O portal de Dados Abertos torna públicos informações diversas sobre a cidade em formatos aptos a serem usados por softwares desenvolvidos por e para qualquer pessoa. (Foto: Freepik)

Cidades sustentáveis: a importância de dados abertos para mobilidade urbana

Por: Sara Café | Em:
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“Transformar a experiência de deslocamento e mobilidade dos habitantes da cidade por meio de estratégias para uma cidade inteligente…” com essa premissa em mente, as novas tecnologias e aplicativos surgiram para ajudar a solucionar os problemas de mobilidade urbana e melhorar, cada vez mais, a sua qualidade. 


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Essa é uma das missões do aplicativo Moovit, empresa israelense que atua no Brasil desde 2014. De acordo com aplicativo de mobilidade urbana, o serviço é usado por 840 milhões de pessoas em 103 países, seguindo uma premissa simples: apresenta, com informações em tempo real, opções variadas de rotas, combinando diferentes modais de transporte, micromobilidade e caminhada.

Inclui, ainda, as estimativas de valor das passagens e de tempo de chegada ao destino. É bem intuitivo, e a base para tudo isso são os dados. Em uma sociedade cada vez mais conectada, tudo o que fazemos gera informações. E isso não seria diferente com a mobilidade. 

O Moovit foi construído em cima disso, e hoje reúne o maior repositório global de dados anônimos sobre mobilidade, que coleta 6 bilhões de pontos de dados todos os dias. O aplicativo acredita que uma boa política de dados abertos pode fazer muito para tornar as cidades mais integradas, mais sustentáveis, mais inclusivas e, com isso, mais simples de se transitar e de se viver.

Na capital cearense, foi lançado em 2014, o programa “Fortaleza Inteligente” que marca uma nova cultura na administração municipal, guiada pela abertura dos dados. O portal de Dados Abertos torna públicos informações diversas sobre a cidade em formatos aptos a serem usados por softwares desenvolvidos por e para qualquer pessoa. Trata-se de uma ferramenta de diálogo com a sociedade, que tem como propósito promover a inovação e a criatividade em prol da melhoria de serviços e da vida. 

O portal disponibiliza informações atualizadas em 50 indicadores urbanos, como urbanismo, saúde, educação, orçamento e finanças. E no quesito mobilidade, o site disponibiliza resultados quantitativos e qualitativos.

Os dados abertos beneficiam toda a cadeia da mobilidade urbana. É bom para os passageiros, que obtêm informações atualizadas para ganhar tempo e fazer a melhor rota. É bom para as prefeituras e Estados, que ganham mais transparência sobre o uso do transporte público e podem usar uma ferramenta poderosa para identificar gargalos. E é bom para as empresas e operadores, que conseguem visualizar um retrato fiel da sua operação para torná-la mais eficiente.

Experiência de Fortaleza na mobilidade sustentável

A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos de Fortaleza tem investido em melhorias para fortalecer o transporte ativo e sustentável, possibilitando, inclusive, o acesso público aos dados e informações da cidade para incentivar a participação e controle social. Por isso, a capital cearense é a principal referência brasileira no estímulo à mobilidade ativa, ao transporte cicloviário e à adequação da infraestrutura urbana para caminhada.

A partir de um esforço coletivo do poder público municipal, de organizações não governamentais e de universidades, a mobilidade na capital cearense apresentou resultados que levaram a atingir a meta de redução de mortes no trânsito estabelecida pela ONU com um ano de antecedência. Em 2019, o município registrou 197 vítimas de acidentes fatais de trânsito, o equivalente a 7,4 mortes por 100 mil habitantes, representando uma redução de 50,3% em comparação a 2011.

Um dos 80 municípios associados ao ICLEI na América do Sul, a capital cearense teve a sua rede cicloviária expandida de 68 km para 263 km em seis anos. Hoje, cerca de 40% da população local mora a uma distância máxima de 300 metros da rede cicloviária, de acordo com pesquisa do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP).

Ainda no quesito cicloviário, atualmente Fortaleza conta com quatro sistemas de bicicletas compartilhadas, estimulando a mobilidade ativa e a sua integração com o transporte público. Aos domingos, a ciclofaixa de lazer possibilita uma opção de divertimento saudável para a população e mais uma alternativa de deslocamento. 

Para quem não descarta a comodidade dos carros, existe o Vamo – Veículos Alternativos para Mobilidade, uma iniciativa para promover a mobilidade urbana sustentável através de uma rede de compartilhamento de carros elétricos. E para ajudar quem anda a pé foram incorporados ao cotidiano da cidade novos elementos, como travessias elevadas e em “x”, ilhas de refúgio, prolongamento de calçadas e semáforos para pedestres. 

Como resultado, desde 2018, a capital cearense participa do programa “Safer Cities Streets”, uma rede de cidades comprometidas com a mobilidade sustentável da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E ainda, Fortaleza recebeu em 2019 o Prêmio Transporte Sustentável, concedido pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), com sede em Nova York (EUA).

Além disso, o Projeto Fortaleza 2040, planejamento a longo prazo que tem como balizamento os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, tem guiado a construção de uma política de desenvolvimento local de baixa emissão de carbono, que é apoiada pelo ICLEI América do Sul através da iniciativa Urban LEDS II.

Porém, a expansão das iniciativas de mobilidade para que cheguem a todos os bairros da cidade ainda é um desafio. Tudo isso será amplificado por novas tecnologias e tendências que usarão dados de maneiras que ainda não conseguimos imaginar. 

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