TrendsCE

Avanço em projetos de energia renovável é promissor para 2021

O Ceará tem mais da metade de sua matriz energética baseada na abundância do sol e dos ventos. Avanço em projetos eólicos e solares apontam para perspectivas animadoras em 2021. FOTO: Freepik

“Abençoado pela natureza”. Assim o secretário executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra), Adão Linhares, se refere ao Estado que tem mais da metade de sua matriz energética baseada na abundância do sol e dos ventos. “Esta é uma realidade reconhecida pelos investidores no momento da decisão de instalação e expansão dos negócios”, afirma, orgulhoso com a autossuficiência na geração que permitiu a exportação para o Sudeste e demais regiões brasileiras.


Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente.


Otimista com o futuro, o secretário diz que por conta do fácil acesso a um combustível limpo e inesgotável, o Ceará vem atraindo investidores. Além da logística, eles também encontram a necessária segurança jurídica de uma política de governança transparente para assegurar o cumprimento dos contratos.

>> Energias renováveis: licenciamento simplificado favorece desenvolvimento econômico

Não é por outras razões que o Ceará – líder no Nordeste neste segmento energético – atraiu a Vestas, uma referência mundial na fabricação de aerogeradores, e a Aeris, fabricante de pás eólicas. E, conforme o secretário Linhares, há indicativos de instalação local de outros quatro projetos offshore que, em breve, somarão investimentos da ordem de R$ 25 bilhões e geração de 5 gigawatts (GW) de energia.

“Somente o litoral cearense apresenta um potencial superior a 100 GW de geração de energia eólica, vital para dar suporte ao progresso estadual que está crescendo mais do que o próprio País”

Adão Linhares, secretário executivo de Energia e Telecomunicações da Seinfra

>> Ceará tem maior potencial do Brasil para geração eólica offshore

O secretário lembra que vem se articulando junto à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) para reforçar a infraestrutura de transmissão, com previsão de investimentos da ordem de R$ 57 milhões em 2021. O valor contempla ampliações de subestações em Icó, Milagres, Aquiraz II e Ibiapina II, além do aumento de potência na Linha de Transmissão entre Sobral e Piripiri, no Piauí. E lembra que o Ceará encerrou 2020 com a ativação de três novas linhas de transmissão ligando as Subestações (SE) Banabuiú e Russas II. Trata-se de um investimento de R$ 96,4 milhões integrado por 225 torres em 112 quilômetros.

O fato é que com o advento das Energias Renováveis, que tem apresentado redução de custos de produção e avanços tecnológicos cada vez mais abrangentes, e com o imenso potencial Eólico e Solar Fotovoltaico existentes na Região, o Nordeste, que historicamente tem sido importador de energia elétrica, passa a exportar em vários momentos do ano. Conforme acompanhamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o Nordeste está gerando 16.085 MW e consumindo 12.105 MW, portanto, com uma exportação de 3.980 MW (24,6% da energia gerada).

O coordenador do Núcleo de Energia da Fiec, Joaquim Rolim, concorda que o Estado está bem posicionado para receber novos investimentos no setor de energia, graças à organizada governança setorial que se uniu com os agentes econômicos locais para assessorar os investidores. Além da estrutura de governo, através de secretarias afinadas com o tema, a Fiec está empenhada nesta missão em parceria com Senai, Sebrae, Sindienergia e Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece).

Rolim avalia que houve avanços. E cita como exemplo a ampliação da capacidade de escoamento da energia pelas linhas de transmissão e os cursos de capacitação para o setor. Recentemente foi lançado o novo Atlas Eólico e Solar do Ceará, um marco no setor de energias renováveis, que permite aos desenvolvedores de projetos eólicos e solares identificarem de uma forma amigável e interativa os melhores locais para a implantação no Estado. Nos dois últimos anos foram contratados 44% da potência solar fotovoltaica total dos leilões federais de energia.

“É preciso considerar que o Ceará está voltado também para o desenvolvimento de duas novas fronteiras: a geração eólica offshore, onde apresenta diferenciais competitivos únicos, tais como produtividade muito elevada, infraestrutura com portos, aeroportos e ZPE já instalados, e a fabricação do hidrogênio verde, com a utilização do imenso potencial existente de energias renováveis”

Joaquim Rolim, coordenador do Núcleo de Energia da Fiec

Ceará pronto para receber grandes empresas

Na análise do economista Gildemir Silva, professor de Finanças e de Indústria de Rede da Universidade Federal do Ceará (UFC), o Estado tem a mais barata das energias, oferece recursos hídricos com a transposição do Rio São Francisco e com o Cinturão da Águas e, ainda, conta com cabos de telecomunicações da África, garantindo infraestrutura básica e relevante para os investidores.

A seu ver, com uma rede de transmissão já consolidada e integrada ao sistema nacional de energia, o Ceará tem plenas condições de receber grandes indústrias consumidoras.

“A tendência é que, em cinco anos, a energia renovável responda por 20% a 25% da matriz energética do Brasil, onde o Nordeste – e o Ceará em particular – serão os protagonistas”

Gildemir Silva, doutor em economia e professor da UFC
Sair da versão mobile