Estima-se que as perdas com a competição podem chegar a um valor entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões com a queda drástica da receita prevista de ingressos, patrocinadores e turismo. (Foto: Freepik)

O impacto dos jogos Olímpicos na economia brasileira e local

Por: Raul Galhardi | Em:
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O principal evento esportivo do mundo, as Olimpíadas, ocorreu neste ano em meio a uma conjuntura singular, marcada pela pandemia que assola o mundo e que forçou o seu adiamento por um ano. Diante desse cenário, os benefícios econômicos que um evento dessa magnitude pode gerar, seja no país-sede ou em outros países, acabam tornando-se bastante limitados.


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Os japoneses esperavam um enorme retorno com os jogos. De acordo com dados do Banco do Japão, a expectativa era de que os ganhos com o evento chegassem a US$ 300 bilhões até 2030. Com o impulso dado pela visibilidade dos Jogos, o país projetava quadruplicar o número de turistas recebidos por ano, dos atuais 15 milhões para 60 milhões.

Porém, essa não parece ser a realidade que se concretizará. Estima-se que as perdas com a competição podem chegar a um valor entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões com a queda drástica da receita prevista de ingressos, patrocinadores e turismo.

O evento, que foi orçado inicialmente em US$ 7,3 bilhões em 2013, acabou custando cerca de US$ 22 bilhões, segundo dados do Conselho Fiscal Nacional do Japão, tornando-se um dos mais caros da história.

Possíveis reflexos no Brasil e no Ceará

Diante da conjuntura específica atual, existe a possiblidade dos jogos Olímpicos gerarem algum impacto econômico no Brasil e no Ceará? Pelo fato de o mundo encontrar-se em um contexto pandêmico e pela distância do evento do Brasil, é consenso entre os especialistas entrevistados pela TrendsCE que a competição refletirá de forma tímida e em poucos setores, como no esportivo e de comunicação.

Para Jean Crouzillard, economista e gestor empresarial, há uma série de fatores em jogo que diminuem o impacto das Olimpíadas no Brasil: o fato dela ser no exterior; limitações de deslocamento e de realizações de eventos; e a falta de investimento do setor público brasileiro na imagem do país durante os jogos.

“Quando ela foi realizada no Rio de Janeiro, o impacto na economia brasileira e cearense foi percebido de forma mais intensa, principalmente no turismo e na divulgação do Brasil para o resto do mundo. Porém, no formato atual, sem torcidas, e no Japão, em que as competições ocorrem em um horário não muito cômodo para se assistir aqui (noite e madrugada), o impacto econômico e na mídia fica reduzido”

Lauro Chaves Neto, economista professor da Uece e PHD pela Universidade de Barcelona.

Alcântara Macedo, economista e sócio da IDBO Internacional, diz que um evento internacional do tamanho de uma Olimpíada sempre costuma trazer algum benefício para área econômica. “No entanto, a Olimpíada de Tóquio está acontecendo em um momento muito difícil, que é a pandemia, e evidentemente esse impacto não tem a mesma repercussão de um período normal”.

Entretanto, segundo o sócio da IDBO Internacional, alguns efeitos imediatos já podem ser vistos. “Na medida em que o Brasil for bem-sucedido em diversas categorias, isso poderá fomentar inclusive melhorias em diferentes áreas. O surfista do Rio Grande do Norte (Ítalo Ferreira) já gerou uma repercussão na cidade dele, Baía Formosa. Aumentou o turismo, o comércio local, e isso certamente gerará propaganda, entrará na mídia, o que também movimenta o mercado de comunicação”.

Outro fato imediato gerado pela competição foi o aumento das vendas de artigos de surfe e skate. As redes Netshoes e Centauro viram um aumento nas vendas de pranchas e acessórios de surfe, bem como de equipamentos ligados ao skate, que dispararam após a skatista brasileira Rayssa Leal, de 13 anos, conquistar medalha de prata na competição.

Efeitos a longo prazo

Em relação aos possíveis efeitos de longo prazo no Brasil e no Ceará, o economista Gilberto Barbosa acredita que o reflexo em categorias de atletas que apresentarem bons resultados será muito positivo. 

“Às vezes, esportes e atletas que não recebem tanta atenção podem passar a ter mais visibilidade e a receber mais patrocínios. Nós tivemos bons resultados no surfe e skate e isso poderá gerar mais competições aqui nessas modalidades, mas é um efeito difuso difícil de ser avaliado”.

Gilberto Barbosa, economista

Lauro Chaves Neto salienta a importância do esporte para o desenvolvimento qualitativo de um país. “Em termos econômicos, a cadeia que o esporte movimenta é muita grande: turismo, hospedagem, transporte, alimentação, preparação de atletas, venda de materiais esportivos. Isso acontece tanto com esportes coletivos, como basquete, vôlei, como esportes individuais, como surfe e skate.”

Para ele, o Ceará deve criar um planejamento estratégico para aproveitar a prática de determinadas modalidades esportivas. “Tudo isso deve fazer parte da estratégia de desenvolvimento do Ceará para que, aproveitando nosso clima, que nos permite fazer determinados esportes todo o ano, e movimentando a economia com uma série de eventos organizados de forma profissional, o esporte possa ser um eixo de crescimento da nossa economia”, finaliza.

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