Sendo um importante indicador de atividade econômica, a cadeia de produção de embalagens retoma a produção no ritmo do e-commerce e de outros canais de venda. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF), trata-se de um mercado que reúne 10.891 empresas, considerando-se apenas o plástico como matéria-prima. Dessas, 1.131 operam no Nordeste, sendo 203 operantes no Ceará.
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O isolamento social acabou antecipando uma realidade que já estava em curso, ainda que em ritmo menor. O e-commerce, as lojas virtuais, as encomendas pelo velho telefone, o delivery e o home office transformaram os hábitos dos consumidores, gerando uma linha divisória entre o antes e o depois da pandemia (que ainda não acabou). Como resultado disso, muitas atividades foram turbinadas. É o caso da indústria brasileira de embalagens, quinta maior do mundo e que segue agilizando os processos de produção sustentável em respeito à natureza.
Com a Covid-19, este mercado ganhou fôlego e deverá ter suas vendas aumentadas em 16% (caso das embalagens de papelão) por conta das compras online, que tendem a aumentar o valor do tíquete médio. O fato se evidencia ainda mais, graças aos marketplaces que respondem por quase 80% de todas as transações eletrônicas lideradas, segundo acompanhamento de várias instituições, por itens esportivos e equipamentos eletrônicos, que chegaram a crescer mais de 400% somente no primeiro trimestre.
Dada a grande variedade de materiais empregados, o desempenho de cada categoria apresenta diferentes movimentos de alta e de baixa. Os insumos mais largamente utilizados, com participação de praticamente metade do total, são papelão ondulado e plásticos. O vidro contribui com 15% do volume produzido, enquanto os plásticos flexíveis aparecem com 22% sobre o valor total.
Dois terços do consumo nacional de matéria-prima estão concentrados no setor alimentar e o restante envolve todos os demais segmentos. Neste nicho tão expressivo, são usados materiais leves, como alumínio e plásticos flexíveis. O vidro também se destaca notadamente em função de cerveja e demais bebidas.
Maiores consumos
O estudo da Maxiquim, realizado para a ABIEF, mostra que a produção atingiu 2,088 milhões de toneladas em 2020, quando o faturamento subiu 30%, chegando a R$ 27,7 bilhões. Também foram registradas altas no consumo aparente (7,2%) e no consumo per capita (6,3%) de embalagens plásticas flexíveis. O consumo aparente saltou de 1,910 milhão de toneladas, em 2019, para 2,046 milhões, em 2020. Já o consumo per capita, em 2020, chegou a 9,7 Kg/habitante contra 9,1 Kg/hab em 2019.
“Sem dúvida, nossa indústria teve um desempenho acima da média de outros setores produtivos, o que aconteceu visto que, desde o início da pandemia, as empresas do setor agiram rápido e se adequaram ao novo cenário para evitar que setores estratégicos, como alimentos, medicamentos e bebidas não ficassem desabastecidos de embalagens e que o consumidor final não sofresse com a falta de produtos”
Rogério Mani, presidente da entidade
Apesar do bom desempenho de 2020 no auge da pandemia, as perspectivas para este ano não devem se repetir. “ O setor teme não conseguir driblar uma possível falta de matéria-prima e, principalmente, não ter mais como absorver aumentos no preço das resinas termoplásticas, o que exige cautela”, disse o presidente.
A área de embalagens plásticas flexíveis, no 20 trimestre de 2021, teve queda de 1%. O índice foi puxado pelo desempenho inferior de alimentos e bebidas no período. A higiene pessoal e a limpeza doméstica, que foram altamente demandados em 2020, também se enfraqueceram nos últimos meses. A agricultura, por outro lado, após um déficit no início do ano, vem apresentando recuperação nos últimos meses. “Acreditamos que seja uma situação pontual e sazonal e que, com o avanço da vacinação e a redução de grande parte das medidas de restrição, nas maiores cidades do país, em breve voltaremos a um ritmo de produção e consumo mais equilibrado”, finaliza.
No olhar da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast), a expectativa é de que a produção física do setor de produtos plásticos cresça em torno de 5,3% em 2021, frente a 2020, mantendo o comportamento do ano passado de recuperação.
“Mas vale o reforço da importância de um ambiente de negócios mais competitivo para que a recuperação se torne um crescimento sustentável”
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da entidade
O setor reagiu à pandemia de diferentes formas. Entre março e abril de 2020, o segmento de embalagens registrou queda de sua produção física em torno de 4%, contabilizando as variações mensais com ajustes sazonais. “Ficou evidente que o impacto da pandemia, no setor de embalagens, não foi tão intenso como no resto da economia”, comenta Roriz Coelho, lembrando que o desempenho dos meses seguintes foi positivo. Esse momento está muito relacionado às demandas por novos produtos plásticos, como embalagens para álcool líquido ou gel, inclusive, por conta disto, o setor de embalagens foi um dos responsáveis pelo crescimento do setor em 2020.
A entidade ressalta que, além do segmento de tubos e acessórios para a construção civil, que cresceu quase 30% no primeiro semestre deste ano (dados do IBGE), foi a área de embalagens plásticas que apresentou a menor queda durante o momento mais grave da pandemia, tendo uma demanda bastante robusta, recuando um pouco no 2º trimestre/2021.