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Startups de ESG impactam mercado de inovação cearense

ESG: três letras que vêm orientando o caminho da inovação. Cada uma delas representa um aspecto importante que as empresas precisam estar comprometidas nos próximos anos. A sigla em inglês de environmental, social and corporate governance que, traduzida, compreende os significados de ambiental, social e de governança, vem marcando presença no cenário das startups brasileiras. É o que mostra o estudo Inside ESG Tech Report, feito pelo hub de inovação Distrito.


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Segundo Mark Kenzler Facciolla, analista do Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado da plataforma de inovação aberta Distrito, o estudo é um recorte de como as startups podem ajudar as empresas nessa transformação ESG. Foram mapeadas 740 startups no Brasil que, dentro das categorias de ESG, apresentaram 36% das empresas com soluções para o social, 34,7% com soluções ambientais e 29,1% com soluções de governança.

“Os nossos dados de investimento mostraram que isso tem crescido bastante. Tanto é que dos US$ 991 milhões que a gente tem mapeados, que foram investidos em startups, 90% foi de 2017 para cá, ou seja, dos últimos três anos para cá. Em 2021, já foram US$ 80 milhões, que é aproximadamente 30% do volume do ano passado”.

Mark Kenzler Facciolla, analista do Distrito Dataminer

Uma pesquisa da consultoria de inovação corporativa ACE Cortex, mostra que a ideia de a sustentabilidade fazer parte do universo corporativo já teve início nos anos 90, quando a expressão triple bottom line ganhou força nas corporações, indicando que os resultados ambiental, financeiro e social da empresa deveriam ser avaliados de forma equilibrada. Era o embrião do que hoje é chamado ESG.

ESG no Ceará

“Dentro do ambiente de ESG, nós temos os investidores, que optam por empresas que trabalham nesse conceito, e nós temos as startups, que prestam serviços baseados no ESG para contemplar empresas que precisam ter esse mecanismo no portfólio delas, e nós temos as empresas que praticam ESG na governança”, explica Alan Kardec, mestre em Administração e Controladoria com foco na tecnologia blockchain, board member do projeto de Finanças descentralizadas UniWeeks e executivo da Moeda Seeds.

A Moeda Seeds é uma fintech de impacto social, com solução toda baseada na tecnologia blockchain. “Ela oferta um serviço onde propõe que o financiamento de projetos sociais pode gerar impacto e, consequentemente, se as empresas se interessam em financiar esses projetos, estão praticando um movimento dentro do ESG delas para contemplar essa demanda”, explica. Alan comenta que a Moeda busca oferecer essa solução, mas também tem o desafio de praticar o ESG.

“As startups também têm o desafio de se enquadrar na própria ESG. Faz parte dessa evolução já que, no Brasil, a gente está começando essa parte, está aparecendo agora na pauta”.

Alan Kardec, mestre em Administração e Controladoria

Outra startup que também ganhou destaque nesse cenário foi a Sunne Energias Renováveis, uma empresa de relacionamentos que utiliza a tecnologia para democratizar o acesso a energias renováveis. “A Sunne é uma alternativa para quem não quer investir em usinas próprias. Somos um marketplace que conecta donos de usinas solares, que ficam remotos, geralmente no interior do Ceará, com pequenas e médias empresas e condomínios também”, explica Yuri Frota, cofundador da Sunne.

Atualmente, a Sunne conta com mais de 300 unidades consumidoras, sendo a grande parte de clientes feita por pequenas empresas. “Nosso mercado está crescendo bastante. Do ano passado para cá, a gente cresceu cinco vezes”, comenta Yuri.

O futuro é ESG?

Yuri Frota aponta que, apesar de acreditar que a motivação principal para a adoção de energias renováveis seja ainda a economia financeira, já existe um grande apelo para a sustentabilidade, com preocupações realmente voltadas para um planeta mais sustentável.

Outro fator que impacta essa mudança de consumo no mercado de energia, segundo ele, é que, cada vez mais, o consumidor tende a ficar empoderado. E as pessoas têm buscado empresas que carreguem essa preocupação socioambiental.

“Do mesmo jeito que o consumidor consegue ter poder hoje no mercado de comunidade, no mercado de e-commerce, e em outros mercados, a gente acredita que isso vai acontecer para o mercado de energia também. Já está tendo um movimento para que o consumidor possa ser livre e escolher de quem quer comprar energia”.

Yuri Frota, cofundador da Sunne Energias Renováveis

Alan Kardec situa que não dá para considerar que toda startup de impacto, necessariamente, vai ter um relatório ESG completo. Muitas vezes, isso acontece porque existe um investidor que tenciona as organizações a ter esse compromisso muito mais forte. “O que pode acontecer é um investidor dizer claramente que um dos pontos que têm peso no investimento é o compromisso com o meio ambiente, é a questão dos modelos de governança flexíveis, mais humanos, e a questão do impacto social. Aí as startups, por outro lado, correm também para se enquadrar nesse contexto”, explica.

Para ele, o blockchain também tem papel fundamental nessa agenda. “É a única tecnologia hoje que é descentralizada e, por isso, traz consigo oportunidades para que se tenha, cada vez mais, soluções transparentes, seguras. Ou seja, é uma tecnologia que, para o desenvolvimento social, é muito importante, principalmente no que diz respeito à transparência”, pontua.

Sobre os pilares da ESG marcarem presença no futuro, Alan acredita que essa é uma tendência que veio para ficar. “Cada vez mais, os grandes fundos de investidores vão olhar para essas características de compromisso e vão forçar as organizações a adotá-las, inclusive a própria administração pública”, conclui. Para Mark Kenzler Facciolla, a tendência também é de crescimento. “O movimento como um todo, as discussões em torno do tema, a pressão de investidores e da sociedade por empresas mais sustentáveis deve, com certeza, potencializar o tema nos próximos anos”.

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