Ideias inovadoras de startups de nove macrorregiões do Ceará serão selecionadas, a partir de maio, para que criem soluções para questões que afetam os principais setores desses locais. A iniciativa faz parte do Programa Clusters Econômicos de Inovação, do Governo do Estado, que recebeu, até o último dia 27, propostas de problemas que afetam a economia das regiões.
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O coordenador de Atração de Negócios de Inovação Tecnológica da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Expedito José de Sá Parente Júnior, explica que foram enviados mais de 300 problemas em mais de duas mil participações, com o envolvimento de instituições de ensino, entidades e governos, e que as startups são a conexão com o mercado e têm a função de criar soluções competitivas.
“Um bom problema é aquele que tem grande impacto, que não seja de uma empresa só, mas daquela região ou até de outras regiões. Queremos soluções a uma demanda real. E a empresa é uma parceira da solução, a startup já nasce com um potencial cliente”.
Expedito Parente Jr., coordenador de Atração de Negócios de Inovação Tecnológica da Sedet
Quanto ao prazo, ele acrescenta que o objetivo é gerar negócios em até um ano. “A ideia é ter soluções de baixa complexidade e de ganho rápido, em até um ano”, diz. De acordo com Expedito Júnior, o grande diferencial do programa é o potencial de transformação do interior, já que tanto startups quanto pesquisadores selecionados devem ser da respectiva região.
“É um grande projeto de desenvolvimento, cujo objetivo é melhorar a competitividade de setores das 14 regiões de planejamento do Ceará. Cada uma tem suas competências e vocações, e tem, além da força econômica, a ciência e a tecnologia. A inovação tem como objetivo o aumento de produtividade, além de criar ambiência de criação de startups e retenção de talentos. Queremos distribuir melhor as oportunidades, reduzir a concentração”, resume.
O articulador da Unidade de Competitividade dos Negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-CE), Régis Dias, destaca que o desenvolvimento gerado nas próprias regiões tende a ser perene. “Existem duas formas de levar o desenvolvimento para o interior: a exógena, levando uma fábrica para determinada região, por exemplo, e a endógena, que é mais sustentável. Os clusters são vocações regionais e territoriais e isso traz sustentabilidade econômica, valoriza cultura e os setores. O Sebrae acredita muito nessa forma de desenvolvimento porque ela permanece, independentemente das gestões, dos governos”, afirma.
Para Dias, o Ceará tem sido exemplo nacional na criação de soluções inovadoras e destaca que, após a pandemia, a inovação passou a ser uma necessidade constante de todos os setores.
“A inovação é decisiva e essa necessidade foi acelerada pela pandemia. É preciso inovar não só no produto, mas no processo e na relação com o cliente. E, para inovar, é preciso investir em gente. É um processo que acontece de dentro para fora e o Ceará tem acreditado nisso, investido nisso. Temos grupos que começaram pequenos e hoje têm padrão nacional”.
Régis Dias, articulador da Unidade de Competitividade dos Negócios do Sebrae
As regiões e os setores deste segundo ciclo do Programa Clusters Econômicos de Inovação são: Litoral Norte (agropecuária, extrativismo e agroindústria; comércio e indústria de madeira e papel com ênfase no Polo Moveleiro da região, e turismo); Litoral Leste (agropecuária, extrativismo e agroindústria; turismo e infraestrutura e logística); Sertão dos Crateús (comércio; construção civil e setor imobiliário, e agropecuária, extrativismo e agroindústria); e Serra da Ibiapaba (agropecuária e extrativismo e agroindústria; turismo, infraestrutura e logística).
O coordenador de Atração de Negócios de Inovação Tecnológica da Sedet, também explica que, por conta das limitações impostas pela pandemia no ano passado, as regiões do primeiro ciclo também farão a seleção de startups em 2021. O Ciclo 1 do programa foi iniciado em 2019 com cinco regiões: Cariri, Sertão Central, Sertão de Sobral, Vale do Jaguaribe e Grande Fortaleza.
“Toda inovação surge a partir de um problema que se quer resolver e vamos priorizar três problemas em cada um dos clusters e contratar, por meio de bolsas da Funcap (Fundação Cearense de Apoio Científico e Tecnológico), até dois pesquisadores que serão mentores das startups, que serão selecionadas por meio de chamamento público e vão desenvolver soluções e produtos para esses problemas prioritários”, detalha Expedito Júnior.
Entre os problemas já levantados pelas regiões, ele cita a dificuldade de operação e manutenção de equipamentos de energias renováveis, considerando as condições climáticas do Ceará; o baixo aproveitamento do pedúnculo do caju, na área agrícola; e os problemas de gerenciamento do trabalho remoto, na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). O terceiro ciclo do programa será lançado no segundo semestre deste ano.