Embora o Brasil seja o segundo País com maior cobertura florestal no mundo, perdendo apenas para a Rússia, a nação ocupa a nona posição no plantio de florestas, conforme acompanhamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). O retrato seria até animador se não fosse a curva crescente de desmatamento que ameaça os biomas brasileiros, com destaque para a Amazônia, vitrine brasileira negativa no Planeta.
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O fato é que há um enorme caminho na direção do reflorestamento e muitas promessas e planos. Caso do Desafio de Bonn, fruto da preocupação de alguns países, que desde 2011 se organizam para reflorestar 350 milhões de hectares até 2030. Ou do Acordo de Paris, que estabeleceu como meta a recuperação de 12 milhões de hectares de florestas até 2030, como também preconiza a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura. Mais reflorestamento, menor pressão sobre as matas nativas, maior ganho em equilíbrio ecológico.
Perfil florestal
Segundo dados da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2018 (PEVS), divulgada pelo IBGE e publicada pela Agência Brasil, o valor da produção florestal nos 4.897 municípios brasileiros, em 2018, foi de R$ 20,6 bilhões, o que representou um aumento de 8% sobre 2017. Destaque para a silvicultura que cresceu 11%, no mesmo período, e teve quase 80% de participação na produção (R$ 16,3 bilhões). A extração vegetal caiu 2,7% e produziu o equivalente a R$ 4,3 bilhões.
Basta uma olhada na geografia brasileira para perceber a extensão da área que pode ser reflorestada no Brasil que, pelas estimativas do IBGE, beira os 10 milhões de hectares. Um potencial econômico e social que gera renda e emprego (ao redor de 7 milhões), porque envolve fornecedores e prestadores de serviços na produção de mudas/sementes, preparo de solo, fertilizantes, controle de pragas e doenças, corte, processamento e transporte. É uma atividade acessível a todos os portes de propriedades que contam com o apoio financeiro de fontes oficiais.
Segundo mostra o painel interativo do Sistema Nacional de Informações Florestais, o plantio de eucalipto passou de uma área plantada de 6,3 milhões de hectares em 2013 para 7,6 milhões em 2019. E o pinus passou de 1,6 milhão de hectares para 1,9 milhão no mesmo período. Outras espécies evoluíram de 370,7 mil para 387 mil. No total, foram 9,9 milhões de hectares em 2019 contra 8,3 milhões em 2013. Ou seja, houve uma evolução no plantio. De novo, o problema está no ritmo de devastação.
Há inúmeras e desencontradas fontes quando se fala em desmatamento. Mas todas apontam para aumento de áreas devastadas. Segundo dados do sistema MapBiomas Alerta, o desmatamento no Brasil cresceu 13,6% em 2020, o que soma 13.853 km². O levantamento também aponta que 99,8% dos alertas de desmate emitidos no último ano tiveram um ou mais indícios de ilegalidade em todos os biomas brasileiros, notadamente na Mata Atlântica (125%), Pampa (99%) e Pantanal (43%).
Ceará
Com 62 hectares de mata reflorestada distribuídos em bacias hidrográficas (Cocó, Pacoti, Salgado e Riacho Ipuçaba), o Ceará caminha na direção do reflorestamento e promete ampliar a cobertura vegetal. Segundo Lucas Silva, técnico da Célula de Políticas de Flora, vinculada à Coordenadoria de Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (SEMA), as ações começaram em 2015, com a criação do Grupo de Trabalho Multiparticipativo do Projeto de Reflorestamento e Educação Ambiental do Estado, integrado por 14 instituições públicas para acompanhar ações de reflorestamento.
“Trabalhamos por um Ceará mais verde”, comenta o secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno. O Estado possui hoje 92 Unidades de Conservação, sendo 12 federais, 29 estaduais, 13 municipais e 38 particulares, das quais a Secretaria responde pela administração de 28 delas.
Em parceria com organizações públicas e privadas, a SEMA realizou o plantio, até 2020, de 71 mil mudas, em áreas degradadas no Parque Estadual do Cocó, Parque Estadual Botânico, APA do Rio Pacoti e APA da Bica do Ipu. Os viveiros apresentaram média de produção anual de 90 mil, no caso do Parque Estadual Botânico, e de 40 mil, como registrado tanto na APA da Serra de Baturité, como no Parque Estadual do Cocó.
Florestamento e Reflorestamento
Além de cumprir sua missão de equilíbrio ecológico, o plantio de novas árvores que conservam as florestas nativas se mostra uma interessante fonte de geração de riqueza. O Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) busca alternativas para a conservação das florestas nativas através da implantação de florestas exóticas nobres para fins comerciais. Da mesma forma, a Indústria brasileira de Árvores (IBÁ) defende o posicionamento de que “a indústria de árvores plantadas é a indústria do futuro”.
As florestas plantadas com o objetivo de produção de madeira sustentável possibilitam a geração de empregos verdes na cadeia de reflorestamento e manejo florestal, cuja mão-de-obra conta com a capacitação desses empregados para o aperfeiçoamento das técnicas extrativistas e de processamento das madeiras.
De acordo com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), cerca de 500 mil trabalhadores ocupam alguma atividade ligada ao setor de base florestal, dos quais 12 mil empregos formais estão na produção em floresta nativa.