A pandemia do novo coronavírus ceifou vidas e mudou outras. Com um ano do primeiro diagnóstico no estado do Ceará, muitos setores acompanharam a mudança de rotinas imposta pelo Sars-CoV-2. Alguns deles encontraram mais facilidades de adaptação, outros tentam se readequar. Entre eles, está a educação. Além dos debates correntes sobre o funcionamento integral de escolas e faculdades no Estado, as instituições de ensino não têm medido esforços para manter-se de forma competitiva. E a modalidade a distância, antes vista como um mero adicional, passou a ser essencial para a continuidade do serviço.
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“As tecnologias já estavam aí, há bastante tempo mas foi preciso que um problema de saúde pública e proporções globais, dessem um ‘empurrão’ nesse processo de adoção de novas práticas”, analisa o especialista em inovação e CEO da Inova Mundo, Mario Gurjão. Tal percepção é compartilhada por Ana Flávia Chaves, empreendedora no ramo da educação. Após deixar a reitoria de um centro universitário, ela investiu em duas franquias de polos de ensino a distância em Fortaleza. Mesmo durante a implementação do projeto, Ana já acreditava no potencial da modalidade de ensino.
“Mundialmente, antes da pandemia já existia essa tendência onde parte do ensino era presencial e parte a distância. Atualmente, isso foi acelerado, e é promissor”
Ana Flávia Chaves, empreendedora
O Censo da Educação Superior 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), aponta que a adesão de alunos à modalidade a distância aumentou de cerca de 330 mil em 2009 para mais de 1,5 milhão em 2019, representando um salto de 379%. Ainda segundo os levantamentos do Inep, pela primeira vez na história o número de estudantes de EAD ultrapassou o número dos que optaram pela modalidade presencial: 50,7% contra 49,3%. Tudo isso, vale ressaltar, em um cenário no qual o coronavírus ainda não estava no Brasil.
Entretanto, segundo Mario Gurjão, não existe uma melhor forma de ensino. Para ele, é possível haver uma coexistência entre os meios físicos e digitais, e excluir um ou outro é um reflexo de modelos educacionais que ensinaram as pessoas a enxergar o mundo de forma binária, ao invés de sistêmica.
“Trata-se apenas daquele lado que é menos conhecido e com o qual, por vezes, tendemos a não gostar e até rivalizar. Nesse sentido, o termo “digital” vem sendo mal empregado assumindo uma conotação excludente, não só na educação mas no Direito, no Marketing, na Medicina e em quase todas as áreas. Precisamos, como bem nos lembra o Sílvio Meira (palestrante brasileiro, referência em inovação e empreendedorismo), assumir que o mundo é ‘figital’; trata-se portanto de um ambiente complexo, integrado e plural”, ressalta.
Já Ana Flávia Chaves acredita que o ensino digital é uma evolução do ensino presencial. “Esse tipo de educação conta com um grande diferencial, que é justamente o ensino personalizado: cada pessoa vai estudar aonde quer, no momento que quer e no seu ritmo, facilitando e evitando a movimentação de pessoas. Dessa forma, você pode ter plataformas que já sejam elaboradas usando inteligência artificial, ajudando no processo de concentração, evitando que o estudante tenha estresse mental”, defende a empreendedora.
Edtechs crescem no Brasil, mas ainda são poucas no Nordeste
Segundo pesquisa do Distrito Edtech Report, braço de inteligência de mercado do Distrito, com apoio da KPMG e da Wayra e publicado na PEGN, o Brasil conta com mais de 550 startups de educação, que levantaram um montante de US$ 175,5 milhões em investimento desde 2010. Mais da metade das edtechs está concentrada na Região Sudeste; o Nordeste concentra 8,9% das startups no País.
“Investidores, independentemente do setor, buscam acima de tudo bons negócios. Investir em tecnologias digitais, amplia fronteiras, reduz custo, mitiga erros, melhora a experiência do consumidor e traz ganhos de eficiência aos processos organizacionais. Tudo isso combinado, reflete em melhores resultados operacionais”
Mario Gurjão. CEO da Inova Mundo