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Indústria de móveis retoma caminho de crescimento

A exemplo das diversas cadeias de negócios no Brasil e no mundo, o setor moveleiro nacional também registrou uma queda durante a primeira onda da pandemia (março a junho/20), seguida por uma recuperação histórica a partir do segundo semestre do ano passado, fazendo com que a produção de móveis e colchões fechasse 2020 com declínio de apenas 3,9% em relação a 2019. Basta saber que, somente em abril de 2020, o tombo foi de 63,8% se comparado a igual mês em 2019. “Nesse cenário de perdas abruptas, a escalada de recuperação não só restabeleceu quase todo o volume perdido na primeira metade do ano, como também colocou o setor moveleiro de volta aos rumos do desenvolvimento”, analisa Cândida Cervieri, diretora executiva da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel).


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O primeiro semestre deste ano permitiu um certo alívio aos fabricantes. Dados da entidade, coletados em parceria com o IBGE/SECEX/ME e IEMI, mostram um aumento de 23,7% no volume produzido nas fábricas de móveis de janeiro a junho. Em receita, o crescimento foi de 28,2% e a expectativa para o fechamento de 2021 é de avançar ao menos 8,5% em volume e 3,6% em receita.

Entre os motivos da retomada, não se pode ignorar o home office, embora o teletrabalho já se apresentasse como uma tendência antes mesmo da pandemia.

“O isolamento social ressignificou não só o jeito de trabalhar, mas também os espaços domésticos que exigiram reformas e adaptações”

Cândida Cervieri, diretora executiva da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel)

Vale ressaltar que, mesmo em um cenário futuro de retorno à normalidade, pesquisa da Cushman & Wakefield revelou que 74% das empresas no Brasil pretendem adotar o home office de forma definitiva em algumas etapas de suas rotinas organizacionais, o que deverá contribuir para manter a venda de móveis ao longo deste ano.  

Balança comercial

Assim como no mercado interno, os negócios internacionais também tiveram forte reação. As exportações avançaram nada menos do que 72,1% no primeiro semestre deste ano e 41,3% nos últimos 12 meses, conforme estudo o “Monitoramento das Exportações” desenvolvido pelo IEMI para a ABIMÓVEL e a Apex-Brasil. O avanço compensou as perdas sofridas pelo estreitamento das restrições sanitárias em todo o mundo, tendo projeção de crescimento de 40% ao ano. “A performance confirma a vocação exportadora e a competitividade da indústria de móveis nacional no mercado global”, diz a diretora da Abimóvel.  

Na ponta das compras externas, o Brasil importou cerca de US$ 20,9 milhões em móveis e colchões em maio de 2021, o que representa aumento de 34,3% na comparação com abril, quando houve recuo de 25,3% nas importações. Em junho, as importações voltaram a crescer em 4,2%, totalizando US$ 21,7 milhões em negócios. A participação dos produtos importados no consumo interno nacional foi de 3,7% em maio e 3,1% em abril.

Móveis no Ceará

No Ceará, o cenário é de otimismo para os mais de 200 fabricantes instalados nos polos de Fortaleza (marcenaria e pré-moldados), Jaguaribe, Iguatu (que fornecem para os magazines) e Marco, voltado a móveis de decoração, de maior valor agregado, que concentra 55 empresas e que exporta para os EUA e Angola.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis do Ceará, Geraldo Bastos Osterno Jr. diz que há um enorme potencial a ser explorado. Atualmente, a indústria local atende apenas de 20 a 25% da demanda cearense. O restante é abastecido pelo Sul e Sudeste. “A competição é acirrada, mas saudável porque exige permanente aperfeiçoamento”, ilustra ele, animado com a perspectiva de contínua recuperação.

“Aprendemos com a pandemia e nos adaptamos à nova situação”, diz ele lembrando que o mercado interno está aquecido e o câmbio favorecido estimula as exportações. Em média, o setor, que chegou a entregar num prazo de 60 dias durante o auge da pandemia, agora  convive com entregas de três semanas.

A Osterno Móveis, de sua propriedade, por exemplo, fornecedora de móveis para hotéis, restaurantes e shopping centers que compram de maneira programada, está com vendas garantidas para 90 e 120 dias.

O Brasil em números

O futuro parece promissor para esta que é uma atividade estratégica e intensiva de mão-de-obra em um país que convive com 14 milhões de desempregados. A produção moveleira no Brasil vem descentralizando-se e crescendo na direção do Nordeste, graças a fatores como o aumento do poder de compra do consumidor nordestino e à ampliação tecnológica e de infraestrutura da região.

“Tal movimento vem atraindo cada vez mais investimentos e olhares para os estados do Nordeste, que vêm recebendo novas fábricas, centros de distribuição e se abrindo a projetos de incremento à competitividade, sustentabilidade e ao design integrado à indústria com foco no mercado nacional e internacional”, analisa a diretora da Abimóvel.

O design tem sido um grande desafio para o setor. Bom exemplo vem da Paraíba. Por meio do programa de Design Integrado à Indústria, promovido pela Abimóvel e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações (APEX), a Officina Móveis foi selecionada e está criando novos produtos de valor agregado para mostrar fora do País. Para isso, fez parceria com o internacionalmente reconhecido designer brasiliense Marcelo Bilac para lançar suas coleções diferenciadas.

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