Mais de 231 mil brasileiros já perderam a luta contra a Covid-19 dentre os 9,5 milhões de casos confirmados no País, conforme levantamento da Universidade Johns Hopkins. O Brasil ocupa o segundo lugar do mundo em número absoluto de mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, onde a pandemia ceifou mais de 463 mil vidas. Na comparação do número de mortes por 100 mil habitantes, há pelo menos uma dezena de países com um cenário ainda mais preocupante que o brasileiro. Em grande parte, nações com maior porcentagem de idosos, população que apresenta maior probabilidade de evoluir para quadros graves, do que o Brasil. Há, ainda, o fator da subnotificação a ser levado em consideração. Governos como a Rússia, por exemplo, já declararam que a mortalidade em razão do novo coronavírus seria o triplo do que relatam as estatísticas oficiais.
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Há outros números que preocupam. A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que a taxa de desemprego no Brasil foi de 14,3% de agosto a outubro de 2020 e atingiu 14,1 milhões de pessoas. O percentual representa um crescimento de 11,6% se comparado ao mesmo trimestre de 2019. Diante da crise econômica gerada pela pandemia, uma das medidas adotadas pelo Governo Federal foi a concessão de auxílio emergencial de R$ 600 no ano passado para a população economicamente vulnerável. A medida já custou aos cofres públicos mais de R$ 300 bilhões. As contas também chegam para as prefeituras e para o Sistema Único de Saúde (SUS), com um custo diário médio de R$ 1,9 mil por paciente internado numa UTI de tratamento para Covid.
Medidas atreladas
Os números não deixam dúvidas sobre o impacto da crise sanitária na economia, mas cada país atacou os problemas simultâneos à sua maneira. A Suécia manteve a economia aberta e não promoveu fechamentos totais, mas pagou um alto preço em termos de capital humano. Registrou mais de 12 mil mortes. Número elevado se comparado aos das nações vizinhas, como Noruega, Dinamarca e Finlândia. As perdas também foram acentuadas em termos de mão-de-obra especializada disponível para atuar nas unidades de saúde. Já a Nova Zelândia adotou medidas mais severas de isolamento, mas contabilizou 25 óbitos e um crescimento recorde trimestral de 14% para o período julho a setembro de 2020.
Dra. Silvia Nunes Szente Fonseca, infectologista e diretora corporativa de infectologia do Sistema Hapvida, é uma das brasileiras que defende medidas de proteção contra a Covid-19 como eficazes não somente para a saúde pública, mas econômica. “Enquanto todo mundo não for vacinado, precisaremos continuar vigilantes quanto ao distanciamento social e o uso de máscaras e de álcool gel. E, paralelamente, é necessário investir a maior energia possível na imunização da população para acabar definitivamente com esse ‘fecha e abre’, que estamos vivenciando novamente”, afirma.
“As vacinas são um presente da ciência para a humanidade. No nosso país, temos um programa de imunização gratuito, que é espetacular, e patrimônios que nos enchem de orgulho, como o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Como pediatra de formação, sei o valor que as campanhas de imunização têm no combate a enfermidades como meningite, poliomielite e sarampo”
Dra. Silvia Nunes Szente Fonseca, diretora corporativa de infectologia do Sistema Hapvida
Confiança, engajamento e informação para derrotar a pandemia
Para a diretora, o receio de uma parcela da população em aderir à imunização é um reflexo da dificuldade que médicos e cientistas têm em se comunicar. “Quando a gente se debruça sobre o assunto, não há dúvida que as vacinas são muito importantes. Os cientistas brasileiros lutaram muito para que a gente estivesse vivendo esse momento agora de finalmente trazer a resposta para a pandemia”, pondera. “Estou trabalhando ininterruptamente no combate à Covid-19 desde a confirmação do primeiro caso, em março de 2020, e acompanhando o assunto desde dezembro de 2019. Da mesma maneira, estão os cientistas que fizeram os ensaios clínicos, desenhados com muito rigor. Profissionais extremamente sérios dedicam suas vidas a estudar formas para diminuir o sofrimento humano”, acrescenta.
A infectologista refuta com vigor os argumentos do movimento antivacina. Um deles está atrelado ao questionamento sobre a agilidade com a qual os imunizantes foram desenvolvidos. A médica pondera o papel do conhecimento adquirido previamente para dar celeridade necessária no combate à pandemia.
“Há anos, estamos nos preparando para pandemias desta natureza, vírus que se inserem na humanidade, para os quais não há tratamento específico e defesa própria, e que são transmitidos entre a população. Vivemos isso com a Aids, a Influenza, o H1N1 e o sarampo, que infelizmente ressurgiu por falta de adesão à imunização. Com tudo isso, criamos um know how sobre como agir. As novas tecnologias das vacinas estão sendo construídas há bastante tempo. Temos estudos muito bons de órgãos respeitados dando embasamento”
Dra. Silvia Nunes Szente Fonseca, diretora corporativa de infectologia do Sistema Hapvida
“Eu confio plenamente na vacina, ela é melhor que a doença. Além de todos os problemas econômicos, precisamos também usar a informação a nosso favor para combater o negacionismo e elevar os índices de adesão vacinal não só da Covid-19, mas das demais doenças infecciosas. É preciso observar que geralmente quem coloca informações assustadoras nas redes sociais não é médico, não é cientista e não passou os últimos meses estudando e se dedicando a acabar com esta doença”, ressalta.
No Sistema Hapvida, a participação na campanha de imunização contra a Covid-19 gerou satisfação, esperança e expectativa. “As pessoas ficam com os olhos marejados quando recebem a vacina. Os serviços de controle de infecção relacionados à assistência de todos os nossos hospitais se mobilizaram. Encaramos como um precioso presente. A ciência venceu, é isso que sinto a cada aplicação de dose”, conta a infectologista, que já está imunizada e na expectativa para que a proteção alcance todos os brasileiros logo que possível.