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Trabalho remoto aquece mercado de computação em nuvem

Oferecidos pelas gigantes Microsoft, Amazon e Google, além da britânica Claranet e diversas empresas regionais e locais, os serviços de computação em nuvem são por demanda e o cliente paga de acordo com o uso. FOTO: Freepik

“Hoje não falamos mais se as empresas vão migrar para o serviço em nuvem, mas quando vão migrar”. A afirmação é do senior program manager da Microsoft, o brasileiro Vinícius Apolinário. Ele se refere ao mercado de computação em nuvem (cloud computing, em inglês) que ganhou força com a necessidade do trabalho remoto nas empresas desde o ano passado. Oferecidos pelas gigantes Microsoft, Amazon e Google, além da britânica Claranet e diversas empresas regionais e locais, os serviços são por demanda e o cliente paga de acordo com o uso, sem a necessidade de manter datacenters e servidores físicos na própria empresa. 


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Especialistas afirmam que a mudança veio para ficar e a consultoria internacional Gartner prevê, para este ano, crescimento de 18,4% nos gastos dos usuários finais com a tecnologia em todo o mundo. Isso significa US$ 304,9 bilhões ante os US$ 257,7 bilhões do ano passado.   

“A maioria das empresas ou está em processo de migração ou já utiliza serviços em nuvem. A nossa percepção é que o processo foi acelerado pela pandemia. As grandes corporações, por conta de ter staff técnico disponível, priorizaram e colocaram esse plano em prática. O simples ato de levantar e fazer uma reunião no trabalho não existe mais, hoje você precisa de uma ferramenta para isso. O Twitter já anunciou que os funcionários não precisam mais voltar para o escritório e a Microsoft adotou que após a pandemia o colaborador pode ficar 50% do tempo em casa. Essa tendência vai ser seguida por outras empresas”, afirma Apolinário. 

Em relação ao investimento, ele destaca que pequenas e médias empresas têm mais dificuldade por conta do custo, mas destaca que o recurso é revertido no longo prazo. “As pequenas e médias foram as mais impactadas na área da tecnologia. Vemos que elas têm mais dificuldade de se preparar para um futuro mais longo. Para elas, é difícil avaliar como um projeto de migração vai voltar e analisar o melhor provedor de nuvem. O projeto inteiro é custoso e fica difícil fazer balanço de retorno de investimento de longo prazo. Percebemos que elas têm começado a fazer coisas em poucos passos, como backup, por exemplo”, explica.

Flaubert Ribeiro, sócio da Inova Mundo, diz que barreiras de comunicação e de contato presencial, trazidas pela pandemia, e a necessidade de otimização de gastos colocaram a computação em nuvem entre as prioridades das empresas. “A gente está tendo de se adaptar por imposição ou necessidade. Já estava no radar das empresas, mas ficou urgente desde o ano passado. As empresas estão sofrendo pressão para reduzir custos por conta da queda de receita e esse é um dos caminhos”. 

No Ceará, de acordo com ele, o empresariado tem visto a mudança como oportunidade. “Observamos aqui o desenvolvimento de ecossistemas e o surgimento de novas empresas. Vemos a iniciativa pública e a iniciativa privada fomentando negócios nessa área. O nosso empresariado tem a veia inovadora e está levando essa mudança para todas as áreas”.

A questão estrutural do Ceará tem permitido esse ambiente favorável, na avaliação de Flaubert Ribeiro. “A Associação Brasileira de Startups já coloca o Ceará como o segundo maior do Nordeste. O empresário tem buscado soluções e o hub tecnológico que conecta o nosso estado com o mundo tem atraído empresas e tem sido fundamental para a criação de novas empresas, como as de banda larga que têm surgido nos últimos anos”. O executivo destaca que a capacitação dos profissionais é fundamental para conduzir esse processo da melhor forma.

“O papel dos profissionais de TI vem mudando e é fundamental oferecer capacitação constante, principalmente para aqueles profissionais que cuidavam só de infraestrutura. Agora eles vão gerenciar os serviços contratados e a empresa precisa ter o apoio de profissionais bem formados”

Flaubert Ribeiro, sócio da Inova Mundo

Diferentes serviços e tipos de nuvem

O usuário pode optar por diferentes tipos de nuvens: nuvem pública, nuvem privada e nuvem híbrida. “Você pode rodar sua infraestrutura e as aplicações do seu negócio em casa, que é o caso da nuvem privada; em uma nuvem pública, como as oferecidas por empresas como Microsoft e Amazon; e numa nuvem híbrida, que é parte em casa e parte na nuvem pública”, explica o senior program manager da Microsoft, Vinícius Apolinário. 

Quanto aos tipos de serviços, Vinícius Apolinário destaca os três principais: infraestrutura como serviço (IaaS), plataforma como serviço (PaaS) e software como serviço (SaaS). No primeiro, ele afirma que não é necessário se preocupar com os custos com estrutura, como energia, ar condicionado, cabeamento e armazenamento que um servidor tradicional exige. “É possível escolher um servidor virtual com a configuração e a rede necessária para a sua demanda. Mas é preciso se preocupar com o sistema, o backup, a configuração e o gerenciamento de tudo isso”.

O segundo tipo (plataforma como serviço) inclui, além da infraestrutura, o sistema operacional, como explica Apolinário. “A preocupação aqui é com o desenvolvimento da aplicação que deve ser enviada para o provedor de nuvem”. Com a contratação do último (software como serviço), o usuário conta com todas as etapas e vai cuidar apenas do gerenciamento.

“Quanto mais completo o serviço, menos é preciso fazer no setor de TI. Teoricamente, é o serviço mais caro, mas é mais econômico no longo prazo. Quando você começa o processo de migração para a nuvem tem custo de aprendizagem da nova tecnologia e o próprio custo de rodar na nuvem, mas quando você migra mais serviços a curva de investimento fica positiva”.

Vinícius Apolinário, senior program manager da Microsoft

Capacitação é aposta do Ceará

Em parceria com a empresa chinesa Huawei, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) está oferecendo o curso HCIA – Cloud Computing. A ideia é capacitar estudantes e profissionais da área de tecnologia, de acordo com o professor Rafael Gomes, coordenador do curso de Computação da universidade.

“Essa parceria foi firmada em dezembro do ano passado e chega num momento interessante para o desenvolvimento tecnológico do Ceará. Existe uma demanda por profissionais capacitados e o Estado vem progredindo. Temos três universidades robustas e parcerias com empresas de grande porte, como Microsoft, HP e agora a Huawei”

Rafael Gomes, coordenador do curso de Computação da Uece

Para a primeira turma, as inscrições foram encerradas no último dia 14 e foram quase 800 inscritos para uma turma de 50 alunos. Ao todo, serão ofertadas quatro turmas neste primeiro semestre, sendo 20h de capacitação virtual e 10h de treinamento prático. “O curso é voltado para alunos e profissionais da computação. O treinamento é totalmente gratuito e os melhores alunos podem conseguir um voucher para fazer a certificação gratuitamente. Ou seja, além do curso, tem o investimento da empresa na certificação”. 

As oportunidades para esses profissionais capacitados, segundo o professor, são inúmeras. “O Ceará tem investido em vários tipos de serviço. A infraestrutura de fibra ótica traz não só nuvem, mas outras aplicações e isso alavanca o Estado não só no mercado brasileiro, como provedor de serviços para o mercado norte-americano, europeu e africano”, projeta.

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