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Fintechs impactam na economia e geram novos negócios e serviços

Novas tecnologias e a oferta de produtos e serviços vêm transformando o sistema financeiro brasileiro nos últimos anos. Seguindo a tendência mundial, o mercado de fintechs no Brasil registra crescimento de 34%, de acordo com o estudo Distrito Fintech Report Brasil 2020, que mapeou 742 startups em 2020, superando em um terço as 553 de 2019. E o interesse do mercado pode ser verificado pelos investimentos: desde 2015, US$ 2,4 bilhões foram investidos em fintechs no Brasil e elas já respondem por 35,6% do capital alocado em startups no país.


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As chamadas fintechs vieram da união das palavras financial e technology e são empresas que trazem inovações para o setor financeiro e abrem oportunidades a partir de novos modelos de negócios no ambiente digital. No Brasil, existem fintechs para pessoas físicas e jurídicas que oferecem crédito, pagamento, gestão financeira, empréstimo, investimento, financiamento, seguro, negociação de dívidas, câmbio e multisserviços.

Entre os principais serviços oferecidos por essas empresas no país hoje estão as de tecnologias de facilitação e processamento de pagamento em primeiro (16,4%), as empresas de oferta e concessão de crédito com base tecnológica em segundo (15,8%) e de softwares e serviços para gerenciar diferentes áreas da vida financeira de empresas (15,1%) em terceiro.

Eugênio Vieira, sócio da Inova Mundo, explica que o sistema financeiro está passando por grandes transformações em razão do processo de modernização regulatória promovido pelo Banco Central.

“Observamos isso principalmente nos últimos dois anos quando o Banco Central vem criando novas formas e estruturas jurídicas para flexibilizar o setor. Daí vemos inovações como o Pix, o Open Banking, que é o compartilhamento de informações para oferecer melhores serviços, e pequenas e médias empresas entrando para operar no setor de crédito, que antes era restrito a grandes instituições financeiras”

Eugênio Vieira, sócio da Inova Mundo

Do ponto de vista do consumidor, Vieira destaca que as novas tecnologias permitem aumentar o acesso à estrutura bancária. “Hoje temos várias fintechs que estão criando sistema de pagamento, contas bancárias, que permitem a inclusão de uma série de pessoas que eram desbancarizadas. As contas de pagamento, por exemplo, permitem movimentação, oferta de crédito, tudo através de uma plataforma digital, do celular, sem precisar da estrutura física do banco”, completa.

O economista Célio Fernando Bezerra Melo, sócio-diretor da BFA Assessoria em Finanças e Negócios, destaca que a nova forma de governança do sistema financeiro traz grandes alterações e uma delas é o estímulo à competição, reduzindo a concentração de grandes instituições bancárias.

“As fintechs são um caminho para trazer um maior acesso a produtos e serviços financeiros, e melhoria na qualidade. Inclusão bancária e uma maior política de crédito são alguns dos ganhos, mas ainda temos muitas precariedades como o acesso à internet e o preço do celular para que todos tenham acesso a esses novos serviços”

Célio Fernando Bezerra Melo, economista e sócio-diretor da BFA

Fintech cearense cresce 80% ao ano

No Ceará o número de fintechs ainda é tímido – 0,7% do total do país, segundo o Distrito Fintech Report Brasil 2020 -, mas o estado vem inovando e criando soluções para questões locais e regionais. É o caso da Somapay, empresa nascida no Ceará a partir da necessidade de realizar pagamentos para funcionários da construção civil.

“A Somapay surgiu em 2015 de uma necessidade que identificamos na construção civil. As pessoas não tinham conta bancária para o depósito dos salários, seja pela burocracia ou por restrições cadastrais. Começamos com esse setor, que tem alta rotatividade e que tem essa dificuldade do pagamento. Muitas vezes o pagamento era feito em dinheiro no canteiro de obras, o que não é seguro”, explica Fernando Gurgel, CEO da Somapay.

A empresa trabalha oferecendo o serviço de conta digital para os funcionários, que podem sacar, transferir, pagar boletos, realizar empréstimos, e o serviço de gestão da folha de pagamento para as empresas. “Hoje estamos com mais de mil empresas de vários setores e mais de 100 mil pessoas recebem salário através das nossas contas”.

O crescimento da empresa, segundo Gurgel, gira em torno de 80% ao ano e já se estende a estados vizinhos como o Rio Grande do Norte.

“O Banco Central tem ajudado muito a reduzir a concentração dos grandes bancos. Os cinco maiores detém mais de 80% do mercado. Acredito que o setor vai continuar aquecido nos próximos anos e, apesar de saber que o número de fintechs ainda é baixo no Ceará, vejo que o estado sempre teve papel de vanguarda em termos de inovação”

Fernando Gurgel, CEO da Somapay

Banco Central aposta em inovação

E para estimular ainda mais a modernização do sistema financeiro, o Banco Central recebe, até o próximo dia 19 de março, inscrições para o Sandbox Regulatório, que vai avaliar projetos inovadores na área financeira ou de pagamento. De acordo com a instituição, a ideia é estimular a inovação e a diversidade de modelos de negócio, a concorrência entre os fornecedores de produtos e serviços financeiros e atender às diversas necessidades dos usuários, no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).

Serão escolhidos de 10 a 15 projetos nesse Ciclo 1, de 22 de março a 25 de junho deste ano. Entre as prioridades estão: fomento ao crédito para microempreendedores e empresas de pequeno porte; soluções para o Pix; soluções para o Open Banking; soluções para mercado de crédito rural; projetos que tratem sobre soluções para o mercado de câmbio; fomento a finanças sustentáveis.

Saiba mais

Nos próximos dias 15 e 16 de abril, a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) vai realizar o evento online Fintouch – Desafio das Fintechs 21/22. Entre os temas estarão: regulação, negócios, impacto social, inovação e tecnologia.

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