Atualmente, o PIX, com 70% da preferência, já é a segunda modalidade mais utilizada pelo consumidor brasileiro para pagar as suas compras ou transferir recursos. Lançada há apenas um ano, a modalidade praticamente está empatada com o primeiro colocado, o dinheiro em espécie, que é a opção de 71% da clientela. É o que revela uma pesquisa divulgada em setembro de 2021 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae.
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Segundo o estudo, a combinação do avanço da digitalização dos serviços financeiros e o distanciamento social imposto pela pandemia da Covid-19, que impulsionou a adoção de meios de pagamentos que diminuem o compartilhamento de objetos, bem como o contato físico, explicam o fenômeno.
Conforme os resultados da pesquisa, para 83% dos entrevistados a predileção pelo PIX é justificada pela rapidez e praticidade, seguido pelo fato de evitar ou minimizar o contato físico com máquinas e/ou pessoas (34%) e ainda pela segurança do usuário (32%).
Embora os números sejam um retrato do que acontece no país, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojista (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante, afirma que eles também reproduzem o comportamento do consumidor cearense.
“A pesquisa é nacional, mas é um retrato do que acontece localmente. Afinal, o PIX está em todas as classes sociais. Além disso, é a forma de pagar e receber utilizada pela maioria dos profissionais liberais e prestadores de serviços. Portanto, nada mais natural que ele siga essa trajetória de crescimento, pois dispensa o uso de dinheiro pelo consumidor”
Assis Cavalcante, presidente da Câmara de Dirigentes Lojista (CDL) de Fortaleza
Ainda de acordo com ele, como toda tecnologia, que precisa ser simples, fácil e usual para cair no gosto do usuário, o PIX atende a todos esses requisitos, corroborando os resultados da pesquisa.
“Os números oficiais sobre o PIX, divulgados pelo Banco Central do Brasil, mostram uma adesão muito rápida a esse meio de pagamento. Segundo a autoridade monetária, o número de usuários que já fizeram ao menos uma transação por PIX está próximo de 80 milhões – vale lembrar que essa novidade ainda não completou nem um ano de operação”, destacou o presidente da CNDL, José César da Costa, quando da divulgação do estudo.
Nesse sentido, explica Gildemir Silva, doutor em Economia e professor de Finanças da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), da Universidade Federal do Ceará (UFC), “o PIX avançou rapidamente por ser uma tecnologia compatível com uso de celulares e já associado a contas bancárias”. “Trata-se de um evento de rede, como já existia uma rede de usuários de aplicativos de bancos, então não havia custo na mudança. Além disso o PIX não tem tarifa, portanto substitui as transações como as transferências de forma eficiente”, avalia.
Instantaneidade, rapidez e gratuidade
Para os entrevistados pela CNDL, SPC Brasil e o Sebrae, o atributo instantaneidade foi o mais citado para a preferência pelo PIX: 62% responderam que o valor é transferido na hora. A rapidez e praticidade foi mencionada por 57%. Outra vantagem reconhecida pelos usuários do PIX, diz a pesquisa, foi a gratuidade de taxas e tarifas, citada por 42%. Além desses atributos, 22% mencionaram que evitam o contato com o dinheiro; 21% alegaram que é mais seguro; e 19% citaram a vantagem de não precisar levar dinheiro na bolsa ou na carteira. Ao passo que a higiene em tempos de Covid foi lembrada por 18%.
A aceitação nos estabelecimentos foi menos citada (15%). Aliás, um fato compreensível, dado que o surgimento do PIX, quando do lançamento do estudo, tinha menos de um ano de implementação. As empresas que já oferecem, no entanto, têm esta vantagem competitiva sobre as demais.
Tomando o lugar das TEDs e dos DOCs, velhos conhecidos dos correntistas brasileiros, o tipo mais citado de pagamento através do PIX, segundo a pesquisa, é a transferência de saldos para amigos e parentes: 88% mencionaram esta finalidade.
Os usuários da novidade também destacaram o pagamento de serviços (40%); de compras pela internet (26%); compras de alimentos (18%); restaurantes (17%) e consultas médicas (12%).
Além disso, grande vantagem do PIX com relação às tradicionais TEDs e DOCs é a instantaneidade e a gratuidade para pessoas físicas, destaca a pesquisa.
Cartões de débito e de crédito
Ainda de acordo com o estudo, atrás do dinheiro em espécie e do PIX, surgem o cartão de débito, com um índice de 66% na preferência dos usuários entre todos os meios de pagamento, seguido do cartão de crédito, com uma taxa de 57%.
Aliás, nas compras em lojas físicas os cartões de débito (32%) e de crédito (30%) superam o uso do dinheiro (25%). Já o cartão de crédito é o preferido nos pagamentos de compra online (52%). A pesquisa mostra ainda que lojas físicas recebem a maior parte do pagamento com cartão à vista (66%) e as lojas online a prazo (53%).
“Percebemos uma mudança no comportamento do consumidor que está cada vez mais adaptado às inovações de pagamentos online. Mas também vemos que nas negociações nas lojas físicas o consumidor ainda prefere o uso dos cartões e do dinheiro”, explica Costa, da CNDL.
Para Assis Cavalcante, da CDL de Fortaleza, de fato, os pagamentos digitais facilitam as compras. “Eles dão mais liberdade e possibilidades para o consumidor e do lado do varejo, os lojistas não perdem as vendas”, afirma.
No entanto, ressalva o professor Gildemir Silva, embora o avanço do meios de pagamentos digitais seja positivo, “esse crescimento virá carreado de especificações de segurança”. “Meios digitais facilitam demais a compra, mas diminuem também o custo para alguém agir com fraudes. Além disso, cabe uma reflexão quanto ao comportamento dos consumidores e as internalidades, a exemplo do endividamento, que, em algum momento, deverá ser regulada pelo Estado”, fala. “No caso do PIX, o governo já restringiu o uso em certos horários para diminuir as fraudes e as internalidades”, emenda.
Meios de pagamento e o efeito pandemia
De acordo com a pesquisa, 67% dos entrevistados relataram mudanças nas formas de pagamento em decorrência da pandemia, sendo que 45% passaram a fazer mais pagamentos de forma online (incluindo transferências e PIX), 23% passaram a utilizar mais o cartão de crédito, 21% a utilizar o cartão de débito e 5% a usar mais dinheiro. Por outro lado, para 33%, não houve mudança – neste caso, podendo haver consumidores que já adotavam práticas que foram recomendadas durante a pandemia.
Considerando os consumidores que costumam utilizar cartões e carteiras digitais, seja cartão de crédito, cartão de débito, Paypal, Pag Seguro, Moip, Pic Pay, Mercado Pago, Samsung Pay, Apple Pay, Google Pay, entre outros, mais da metade (59%) já fez pagamentos por aproximação. A rapidez e a praticidade foi o principal motivo, citado por 53% dos que usaram a tecnologia. A comodidade de não precisar digitar a senha também pesou, mencionada por 39%.
Outros usaram por curiosidade, para testar a novidade (38%). Além destes, 31% mencionaram a higiene e o fato de evitar contaminação com Covid, 24% quiseram evitar o contato com o dinheiro, e 12% alegaram que é mais seguro.
A pesquisa mostrou ainda que o cartão físico foi o principal meio de pagamento por aproximação, citado por 91% dos consumidores que já usaram a tecnologia. Smartphone e smartwatch foram citados por, respectivamente, 18% e 4%.
Entre aqueles que ainda não experimentaram as tecnologias de pagamento por aproximação, 39% justificaram que não consideram esta opção confiável e 26% mencionaram que não tem esta tecnologia habilitada no cartão. O medo da clonagem dos dados também foi citado (23%), seguido pelo receio de não precisar digitar a senha (20%).
“Esta modalidade não exige, com efeito, a digitação de senhas para valores de até R$ 100. Isso representa uma facilidade e, ao mesmo tempo, um risco em caso de perda do cartão. Por isso, o consumidor que tem essa funcionalidade habilitada deve estar atento às notificações de compra e providenciar o bloqueio do cartão de forma rápida, caso venha a perdê-lo, evitando, assim, prejuízos”, orienta Costa, da CNDL.
QR Code surge como novidade entre meios de pagamento
Outra novidade nos meios de pagamento é o uso de QR Codes. Segundo a pesquisa, 18% dos entrevistados mencionaram o costume de usar essa modalidade. Entre estes consumidores, a rapidez e a praticidade foram os motivos mais apontados para o uso, citadas por 63%.
Além destes, 31% indicaram a alta aceitação nos estabelecimentos e 31% mencionaram a possibilidade de evitar a digitação na maquininha de cartão. Evitar o contato com o dinheiro (26%) e, mais especificamente, evitar a contaminação com Covid (22%) também foram motivos destacados.
Já os que não costumam pagar através de QR Code também elencaram os seus motivos. Para 25%, a maioria dos estabelecimentos ainda não aceita este tipo de pagamento e 20% têm dificuldades de saber como funciona.