O potencial ímpar em energias sustentáveis a partir do sol e dos ventos poderá transformar o Ceará no maior produtor de hidrogênio verde do mundo. Por conta desta condição, o Estado será capaz de produzir algo em torno de 33.400 toneladas/dia, o equivalente a 50 projetos como o da usina da Arábia Saudita projetada para 650 toneladas diárias.
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A vanguarda da iniciativa coloca o Ceará, e em decorrência o Nordeste e o Brasil, no seleto grupo de produtores de energias renováveis dentro do esforço mundial de descarbonizar a economia e reduzir o efeito estufa no Planeta. Há, pelo menos, 20 países com projetos e com investimentos direcionados para esta meta estabelecida pelo Acordo de Paris.
No caso do Ceará, o objetivo é criar um hub de hidrogênio verde para consumo interno e para a exportação, conforme anunciado pelo Governo do Estado há menos de um mês, durante o lançamento do projeto em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém S.A. (CIPP S.A.).
O momento para dar a partida encontra um ambiente bastante favorável. O Complexo do Pecém, como um dos protagonistas e que vai acolher o empreendimento que terá área específica na ZPE Ceará. Único no Brasil por ser integrado por indústrias, Porto e a única Zona de Processamento de Exportações em atividade no País, o Pecém produz, distribui localmente e exporta.
Estrutura pronta
Segundo a direção executiva comercial do Complexo do Pecém, trata-se de um conjunto de vantagens que garante enorme diferencial ao Pecém. Acredita-se que ainda neste primeiro semestre serão definidas as empresas e/ou consórcios, em sua maioria internacionais, que também irão iniciar estudos e negociações. Será também contratada uma consultoria para a elaboração de propostas de políticas públicas de energias renováveis voltadas para o desenvolvimento sustentável no estado do Ceará e a configuração de um hub de hidrogênio verde no Complexo do Pecém.
O Ceará tem plenas condições de ser um hub de hidrogênio verde não só pela estrutura física existente, como por outras questões como a parceria com o Porto de Roterdã, o que nos qualifica ainda mais para a exportação. Isso refere-se à condição especial de movimentação do hidrogênio na ponta do importador. Diferentemente de variadas mercadorias que chegam em containers diretamente na maioria dos portos do mundo, esta alternativa energética chega na forma de amônia, metanol ou hidrogênio liquefeito e requer transporte especializado, uma expertise de Roterdã, porta de acesso aos principais mercados internacionais.
Outra vertente positiva é que a produção da planta de hidrogênio verde do Ceará poderá ter na Alemanha um grande cliente. O empreendimento chega num momento ainda mais propício, ocasião em que o governo alemão planeja realizar leilão internacional ainda neste ano (provavelmente entre agosto e setembro) para definir projetos nesta área buscando preços mais competitivos, inclusive garantindo subsídios oficiais.
Lideranças em sintonia
De acordo com a secretaria executiva da Indústria da Secretaria do Desenvolvimento e Trabalho do Ceará (Sedet), o Ceará está preparado para receber novas empresas. Há abundante energia renovável, estrutura física para uma planta de porte e um governo sintonizado com os novos tempos para garantir um ambiente favorável aos negócios em um dos melhores Estados para se investir, segundo aponta.
O projeto de hidrogênio verde é fruto da união de forças públicas e privadas. O Ceará alinha-se à tendência energética mundial ao lado da Europa, Japão e Coreia. Conforme a Sedet, a visão e sintonia das lideranças cearenses e a transparência da governança do Ceará atraiu o primeiro grande investimento de US$ 5,4 milhões por parte da australiana Enegix Energy, com quem o Governo assinou em 19 de fevereiro memorando de entendimento para sua implantação do Complexo.
O fato marca o início de uma jornada que promete transformar a realidade socioeconômica da região com maior geração de riquezas e de empregos. Mas o legado maior será a estratégia de integrar uma nova economia baseada na produção e utilização de combustível renovável, garantindo suprimento energético para o Brasil e América Latina.