Considerada, desde os tempos do Império, como uma saída para as sucessivas secas do semiárido nordestino, as águas da transposição do rio São Francisco chegaram ao açude Castanhão em março passado e já trazem otimismo para produtores do Ceará. Somadas às chuvas do primeiro semestre, a expectativa é que as águas da transposição melhorem os níveis dos reservatórios, beneficiando os produtores do estado.
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O titular da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), Francisco De Assis Diniz, destaca que a transposição beneficia cerca de 4,5 milhões de cearenses e será cada vez mais importante para o desenvolvimento da agricultura no Estado.
“Do ponto de vista da agricultura familiar, representa não apenas um aporte hídrico, como também encontra impacto no lençol freático e um incentivo para os setores da pecuária e da fruticultura irrigada. A SDA dispõe de investimentos na ovinocaprinocultura, na bovinocultura leiteira e na fruticultura nestas regiões. Ainda assim, do ponto de vista político, o que observamos é que ainda é preciso aprofundar o debate sobre a partilha deste novo aporte”
Francisco De Assis Diniz, secretário da SDA
Já o coordenador de Recursos Hídricos para o Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do estado (Sedet), Erildo Pontes, explica que a água da transposição deve liberar parte do volume dos reservatórios para a produção agropecuária.
“Estamos aprendendo com a chegada da água, é tudo muito novo. Estamos observando quanto vai evaporar, quanto vai infiltrar no solo e qual será o volume de chuvas deste ano, que deve ficar abaixo da média. A grande vantagem imediata é garantir água para o consumo e ter sobra para a produção de tilápia, frutas e leite em regiões onde há reservatórios. Seguramente apostamos em melhoria na produção”, analisa.
Vazão da água
O representante da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) no Conselho Estadual de Recursos Hídricos, João Teixeira, afirma que, por enquanto, “a expectativa é maior que a realidade” por conta da baixa vazão.
“A água chega a quase 300 quilômetros de distância do Castanhão e não tem viabilidade técnica durante o verão. A vazão é muito pequena e no verão ela evapora e se infiltra no solo. Precisamos esperar que o governo conclua a obra do Cinturão das Águas para ter um volume considerável”
João Teixeira, representante da Faec no
Teixeira, que também é produtor de frutas, levanta a questão do custo da água. “Em termos de valores, não se sabe quanto vai custar o metro cúbico. Mas de uma maneira geral, acredito que o impacto na agricultura irrigada será indireto. Com um volume razoável para o abastecimento de Fortaleza, sobra mais água no Castanhão para a produção”, conclui.