Em 2020, a construção civil foi um dos poucos setores que cresceram e resistiram aos impactos da pandemia no País. Após o período de confinamento, o baixo patamar da taxa básica de juros da economia, a Selic, que refletiu nos juros finais ao consumidor, o incremento do financiamento imobiliário e o interesse do mercado por […]

Juros baixos, crédito e imóveis de segunda residência aquecem mercado imobiliário

Por: Anchieta Dantas Jr. | Em:
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Em 2020, a construção civil foi um dos poucos setores que cresceram e resistiram aos impactos da pandemia no País. Após o período de confinamento, o baixo patamar da taxa básica de juros da economia, a Selic, que refletiu nos juros finais ao consumidor, o incremento do financiamento imobiliário e o interesse do mercado por imóveis de segunda residência puxaram o bom desempenho do mercado imobiliário, inclusive no Ceará. Cenário que leva o setor a acreditar que crescerá acima da taxa projetada para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2021. Enquanto a expectativa, até o momento, é de um crescimento econômico de cerca de 4% para o Brasil, o setor imobiliário crê que irá avançar 5% no acumulado do ano.


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Segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 15ª Região (Creci Ceará), Tibério Benevides, o setor começou bem o ano de 2020, embora em março, no início da pandemia, tenha desacelerado. “Porém, já em maio, o mercado voltou a aquecer”, pontua. De acordo com o presidente da Cooperativa da Construção Civil do Estado do Ceará (Coopercon Ceará) e diretor da Base Incorporação e Construção, Sérgio Macêdo, o mercado deu uma virada. “Está propício para o crescimento. As pessoas estão animadas com os juros baixos, com os bons lançamentos do mercado e esta é a hora de investir em imóveis. A projeção é de que a economia cresça 4% no país, enquanto a expectativa é de que o mercado imobiliário deva crescer 5% em 2021”, afirma.

Macêdo, assim como o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, participaram do Cenário Trends, webinário promovido pela Trends CE, onde fizeram um balanço do mercado imobiliário no Ceará no ano que passou, assim como revelaram suas expectativas para 2021.

“O crescimento do Brasil no pós-pandemia passa pelo bom desempenho da construção civil, seja na incorporação, na infraestrutura ou no urbanismo. Além disso, sabemos que o setor é o que gera emprego mais rápido, assim como realiza o sonho das pessoas de terem a casa própria”

Patriolino Dias, presidente do Sinduscon-CE

Segundo o presidente do Sinduscon-CE, se os indicadores macroeconômicos, a exemplo da taxa Selic e o emprego e a renda, tiverem desempenho aceitáveis, o setor da construção civil deverá gerar mais dez mil postos de trabalho no Ceará em 2021. Esses novos empregos representariam 5% do total previsto para o setor em todo o país, 200 mil novas vagas com carteira assinada, segundo projeção da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cebic).

“A exemplo do Brasil, no Estado do Ceará, a cadeia produtiva da construção civil no atual cenário é a mais rápida geradora de postos de trabalho. Trata-se de um setor muito relevante para a economia”, acrescenta o economista Célio Fernando, da BFA Assessoria em Finanças e Negócios. Além disso, destaca, temos o peso do setor para a economia cearense que é de 12% do PIB estadual. “A construção civil é uma importante alavancadora de outras cadeias produtivas”, reforça.

O que 2020 proporcionou

Para o presidente do Sinduscon-CE, 2020 seria o ano dos grandes lançamentos. “Algumas empresas já tinham tirado seus projetos da prancheta e tinham iniciado as etapas de aprovação e registro de incorporação para poderem lançar os empreendimentos. No entanto, em março fomos acometidos pela pandemia”, recorda. De acordo com ele, em fevereiro do ano passado, a previsão era de que os lançamentos somariam R$ 2 bilhões em investimentos ao longo de 2020. “Contudo, no fim de março, quando refizemos a pesquisa com os associados do Sinduscon Ceará, essa projeção foi reduzida para R$ 700 milhões”, detalha.

Entretanto, na avaliação de Patriolino Dias, as medidas governamentais para manutenção dos empregos, os cortes sucessivos na Taxa Selic e a valorização que o consumidor passou a dar à moradia ajudaram na mudança de cenário e contribuíram para a redução dos elevados estoques de imóveis com o qual o setor começou o ano, assim como auxiliaram no bom desempenho registrado ao fim de 2020. “As vendas fecharam próximas a R$ 1,6 bilhão”, estima.

“Com a Selic a 2%, acredito que no menor patamar da história, tivemos uma debandada gigantesca de pessoas que aplicavam em renda fixa para investir em imóveis. O mesmo aconteceu com aqueles que não suportaram o sobe e desce da bolsa de valores. Isto somado ao fato de que as pessoas, por conta do confinamento, ao ficarem mais tempo em casa, passaram a dar mais valor à moradia e boa parte viu que necessitava fazer uma reforma no seu imóvel, mudar de endereço ou, diante da falta de previsão de quando voltaria viajar, ter um imóvel que tivesse uma área de lazer, como os de segunda residência. Isso fez com que os estoques de imóveis diminuíssem bastante, até porque, no início da pandemia, os lançamentos foram postergados”, avalia.

De fato, comemora Tibério Benevides, do Creci Ceará, no ano passado, as vendas acabaram surpreendendo, confirmando o destaque para os imóveis de segunda residência. “Acho que essa pandemia abriu os olhos das pessoas que a gente precisa viver mais e usufruir mais do nosso trabalho”, fala. Segundo o economista Célio Fernando, “em 2020, embora tenha havido a pandemia, a aquisição de imóveis passou a ser um porto seguro para a manutenção do poder aquisitivo, principalmente para os investidores do mercado financeiro”, o que reforçou o aumento da demanda.

Mercado está mais prudente

No entanto, emenda Macêdo, da Coopercon Ceará, embora a animação do setor tenha sido retomada e os lançamentos imobiliários tenham voltado, hoje, o mercado retorna mais prudente.

“O cliente está vindo muito mais consciente na hora da aquisição, ao passo que as construtoras estão também mais conscientes com relação aos lançamentos, no tamanho e na quantidade de unidades que elas podem lançar. O mercado vai continuar crescendo, porém mais prudente e de acordo com o seu limite”

Sérgio Macêdo, presidente da Coopercon Ceará

De acordo com ele, 11 empreendimentos foram lançados até agora. “O que é muito pouco. O estoque de imóveis está pequeno. Temos cerca de três 3 mil unidades de médio e alto padrão em estoque para venda. No pior da crise tivemos seis mil unidades. No somatório de todas as categorias, chegamos a ter 12 mil unidades, entre imóveis horizontais, apartamentos, imóveis comerciais e do Programa Minha casa Minha Vida”, afirma.

Vendas até 35% maiores em 2021

De acordo com Benevides, do Creci Ceará, os lançamentos de 2021 já começaram. “Teremos alguns lançamentos de boa qualidade, localização e preços se comportando dentro do esperado”, fala. Até o momento, o que se observa, segundo ele, é que imóveis das mais diversas categorias já estão sendo vendidos.

“Nós temos muitos prédios em Fortaleza, condomínios de casa no Eusébio, em outras cidades vizinhas, loteamentos e temos também muitos imóveis sendo vendidos no litoral Oeste do Ceará, bem como terrenos em praias que estão sendo descobertas agora, como Icaraizinho de Amontada, Itarema até Camocim. O litoral está realmente crescendo muito”

Tibério Benevides, presidente do Creci-CE

Otimista, o presidente do Creci Ceará, espera aumento de 30% a 35% tanto no Valor Geral de Vendas (VGV), quanto em unidades, em 2021. “Teremos muitos lançamentos, alguns resorts serão feitos no litoral Oeste e isto está aumentando muito a procura por terrenos naquela região”, afirma.

Preço dos insumos

Apesar do ânimo no mercado, pontua o presidente do Sinduscon Ceará, Patriolino Dias, existe uma preocupação com relação ao preço do material de construção, o que impacta no custo dos imóveis e, consequentemente, nas vendas. “Em 2020, o preço do material de construção aumentou exacerbadamente. O tijolo dobrou de preço, já os preços do aço e do cimento subiram 30%, enquanto o plástico PVC chegou a faltar no mercado. Então, essa é uma grande preocupação no momento”, fala. Ele ressalta que esse avanço nos preços do material de construção aconteceu logo no início da pandemia, com o aumento das reformas domésticas.

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