O feijão-caupi está presente nas principais refeições dos cearenses. É também conhecido como feijão-de-corda e feijão fradinho e representa a produção de 70% da agricultura familiar do Estado. De acordo com José Francisco de Almeida Carneiro, secretário de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), que […]

Feijão-caupi: expectativa é de aumento da produção neste ano

Por: Maria Babini | Em:
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O feijão-caupi está presente nas principais refeições dos cearenses. É também conhecido como feijão-de-corda e feijão fradinho e representa a produção de 70% da agricultura familiar do Estado. De acordo com José Francisco de Almeida Carneiro, secretário de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), que é também produtor rural e plantador de feijão-caupi, esse produto tem importância para a economia e geração de emprego e renda no estado.

“O Ceará é um grande produtor de feijão-caupi para vendas maduras, que é quando o feijão ainda está verde. Grande parte dos caminhões que chegam trazendo feijão maduro nas Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa) é com produção aqui do nosso Estado”

José Francisco de Almeida Carneiro, secretário de Política Agrícola da Fetraece

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Apesar da produção, o feijão-caupi tem perdido espaço com a diminuição das áreas de plantio para produção de soja e milho. Os números apontados por Antônio Amorim, presidente da Empresa de Assistência Técnica Extensão Rural do Ceará (Ematerce) dão um exemplo disso. “O Projeto Hora de Plantar já funcionou com quase 400 toneladas de semente de feijão. Esse ano, estamos apenas com algo em torno de 30 toneladas”, ressalta. Segundo Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), esse é também um dos motivos que explica o preço do produto estar tão elevado atualmente.

“O Ceará é um estado que produz bastante feijão-caupi, mas também importa de outros estados cerca de 80 mil toneladas do produto. Principalmente da Bahia e do Piauí”

Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Ibrafe

Antônio Amorim aponta, inclusive, que tanto Bahia, quanto Piauí têm se destacado na produção do feijão por possuírem máquinas modernas que garantem toneladas de feijão-caupi, enquanto esse processo no Ceará se sustenta com pequenos produtores.

Pandemia e produção

O presidente do Ibrafe salientou ainda que a pandemia do novo coronavírus aumentou o consumo de feijão não apenas no Brasil, mas no mundo todo. “Já existia uma tendência de aumentar o consumo por conta de ser um produto que é a base da alimentação. Também teve aumento por conta da quantidade de pessoas que se tornaram veganas e vegetarianas”, compartilhou Marcelo Eduardo.

Apesar do aumento no consumo, Antônio Amorim, presidente da Ematerce, não viu outras grandes mudanças no setor. “A agricultura em si não perdeu muito com a pandemia. Foi uma das áreas que permaneceu produzindo quase na sua totalidade. Um exemplo disso é que na pauta de exportação continuamos sempre muito presentes”. Antônio explica que os meses com maior produção de feijão-caupi no Ceará são de maio a julho.

“Nesse período, temos produto até para exportação. Porque o armazenamento tem situação limitada. Mas também existe um cruzamento de produtos. No final do ano, a Bahia sempre abasteceu o Ceará. No meio do ano, o Ceará é que ajudava a abastecer a Bahia”

Antônio Amorim, presidente da Ematerce

Previsões

Marcelo aponta que, antigamente, era difícil incentivar o produtor rural a plantar muito feijão porque, se sobrasse, não tinha para onde mandar. Mas esse cenário veio se modificando ao longo dos anos. “Como agora tem o mercado externo, tem ficado um pouco mais fácil, e é possível e provável que a gente venha ter políticas de incentivo ao plantio porque, se sobrar, o produtor tem como exportar. O mundo ideal é o que nós possamos produzir variedades que o Ceará consuma, e que essa variedade tenha consumo no restante do mundo também. É possível, na medida em que consigamos ir organizando o setor, que possamos ter um mercado um pouco mais previsível e o consumidor possa pagar um preço justo pelo feijão”, conclui.

Nos últimos anos, segundo José Francisco, os agricultores do Ceará têm contado com a assistência técnica de órgãos públicos e privados para produzir novas tecnologias e novos modelos de produção. “Isso fez com o Estado aumentasse a sua produtividade por área implantada. Com a irrigação, por exemplo, já se produz feijão utilizando uma técnica nova chamada microgotejamento. Até porque o feijão não precisa de muita água, é isso o que faz dele uma cultura bem atrativa”, explica o produtor rural e secretário de Política Agrícola da Fetraece. José Francisco também destaca que 2021 deve ser um ano de muita produção de feijão-caupi.

“Segundo previsões da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a quadra invernosa, que vai pegar de março até final de abril e chegando em maio, deve ficar 50% abaixo da média. E uma das culturas a ser beneficiada é justamente a do feijão-caupi. Muitos agricultores devem migrar para o cultivo desse feijão e isso vai fazer com que tenhamos uma alta produtividade, baixando preços para o consumidor”

José Francisco de Almeida Carneiro, secretário de Política Agrícola da Fetraece

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