneira no beneficiamento no Ceará

Fundada em 2003 e instalada em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, a Alimempro Produtos Processados foi pioneira no beneficiamento de alho no Ceará. A empresa transforma 30 toneladas mensais do alho roxo nobre produzido no Centro-Oeste (safra de julho a dezembro) e Sul (entressafra de dezembro a maio), que são comercializadas junto a atacadistas, hospitais, restaurantes, supermercados e cozinhas industriais de todo o Brasil.

O diretor comercial Isaac Bley diz que pela qualidade, procedência e solo fértil, a cultura brasileira tem o reconhecimento mundial. “O nosso Alho Roxo Nobre tem nome e sobrenome”, observa ele, em contraponto à concorrência predatória da China, que responde por 90% da produção mundial.

“Pela alta concentração de alicina, um dente de alho nacional equivale a cinco dentes do produto chinês”

Isaac Bley, diretor comercial da Alimempro

A boa notícia é que o alho processado pela Alimempro poderá ganhar o mercado externo a curto prazo, credenciada pela qualidade do produto e sustentada pela credibilidade de premiações nacionais como Boas Práticas de Fabricação, Selo Programa Alimento Seguro e a ISO 22000 e, ainda, com a certificação internacional HACCP. Também no entendimento de Isaac Bley, o Estado poderia se capacitar a beneficiar maior volume e até fazer uma experiência de produção local olhando para a serra como uma oportunidade de geração de empregos e valorização dos produtores familiares.

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