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Biodiversidade das águas: preservação ajuda a economia local prosperar

O desenvolvimento sustentável tem sido importante pauta, principalmente no que diz respeito à preservação de recursos naturais, que possibilita a geração de emprego e renda a partir da biodiversidade. O Ceará, inclusive, vem apostando nisso com o programa Ceará Mais Verde, que tem como objetivo a preservação da fauna e da flora locais, criação de Unidades de Conservação e outros instrumentos para garantir a biodiversidade.


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O Programa Cientista-Chefe do Meio Ambiente, por exemplo, uma parceria entre o meio acadêmico e a gestão pública, tem caminhado para fortalecer ações sustentáveis, como a criação dos Inventários da Fauna e da Flora, que, no momento, têm apontado quais animais e vegetais estão em risco de extinção. “Saber disso é fundamental porque, a partir desse conhecimento, vamos ter políticas específicas voltadas para a preservação da nossa biodiversidade”, comenta Artur Bruno, secretário do Meio Ambiente do Ceará (Sema).

Entre as iniciativas que buscam garantir a preservação dos recursos naturais do Estado, está também o aumento das Unidades de Conservação. Até o final do atual governo estadual, em 2022, Artur Bruno afirma que o Ceará terá mais 17 unidades.

“Mas não adianta só criar mais unidades, nós precisamos cuidar bem delas. Existem instrumentos importantes nessas unidades que são os Planos de Manejo. Isso é importante porque quanto mais árvores, mais água, e água é um dos grandes problemas no estado do Ceará”.

Artur Bruno, secretário do Meio Ambiente do Ceará

Inclusive, até o ano que vem, a Sema deverá fazer um trabalho de recuperação de nascentes de rios e de riachos no Ceará, em parceria com a Companhia dos Recursos Hídricos (Cogerh) e a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado (SRH).

Preservação das águas

Artur Bruno comenta ainda que, quando o período chuvoso termina, o volume de água observado nas represas locais ainda é insuficiente. “Mas acreditamos que a preservação da flora tem tudo a ver com a quantidade de água. Se a gente realmente preservar a mata ciliar dos rios, a vegetação em torno das nascentes, isso é fundamental para a preservação da água. O Ceará é uma referência na gestão dos recursos hídricos. Mesmo entrando em situação crítica, nunca tivemos uma situação de colapso”, avalia.

Esse comportamento de preservação das águas está presente na Associação Ambiental e Cultural do Mundaú (AACM). Localizado no Trairi, o estuário do Rio Mundaú é considerado uma Área de Proteção Ambiental (APA) do Ceará. Atualmente, a AACM atende crianças e jovens do município, incentivando ações de conscientização e preservação da biodiversidade local. O grupo mantém também o Museu do Mar, onde fazem apresentações sobre o vilarejo a quem visita a região.

O professor Marcos Aurélio Irineu de Castro, que trabalha na Associação, comenta a importância do trabalho para mudar a relação da comunidade com o meio ambiente e, assim, desenvolver um comportamento sustentável.

“Antigamente, todo homem que decidisse se casar tinha que ter um cavalo-marinho. Agora, você imaginou cada um tirando um cavalo-marinho do mar? É um grande prejuízo para a natureza. Nós tivemos que fazer todo um trabalho para salvar o cavalo-marinho através do Museu do Mar”. 

Marcos Aurélio, da Associação Ambiental e Cultural do Mundaú

“As espécies do estuário se reproduzem em maior quantidade. Elas vêm para a área do estuário em busca de alimentação, os pescadores podem pegar os peixes, vender, e ganhar seu dinheiro”, explica Marcos Aurélio, evidenciando a importância de manter o equilíbrio inclusive para fortalecer a própria economia local.

Além de ser um modo de garantir a proteção do ecossistema, o Museu do Mar também é outra fonte de renda. “Porque o visitante, o turista que vem de fora, ele deixa um recurso, um dinheiro que fica na comunidade. Que o mercado vende, que o açougueiro vende, que a pousada vende, e que vai chegar a todo mundo”, pontua o professor.

Perspectivas de preservação

O zoneamento ecológico econômico do litoral cearense, previsto para ser enviado como proposta de lei para a Assembleia Legislativa em agosto de 2021, também é um outro passo importante para alinhar os objetivos socioambientais ao desenvolvimento econômico do Estado. “São 23 municípios que estão sendo mapeados e já fizemos inúmeras reuniões com empreendedores, comunidades tradicionais, órgãos públicos municipais, estaduais e federais de cada região, para que a gente possa saber em que áreas podemos fazer empreendimentos, que áreas têm que ser preservadas, as chamadas Áreas de Preservação Permanente, como dunas, mangues, estuários de rios, vegetação ciliar”, avalia Artur Bruno.

Para Marcos Aurélio, o foco para os próximos anos deve ser preservar e tentar resgatar o que ainda existe de biodiversidade. E reforça que educar os jovens a partir de agora sobre o uso sustentável do meio ambiente é o melhor caminho para o desenvolvimento econômico das comunidades. “Quando há o uso desenfreado dos recursos naturais, as pessoas não entendem que, mais para frente, vão pagar caro por isso. Entre os nossos jovens, aqueles que forem pescadores no futuro, por exemplo, já sabem como fazer a sua parte”, garante o professor .

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