A busca por uma maior produtividade, economia de custos e sustentabilidade tem levado cada vez mais tecnologia e inovação ao campo. Dados do Distrito Agtech Mining Report mostram que os investimentos em startups que atuam no agronegócio brasileiro, as chamadas agtechs, ultrapassaram os US$ 160 milhões desde 2009, sendo que, mais da metade desse valor, foi aportado nos últimos três anos.
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O estudo também revela que há 298 startups voltadas para o agronegócio em atividade no Brasil. A categoria Agricultura de precisão é a mais representativa, com 38% do total. Entre as soluções levantadas, destacam-se a oferta de software de gestão da produção agropecuária e uso de internet das coisas e big data analytics para o campo, além de biotecnologias, automação, robotização e soluções de marketplace.
Em termos de participação no Produto Interno Bruto (PIB), o agronegócio vem crescendo e chegou a 26,6% no ano passado. Em 2019, o percentual era de 20,5%. Esse aumento se deve à expansão recorde de 24,31% registrada no ano passado, na comparação com 2019, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
No Ceará, a Agropaulo Agroindustrial, empresa do Grupo Telles, está investindo há quatro anos no desenvolvimento de um aminoácido essencial para a avicultura e suinocultura que ainda não é produzido no Brasil.
“Estamos desenvolvendo um produto em parceria com a Universidade de São Paulo, que é a produção de um aminoácido, a metionina, essencial para a avicultura e para a suinocultura. Praticamente, 100% desse produto é importado no Brasil. Em agosto desse ano, vamos testar e ver a viabilidade econômica”
Paulo Telles, CEO do Grupo Telles
De acordo com ele, a empresa também procura inovar nos processos de produção e no aproveitamento dos materiais. “Para que dê resultado, é preciso ser sustentável e fazer uso de tecnologia e inovação. Em Tocantins, a gente trabalha com a integração entre lavoura e pecuária e ainda conseguimos tirar até três safras por ano: soja, milho e capim. Na fábrica de etanol, usamos o bagaço da cana para fazer compostagem e a adubação do campo, além de produzir briquete, que é uma espécie de lenha orgânica. Em Jaguaruana, temos a produção de óleos essenciais com vegetação nativa, como citronela para a produção de defensivos agrícolas naturais. Também trabalhamos com o combate biológico de pragas com microorganismos, sem danos ao meio ambiente”, exemplifica.
No interior do Estado, em Quixadá, a Sitiá Brasil surgiu com soluções para a produção de camarão utilizando a internet das coisas (IoT).
“Temos um hardware que fica nos viveiros e coleta o ph e a temperatura da água. Esses dados são enviados para a nuvem e vai para o aplicativo instalado no celular do produtor”
Matheus Fernandes, sócio da empresa
Centro de Tecnologia em Cultivo Protegido
O Governo do Ceará também está apostando na inovação no agronegócio e vai implantar, na região do Cariri, um Centro de Tecnologia em Cultivo Protegido para a produção de frutas, hortaliças, flores e criação de peixe e camarão.
“Vai ser um centro de referência estadual e vai buscar desenvolver novas tecnologias. A proposta é demonstrar aos produtores do Cariri e de todo o Estado uma nova alternativa de produção no setor agrícola. A tecnologia em cultivo protegido tem como destaque a maior produtividade, o menor uso de defensivos agrícolas, menor uso de água, garantindo ter controle de produção em qualquer época. Isso ajuda na questão do preço e em pequenas áreas é possível ter uma renda satisfatória para o agricultor”
Sílvio Carlos Lima, secretário executivo do Agronegócio da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet)
A estimativa é de ganhos econômicos próximos a 400% nos cultivos protegidos em relação aos tradicionais. Essa experiência já é aplicada com sucesso na Holanda, Israel e Espanha, entre outros países. “A ideia é que a gente possa disseminar as tecnologias para os agricultores e atrair empresas para a região, tendo o centro de suporte tecnológico”, conclui o secretário.
O Centro será sediado em Barbalha e a ideia é transferir a tecnologia aos produtores em parceria com diversas entidades, como a universidade holandesa de Wageningen, a Unicamp, a Embrapa, o IFCE, o Sebrae e a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec).