O maior investimento em tecnologia e inovação desenha um cenário novo e promissor para a economia do Ceará. A estratégia de tornar o Estado um hub de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), somada à posição geográfica privilegiada, tem atraído não só o olhar, mas também aportes significativos por parte de investidores. Fortaleza, por exemplo, […]

Tecnologia e inovação redesenham economia cearense

O maior investimento em tecnologia e inovação desenha um cenário novo e promissor para a economia do Ceará. A estratégia de tornar o Estado um hub de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), somada à posição geográfica privilegiada, tem atraído não só o olhar, mas também aportes significativos por parte de investidores. Fortaleza, por exemplo, virou um polo de concentração de cabos submarinos. Já são 15 deles conectando a cidade ao mundo. Ao mesmo tempo, empresas de serviços digitais colocam a capital cearense no radar dos grandes data centers internacionais. Soma-se a isso, os milhares de quilômetros de fibra ótica cruzando o estado, formando o chamado Cinturão Digital. Uma teia de conexões capaz de gerar capilaridade e um leque enorme de oportunidades de negócios.


Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente.


“A tecnologia da informação e comunicação é uma área meio. Necessária para a grande maioria das atividades econômicas. Nesse sentido, o Estado se coloca com um diferencial competitivo exatamente por possuir essa infraestrutura digital”

Adalberto Pessoa, presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice)

De acordo com ele, nos últimos dez anos, o Estado investiu de forma maciça na construção de uma ambiência digital totalmente diferenciada em relação aos outros estados brasileiros, elevando a competitividade na atração de investimentos. “Hoje, temos o Cinturão Digital, que já é composto por mais de 14 mil quilômetros de fibra ótica, chegando aos 184 municípios do Estado, atendendo a diversas demandas de serviços públicos como escolas, hospitais, postos de saúde, segurança pública, entre outros, assim como da iniciativa privada”, ressalta.

Segundo Pessoa, isso refletiu no número de empreendedores e na geração de mais emprego e renda. “De 2015 para cá surgiram mais de 500 provedores de acesso à internet espalhados pelo Estado, empregando mais de quatro mil pessoas, girando, só no ano passado, cerca de R$ 1 bilhão na economia cearense”, destaca.

“Além do que, parte desses provedores, principalmente os de médio e grande porte, que conseguiram concessão de pares de fibra ótica do Cinturão Digital, acabaram se tornando provedores de âmbito regional, pois construíram, a partir daí, suas próprias redes. Para se ter uma ideia, o Governo do Ceará investiu, inicialmente, em oito mil quilômetros de cabos de fibra ótica no Cinturão Digital. Porém, os três maiores provedores instalados no Ceará têm hoje mais de 25 mil quilômetros de cabos de fibra ótica, ou seja, três vezes mais”

Júlio Cavalcante, secretário executivo de Comércio, Serviços e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará (Sedet)

Atualmente, além do Ceará, esses provedores de acesso à internet cobrem outros estados do Nordeste, como Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Maranhão e até estados do Norte e Centro-Oeste. “Tudo interligado a partir do Ceará, tornando o Estado um grande centro de internet de alta velocidade e hub de comunicação de dados que conecta o país a diversos continentes”, afirma. Segundo Cavalcante, nos últimos cinco anos, o Governo do Ceará investiu R$ 70 milhões só no Cinturão digital. Soma-se a isso mais R$ 3 milhões nos corredores digitais.

“Já em 2021, deverão ser aplicados mais R$ 4 milhões no primeiro ciclo do Programa de Clusters Econômicos”, adianta.

Para ele, não se pode deixar de mencionar os recursos investidos nas 122 escolas profissionalizantes do Estado. “Elas formam muitos profissionais em tecnologia da informação e comunicação. Assim como devemos enaltecer os investimentos federais, em universidades, institutos federais de educação e das instituições de ensino privadas, que também colaboram para o setor no Ceará”, fala.

Na avaliação de Pessoa, a infraestrutura de comunicação de dados tem o peso equivalente ao fornecimento de energia, hoje.

“Então, se nós não tivéssemos essa infraestrutura digital, nós não conseguiríamos fazer com que houvesse a atração devida de empresas, para que elas pudessem investir de forma mais produtiva e menos concentrada. Essa estratégia do Estado possibilitou a interiorização e a nossa capacidade de receber investimentos e de fazer com que os negócios se desconcentrassem das grandes regiões urbanas. Isso é fundamental para o desenvolvimento econômico equilibrado e para que se possa reduzir as desigualdades sociais que permeiam, não só o Ceará, mas o país de forma generalizada”, diz.

Na mira dos data centers

De acordo com Júlio Cavalcante, toda essa infraestrutura soma-se ainda à estratégia do Governo do Ceará de atrair grandes data centers a nível global para o território cearense. Conforme o secretário executivo da Sedet, já existem várias negociações envolvendo empresas que atuam nos segmentos de data centers, bem como empresas que atuam no segmento de computação em nuvem.

“O poder público estadual não tem mais data center próprio, passando a usar o serviço em nuvem. Dessa forma, o governo terceirizou o serviço, por meio dos datas centers atraídos para cá. Esse processo é assessorado pela Etice. Com isso, o Ceará gera mais segurança e ganha em escala, reduzindo custos”, justifica Cavalcante.

Segundo Adalberto Pessoa, presidente da Etice, o Ceará conta hoje com um ecossistema voltado à área de computação em nuvem, que congrega os maiores provedores mundiais desse tipo de serviço. “A AWS, que é Amazon Web Service; a Microsoft; a Google; a Oracle e a IBM, por exemplo, já estão estudando potenciais investimentos no Ceará no segmento de computação em nuvem”, afirma.

As oportunidades ampliam não só a nível governamental, mas também na geração de novos investimentos privados por meio de empresas de tecnologia da informação e comunicação que querem estar instaladas próximas aos cabos. Dessa forma, a oferta de serviços tende a aumentar. Conforme o secretário executivo da Sedet, isso ocorre em razão da contrapartida definida pelo Estado para que as empresas terceirizadas para prestação do serviço de armazenamento de dados em nuvem invistam em território cearense o mesmo valor contratado junto ao Governo do Ceará. Seja por meio de data centers próprios ou contratados para serem instalados em solo cearense.

“Ao mesmo tempo, essas empresas devem transferir tecnologia, capacitando pessoas por meio das nossas instituições de ensino. E, por fim, devem ajudar a acelerar startups cearenses que queiram trabalhar com a tecnologia de armazenamento de dados em nuvem. Essa contrapartida vai ao encontro da política educacional e de inovação do Ceará, da interiorização do ensino, reforçando, assim, o investimento no capital humano. É uma estratégia toda integrada a partir dessa conectividade”, enfatiza Júlio Cavalcante.

Referência na captação de investimentos

Por meio de um processo de transformação digital, colocando a infraestrutura logística e tecnológica como uma prioridade para a sua economia, o Ceará tende a tornar-se referência nacional no que se refere à captação de investidores. Para a gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Karina Frota, o apoio de uma infraestrutura tecnológica inteligente garante não só ao Governo, mas à iniciativa privada, entregar resultados melhores diante de qualquer cenário.

“Isso torna o Ceará mais inovador e flexível, o que é fundamental para tracionar a economia estadual. Além disso, o Estado pode se tornar uma referência nacional no que se refere à captação de investidores, principalmente estrangeiros, por conta não apenas da tecnologia da informação e comunicação, mas também por conta do seu crescimento econômico, da inclusão social, da educação, onde o Ceará já é referência na questão das escolas públicas e das instituições sólidas”

Karina Frota, gerente do CIN/ Fiec

Ao mesmo tempo, tendo em vista a atração de investimentos privados e as oportunidades em setores estratégicos, há ainda o papel da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará. “A ZPE Ceará é única em funcionamento no país, e, sem dúvida alguma, em termos de economia nacional, o Ceará se projeta como um destino seguro para potenciais investimentos”, afirma Karina Frota.

De acordo com Duna Uribe, diretora executiva comercial do Complexo do Pecém, do qual a ZPE faz parte, a criação de um ecossistema inovador acaba fortalecendo investimentos que, complementando os benefícios fiscais ofertados em área de ZPE, o Complexo do Pecém fica com um ambiente ainda mais favorável para atração de novos negócios.

“O maior investimento em tecnologia da informação que estamos vendo no Estado é uma excelente estratégia, pois os segmentos que precisam de maior conectividade também possuem maior valor agregado, trazendo mais benefícios para a região. Setores como energia renováveis, produção de máquinas e equipamentos, alimentos in natura e processados, serão naturalmente beneficiados. Podemos citar também o interesse maior para empresas de desenvolvimento de dispositivos eletrônicos e, conectado a isso, o setor de serviços de tecnologia ampliando o espaço de inovação no Ceará”

Duna Uribe, diretora executiva comercial do Complexo do Pecém

Foco nos clusters econômicos

Na esteira da atração de novos investimentos, o Governo do Estado tem estimulado os empreendimentos focados em soluções para os clusters econômicos identificados no Ceará. “O que é interessante para os empreendedores pois ao mesmo tempo que serve de laboratório para as suas soluções acelera o acesso das mesmas ao mercado”, destaca Júlio Cavalcante, da Sedet. Nesse contexto, investimentos no desenvolvimento de soluções para os setores de energias renováveis, agronegócio, logística, saúde, turismo e educação estão no topo das prioridades.

“Valorizamos investimentos que usem tecnologias disruptivas a exemplo de blockchain, armazenamento em nuvem, inteligência artificial, internet das coisas entre outros. Ao apostar nessas tecnologias, essa estratégia coloca o Ceará mais rapidamente no mesmo patamar de outros estados que partiram na frente na era digital. E o Ceará tem capital humano, infraestrutura e políticas públicas para isso”, afirma. A expectativa é que o Estado se torne um celeiro no desenvolvimento dessas novas tecnologias, podendo exportar suas soluções para o mundo todo.

Oportunidade para o comércio internacional

Outro desdobramento importante, oriundo de mais investimentos em tecnologia e inovação, assim como na logística e no aproveitamento da localização geográfica privilegiada do Estado, é a atração de um hub de comércio exterior para o Ceará. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior, o governo estadual finaliza entendimentos para a instalação do equipamento, “que terá o Pecém como âncora de suas importações e exportações”. Alegando cláusula de confidencialidade, Maia Júnior omitiu o nome do grupo empresarial, mas adiantou que “tudo está muito bem adiantado”, com o empreendimento devendo ser anunciado ao longo do próximo mês de janeiro.

“O Ceará precisava olhar para essas oportunidades, por conta da sua posição privilegiada, dos grandes mercados e o acesso que se tem a eles. O Brasil está muito presente na corrente de comércio exterior e o Estado poderá se tornar um grande braço no país por meio da montagem de um hub de comércio exterior”

Maia Júnior, titular da Sedet

Devido à logística diferenciada, contando com um hub aéreo, o Porto do Pecém e a ZPE, o Ceará pode movimentar não só o que é produzido localmente, mas também o que vem de outros estados do Norte e Nordeste. Dessa forma, pautando as exportações assim como os principais produtos que a região demanda do mercado internacional.

“Nós estamos trabalhando essa estratégia dentro do projeto de desenvolvimento do Estado, no âmbito do Ceará Veloz, de inseri-lo na pauta de comércio exterior. Daí a ideia desse hub de comércio exterior. Estamos em um estágio bastante avançado, conversando com as tradings de exportação e importação no país. Já temos uma com a qual estamos em entendimento há meses. Então eu acredito que ao longo do mês de janeiro tenhamos uma posição definida, para que ela possa trazer as operações de exportação e importação agenciadas no mercado brasileiro para uma base instalada no Estado do Ceará”, afirma Maia Júnior.

Uma vez a proposta seja concretizada, o empreendimento pode oferecer uma perfeita sinergia entre indústria e logística, dando competitividade para o investidor atuante tanto no mercado interno quanto no mercado internacional. “Um hub de comércio exterior poderia englobar uma função de trading, onde acontecem diferentes operações de comércio exterior se beneficiando pelas vantagens do Pecém como proximidade aos mercados americano e europeu, grandes incentivos em regime de ZPE dentro de uma ambiência favorável de negócios”, fala Dona Uribe, diretora executiva comercial do Complexo do Pecém.

Dessa forma, o Ceará se vê diante da possibilidade de tracionar a sua internacionalização por meio da integração de hubs com a geração de um novo ambiente de desenvolvimento de negócios e de um volume maior e mais expressivo nas operações de comércio exterior. “É o que normalmente nós chamamos de nova economia, desse ecossistema inovador através não apenas de um volume maior de exportação e de importação, mas por meio também de vendas internacionais com produto de maior valor agregado”, diz Karina Frota, gerente do CIN.

A tradução dos conteúdos é realizada automaticamente pelo Gtranslate.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Top 5: Mais lidas