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Indústria de equipamentos para o transporte

Independentemente do canal de compra, tudo que é produzido precisa ser transportado. A lógica sempre citada pelo fundador das Empresas Randon, Raul Randon, foi comprovada ao longo de mais de 70 anos de atividade de sua empresa e confirmada agora com a pandemia, quando as portas das lojas, revendas e distribuidoras fecharam, mas não as compras e a necessidade de transporte de mercadoria. De janeiro a agosto, foram vendidas 107.298 unidades, valor 45,5% superior ao mesmo período de 2020 (74.744).


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Conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR), o crescimento foi puxado pela categoria de Pesados (reboques e semirreboques) que em oito meses cresceu 51,86%. A linha Leve (carrocerias sobre chassis) ampliou as vendas em 37,77%.

Com isso, o setor deverá alcançar a meta de 156 mil unidades em 2021. “O aumento gradual nos emplacamentos mostra que a revisão da nossa previsão anual pode ser alcançada”, diz José Carlos Sprícigo, presidente da ANFIR, que elevou para 30% o crescimento inicial de 10%, apesar da crise no abastecimento de matérias-primas e componentes.

Os mercados de agronegócio e construção civil, primeiros setores da economia a mostrarem sinais de recuperação, são os principais responsáveis pela retomada dos negócios no setor de transporte de cargas em 2021,  respondendo por mais de 77% do total comercializado.

Líderes em vendas

Os implementos rodoviários ligados ao agronegócio são: Graneleiro, Canavieiro, Dolly, Transporte de Toras, Baú Frigorífico e Basculante, entre os Reboques e Semirreboques; e Baú Frigorífico, no segmento de Carroceria sobre Chassis.

No mercado de construção civil, os produtos da linha Pesada que atendem sua demanda são: Tanque Carbono, Carrega Tudo e Carga Geral e na linha Leve Betoneira e Basculante.

Apesar das estimativas positivas para este ano e mais fortemente para o primeiro trimestre de 2022, a ANFIR lembra que a indústria de implementos rodoviários tem enfrentado dificuldades. Os principais gargalos para o setor têm sido o custo de algumas matérias-primas e a falta delas e de alguns componentes. O aço é um dos insumos mais necessários para a produção de implementos rodoviários,  representando, em média, 70% dos insumos utilizados em praticamente todos os produtos do setor no Brasil.

Conforme pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), os reajustes foram frequentes. De janeiro de 2020 a março deste ano, o preço do aço sofreu variação média de 79%, com pico de 126,8% nos laminados planos de aço inoxidável. Depois vieram mais dois aumentos: maio (10% a 18%) e junho (15%). “No período, foram cinco reajustes absorvidos pelo setor diante de um mercado em recuperação”, informou o presidente da ANFIR.

A estratégia de crescimento foi buscar as melhores oportunidades de negócios que foram surgindo a partir do bom desempenho da construção civil e do agronegócio. Em paralelo, a alternativa foi manter as negociações constantes com fornecedores de maneira a minimizar o impacto dos reajustes da melhor forma possível.

Além do peso do aço na composição do preço final, também está no radar de preocupações dos fabricantes a questão energética, vital para a manutenção das operações. Cada empresa tem buscado formas próprias para reduzir o gasto com energia, cujo aumento de custos é uma realidade. A entidade, entretanto, não acredita num apagão com a falta de energia.

Randon anuncia ampliação em SP

A radiografia da ANFIR encontra eco no polo metalomecânico da serra gaúcha. É o caso da principal fabricante do setor, a Randon Implementos, integrante das Empresas Randon, sediada em Caxias do Sul (RS). A Companhia, que atua como montadora e como fornecedora de autopeças, registrou recorde em sua receita líquida consolidada pelo quarto trimestre consecutivo com crescimento de 127%. E elevou as projeções do ano com aumento de 25% na receita inicial, 4% nas exportações e 70% nas importações, além de um incremento de 28% nos investimentos anuais que chegarão a R$ 320 milhões.

Para fazer frente a esta retomada, a Randon Implementos acaba de ampliar sua unidade em Araraquara (SP), onde fabrica algumas linhas de semirreboques rodoviários, como Basculante, Sider e Canavieiro. No mesmo segmento, também fabrica vagões para o transporte ferroviário, que terá ramal próprio. Com as melhorias de infraestrutura realizadas, a área construída passa de 29 mil para 42 mil m² e aumenta em 80% a capacidade instalada.

“A ampliação da unidade em Araraquara consolida nosso plano de investimentos, que mira o aumento de capacidade, a presença em regiões estratégicas do Brasil e o contínuo foco em inovação”

Sandro Trentin, diretor geral da Randon Implementos

Guerra sob nova direção

Até quem saiu do mercado está de volta. Também de Caxias do Sul, a Guerra – que atuou no segmento de transporte de carga desde 1970, paralisou as atividades e recentemente foi adquirida pela Rodofort – aposta na recuperação da economia e, consequentemente, dos negócios. Em fase de reestruturação, a empresa se prepara para reiniciar a produção, prevendo crescimento significativo da rede de distribuidores.

O diretor-geral, Alves Pereira, anunciou para setembro o retorno da marca ao mercado. A volta será selada pela Série “Origens”, especialmente focada no segmento granel. “Apesar de todos os desafios, termos produtos Guerra rodando já a partir desse ano. É uma grande vitória para uma empresa que ficou quatro anos totalmente parada”, diz ele. Serão 500 unidades neste ano e 2.400 em 2022. Alves se diz gratificado com a acolhida do mercado e com o retorno já de 95% dos funcionários. Assim, ele vislumbra um próspero ano novo.

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