O uso de novas ferramentas com foco no engajamento e no aprendizado tem levado empresas e instituições de ensino a buscarem jogos educativos aplicados às mais diversas necessidades. Esse processo é conhecido como gamificação e está cada vez mais presente nos setores de gestão, logística e recursos humanos das empresas e, principalmente, em escolas e universidades, que, nesse período de ensino remoto, têm o desafio de manter os alunos matriculados e motivados.
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No Ceará, essas soluções têm surgido de empresas como a School King, que desde 2018 comercializa jogos para escolas. “Nosso foco é resolver problemas que o gestor tem na escola. Esses problemas existem há muito tempo e o setor do entretenimento já tinha uma solução, mas ela não estava aplicada com esse foco específico”, afirma Matheus Bringel. Ele explica que em 2016 começou a testar os jogos com a aplicação de tarefas de casa e o resultado foi surpreendente. “Vimos que funcionava muito bem, inclusive com o ensino da matemática. Então montamos uma equipe, criamos uma startup e ganhamos um prêmio da Prefeitura de Fortaleza e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)”, conta.
A solução da School King é voltada para os ensinos Fundamental I, II e Médio, mas já teve aplicações para universidades, de acordo com Bringel. “Os principais ganhos são maior retenção dos alunos, redução da inadimplência, melhoria dos resultados pedagógicos, maior satisfação dos pais e automatização do trabalho dos professores”, destaca. E, com as mudanças impostas pela pandemia, ele acredita que as escolas vão procurar modernizar ainda mais suas ferramentas.
“Até a pandemia temos uma era, daqui para frente teremos outra. Hoje percebemos uma maior conscientização do mercado e passamos a vender para outros estados. A gamificação veio para ficar e acredito que estamos numa transição. Nos próximos meses muitas empresas devem investir nessa área”
Matheus Bringel, CEO e fundador da School King
Também cearense, a Up Business Game criou três jogos voltados para universidades e empresas. “Nós temos três versões e todas giram em torno da indústria. Elas abrangem todos os setores, como compra de insumos, venda, gestão, produção, marketing, recursos humanos. Na simulação são avaliados três indicadores: endividamento, participação de mercado e lucro, ou seja, cada um cria suas próprias estratégias para vender mais, cuida dos relatórios contábeis e tem a opção de ir ao banco fazer aplicação ou operação de crédito”, explica o empresário Gustavo Peter.
Dois dos três jogos criados pela empresa têm como foco cursos de graduação, pós-graduação e treinamento empresarial, sendo que um inclui o setor de logística e transporte, simulando a entrega do produto ao consumidor final. A terceira versão, ainda em fase de testes, será um jogo de startups para jovens dos dois primeiros anos do Ensino Médio.
“Muitas empresas estão buscando esse tipo de ferramenta e os resultados têm sido bastante positivos. As instituições de ensino também têm percebido o valor da gamificação porque encontraram mais engajamento, retenção de alunos e a possibilidade da interdisciplinaridade. O uso de jogos torna o processo mais leve, mais criativo, mais participativo e mais competitivo”
Gustavo Peter, CEO da Up Business Game
De acordo com Peter, a Up Business tem registrado um crescimento robusto e, para dar conta da alta demanda e garantir a qualidade, está investindo na reestruturação do servidor e do banco de dados. “Iniciamos 2021 com crescimento de 100% em relação ao início de 2020 e nossa projeção de curto prazo é de continuar nessa tendência de alta. A princípio nosso foco é crescer no Ceará e depois começar a expansão para o Nordeste e para o resto do país”, completa.
A empresa foi uma das incentivadas pelo programa Corredores Digitais, do Governo do Ceará, que fomenta a criação de startups no estado.
“A educação é um dos tópicos mais importantes que a gente trabalha e, nesse período de distanciamento social, as ferramentas têm sido bastante requisitadas pelo mercado”
Wesley Lucena, agente de Desenvolvimento do Corredores Digitais
Aprendizado prático
A UniAteneu há quatro anos recorre aos jogos educativos como forma de dar uma experiência mais realista para os alunos dos cursos de graduação. Segundo o pró-reitor da instituição, Cláudio Bastos, os jogos são usados principalmente nas áreas de gestão, tecnologia e saúde.
“Procuramos trazer a prática para a sala de aula, uma experiência que simula a realidade. Estamos investindo em tecnologia também na área contábil, do Design e vamos adquirir uma solução para a área do Direito. No próximo semestre vamos intensificar ainda mais, nunca como uma forma de substituir o professor, mas para dar ainda mais qualidade ao ensino”
Cláudio Basto, pró-reitor da UniAteneu