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Futuro da inteligência artificial: para onde caminhamos?

Inteligência Artificial (IA) tem avançado cada vez mais rápido e se inserido no dia a dia das pessoas. Para especialistas, essa velocidade torna o futuro da tecnologia ainda incerto. FOTO: Freepik

Embora nem todos percebam o quão enraizada a Inteligência Artificial (IA) está em nosso dia a dia, seu avanço é rápido. Aliás, em uma velocidade sem precedentes. Neste campo, o desenvolvimento tecnológico tem progredido exponencialmente, a ponto de o reconhecimento imediato da escrita, voz, imagens e vídeos permitirem que as máquinas interajam conosco praticamente como um humano.


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Ademais, com a popularização da conectividade – hoje, muitos têm um smartphone -, tudo à nossa volta gravita em torno dessa e outras tecnologias que, combinadas, nos dão acesso a um volume de dados e à realização de tarefas digitalmente inimagináveis há pouco mais de três décadas.

Cada vez mais os smartphones, assim como computadores, eletrodomésticos e outras máquinas, empregam a IA para realizarem atividades humanas de maneira autônoma. Afinal, segundo os especialistas na área, com o emprego dessa tecnologia, as máquinas já são capazes de aprender, perceber, raciocinar, decidir e deliberar de forma racional e inteligente.

A propósito, a IA funciona em tantos processos, lembram os estudiosos, que, muitas vezes, não percebemos com as experiências diárias. Mas basta olhar para a proliferação de aplicações em áreas como a medicina, os transportes, a segurança, o entretenimento, a alimentação, o mercado de trabalho, no conceito de casa inteligente e mesmo cidades inteligentes, para se dar conta.

E, ao que tudo indica, não deverá parar por aí. O que enseja a seguinte pergunta: qual o futuro da Inteligência Artificial? Para onde caminhamos?

“É um exercício difícil, pensar no que pode acontecer. Existem algumas questões que a humanidade não pensou sobre a IA. Na verdade, ela não pensou porque nunca imaginou que chegaria tão rápido ao ponto que chegou. Ela não levantou, por exemplo, os impactos sociais, éticos, morais e econômicos”

Vasco Furtado, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza (Unifor)

Um possível freio?

De acordo com Furtado, que também é responsável pelo Parque Tecnológico TEC-Unifor, a ciência e a sociedade, de uma forma geral, têm pouco conhecimento do quanto o avanço da IA pode impactar nessas questões. Impactos que, na sua avaliação, poderiam vir a pôr um freio no ritmo desse avanço.

“Eu arriscaria dizer que, especulando sobre o futuro, esses impactos poderiam servir como freios no desenvolvimento tecnológico. A tecnologia está o tempo todo avançando, assim como os reflexos que ela pode trazer sobre a humanidade. No entanto, sabemos muito pouco sobre os impactos que essas tecnologias poderão ter socialmente, moralmente, eticamente e economicamente”, expõe. “Entretanto, chegar a frear o avanço tecnológico tendo em vista esses impactos, aí eu não sei se seríamos capazes de fazer isso”, afirma.

“A tecnologia avançou muito, mas a humanidade não pensou nas consequências.  Ao mesmo tempo em que avançamos tecnologicamente, esse avanço desorganiza tudo. É capaz de, por exemplo, trazer o desemprego, levando a uma grande desorganização social”.

Tarcisio Pequeno, presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap)

Pequeno aponta o fato de que “o homem faz, mas nunca pensa antes de fazer as coisas”. “Faz por fazer. Veja o exemplo da automação da indústria têxtil, na Inglaterra, com a Revolução Industrial. Desempregou quem fazia tecidos a mão. E só depois do acontecido é que o homem foi tentar examinar como a Revolução Industrial desorganizou socialmente o mundo”, afirma.

Para ele, não é razoável avançar tecnologicamente produzindo uma sociedade desigual. “Precisamos constatar isso enquanto coletividade. Produzir uma sociedade desigual não é razoável. Porém, não se pode culpar o lado que se desenvolveu e sim culpar o desbalanço, o desequilíbrio”, destaca.

Na sua avaliação, embora o poder produtivo e do homem de agir sobre a natureza tenha aumentado significativamente, “esse poder não foi acompanhado de igual progresso nas ciências humanas, sociais, da coletividade e da vida”, resultando nesse desequilíbrio.

“E por que as ciências humanas e sociais não acompanharam o avanço das tecnologias com a mesma velocidade? Porque essas ciências não são produtoras de riqueza, diferentemente das ciências exatas. A sociedade não valorizou ou financiou da mesma forma esse outro grupo de ciências”

Vasco Furtado, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unifor

Razão pela qual, seja importante fazer essa reflexão sobre o avanço tecnológico e o futuro da IA. Ligada ao que se chama de Machine Learning (Aprendizagem de Máquina), explica o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unifor, dos anos 1950, quando começou a se desenvolver a IA, para cá, ou seja, cerca de 70 anos depois, o que pode ser considerado um intervalo de tempo pequeno se comparado à história da humanidade, essa tecnologia registrou muitos altos e baixos. “Os chamados invernos (baixos) e verões (altos)”, fala. “Entretanto, o fato de não ter sido pensado sobre os impactos sociais, éticos, morais e econômicos, será que isto não poderá fazer com que o desenvolvimento da IA possa entrar em curva descendente?”, questiona.

As considerações fizeram parte do painel sobre o “Futuro  da Inteligência Artificial”, realizado durante a segunda edição da “Escola de Verão”, evento voltado para a troca de conhecimento e experiências em Inteligência Artificial, com a proposta de aproximar governo, academia e mercado em uma promoção do Instituto Iracema Digital em parceria com o Governo do Ceará, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitece) e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet), assim como da Fecomércio e do Hub Cumbuco.

A segunda edição da Escola de Verão ocorreu nos dias 29 e 30 de janeiro de 2021, transmitida pelo YouTube em quatro salas localizadas virtualmente no litoral do Ceará.

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