O setor supermercadista é uma atividade essencial que responde por 5,2% do PIB brasileiro. Pelo mix variado de produtos, o supermercado se transformou no principal endereço de compras nesta pandemia. (Foto: Freepik)

Supermercados mantêm projeção de crescimento de 4,5% neste ano

Por: Gladis Berlato | Em:
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Por ser atividade essencial que responde por 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e pelo mix variado de produtos, o setor supermercadista brasileiro se transformou no principal endereço de compras nesta pandemia, recebendo parte relevante da ajuda emergencial do governo. Por conta disto, 2020 foi positivo com um avanço de 9,36% sobre 2019. Para 2021, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mantém a projeção de crescimento de 4,5%, principalmente pelos efeitos da vacinação e consequente volta das demais atividades à normalidade, movimentação que gera maior consumo. No Ceará, que registrou queda de vendas entre 3,5% e 5% no primeiro trimestre, a expectativa é de menores taxas de crescimento.


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Janeiro registrou uma reação positiva de 12% sobre o mesmo mês em 2020, mas caiu 18% sobre dezembro. Em fevereiro, divulgado nesta quarta-feira (14), teve aumento de 5,18% no mês, mas queda de 6,75 sobre janeiro. Mas, ainda assim, o setor cresceu no acumulado do ano em 7,57%. Márcio Milan, vice-presidente Institucional e Administrativo da Abras, acredita na continuidade da curva de crescimento, mesmo com menor intensidade. “Vamos crescer, mas com base em valores menores”, afirma.

Afinal, os alimentos, segundo ele, absorveram em torno de 60% dos recursos emergenciais, situação que deve se manter, mas em valores menor escala.

“O fato é que o consumidor tem ido menos aos supermercados, mas compra mais quando vai, fazendo substituições de produtos para maior rendimento de seu dinheiro”

Márcio Milan, vice-presidente Institucional e Administrativo da Abras

Convém lembrar que a Páscoa pode trazer mais um alento com vendas 1,9% maiores no varejo físico durante a Semana Santa, conforme Indicador da Serasa Experian de Atividade do Comércio, o que deve impactar o desempenho dos supermercados na próxima pesquisa. Diferentemente da traumática Páscoa do ano passado com o pior resultado de toda a série histórica (-23,8%).

No Ceará, a situação é semelhante. Segundo o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, embora tenha registrado avanços em 2020, o setor não saiu ileso da pandemia. Ele refere-se aos aumentos nos custos de operação das lojas, obrigadas a melhor se estruturarem, notadamente na questão tecnológica e readequações logísticas para garantir o funcionamento e sustentar as vendas, principalmente por delivery.

“A grande preocupação do varejo tem sido com o absoluto cumprimento dos protocolos sanitários”, diz ele, reafirmando que, acima de tudo, é preciso garantir a segurança de funcionários, clientes e fornecedores. “Foram necessárias muitas adequações”, comenta Nidovando, que vivencia a rotina do setor como presidente da Rede Uniforça com 32 associados e 71 lojas e como empresário do ramo no Grupo Nidobox Supermercados.

Ele lembra que no ano passado havia maiores reservas financeiras tanto por parte dos empresários como dos consumidores, parcela deles com o reforço do auxílio emergencial, então bem acima do atual. E também estava na cabeça dos clientes o medo do desabastecimento, o que aumentou o volume de compras por segurança. Para 2021, Nidovando Pinheiro diz que a tendência é de desacelerar, a julgar pelo primeiro trimestre que registrou queda de vendas de 3,5% a 5%.

O comportamento do cliente traduz esta realidade. Atualmente, os carrinhos chegam aos check outs mais vazios e também diminuiu a compra de marcas, de maior valor agregado, sendo substituídas por itens mais populares.

“Apesar do aumento de preços na cadeia de suprimentos, os supermercados continuam garantindo o abastecimento das famílias, que está normalizado, à exceção de itens como alguns cortes de carne”

Nidovando Pinheiro, presidente da Acesu

Mesmo diante dos obstáculos, pela sua importância e pela missão que desempenham nesta pandemia, os supermercados respondem pelo giro na roda da economia mantendo e até ampliando os empregos. Segundo informações da Associação Paulista de Supermercados (Apas), somente no estado de São Paulo foram contratados 20 mil trabalhadores durante a pandemia. No Ceará também houve contratações, mas não há dados oficiais disponíveis, da mesma forma que o dado consolidado no Brasil.  Sabe-se apenas que as contratações foram mais concentradas em profissionais para controle de entrada, checagem de temperatura e para a higienização das lojas e retaguarda.  

Para André Siqueira, presidente do Sindicato da Indústria de Alimentos do Ceará (Sindialimentos), de fato, o mercado varejista de alimentos teve um desempenho significativo em 2020, de 18%, na comparação com 2019. 

“Esta performance se deve também, à abertura de novas lojas no mesmo período, o que também sinaliza para a criação de novos postos de trabalho”

André Siqueira, presidente do Sindialimentos

Na avaliação do economista e diretor da BFA, Célio Fernando Bezerra Melo, a pandemia acabou favorecendo o setor de alimentos e de supermercados e, por consequência,  toda a cadeia produtiva, o que explica o crescimento nacional deste segmento, que ainda tem boas perspectivas. O auxílio emergencial foi importante, especialmente nas regiões mais precárias como o Nordeste. “Houve uma enorme adaptação aos novos tempos acompanhados pelo setor supermercadista”, diz ele.

No mercado de capitais também houve movimentos importantes como o IPO do Grupo Mateus, com valor aproximado de mercado R$ 17 bilhões. Também aconteceu a recente aquisição do Grupo Big (ex-Walmart Brasil) pelo Carrefour. Sabendo-se, ainda, que fora do mercado de bolsa de valores também há consolidações em andamento envolvendo pequenos supermercados em várias regiões fortalecendo-se através de fusões e aquisições organizando-se em redes, ainda que menores, mas mais estruturadas.

“Houve uma aceleração de uma série de conceitos que começaram a ser discutidos em 2014 com a indústria 4.0 que foram abreviados com a pandemia”

Célio Fernando Bezerra Melo, economista

Entre eles estão e-commerce, novas formas de canais de distribuição, mais tecnologia e aprimoramento da logística que melhoraram a operação desta importante atividade econômica. 

Cenários Trends

Com a pandemia, os supermercados, considerados serviços essenciais, aumentaram seu faturamento. É um dos setores que mais cresceram, o que implica também em adaptações, contratações e abastecimento e é sobre isso o Cenários Trends desta quinta-feira (15). Sobre o tema “Setor supermercadista: cenário, desafios e projeções para 2021”, Célio Fernando, diretor da BFA, conduz essa conversa com Nidovando Pinheiro, presidente da Acesu, e André Siqueira, presidente do Sindialimentos.

O Cenários Trends são webinários com a participação de especialistas para debaterem sobre assuntos relacionados à atualidade e às tendências na área de Economia, com foco no cenário de negócios e investimentos para o Ceará. O programa faz parte do cronograma de conteúdos estratégicos da TrendsCE. Estreia às quintas-feiras, às 19h, no YouTube.

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