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Consumo local e uso da tecnologia devem impulsionar Economia Criativa em 2022

A Economia Criativa é responsável por gerar cerca de 2,2% dos empregos no Ceará. São quase 4.200 empresas que atuam em atividades oriundas dos setores criativos no estado, que empregam 19 mil cearenses. As informações estão no documento Fortaleza 2040 – Economia Criativa, elaborado pela Prefeitura de Fortaleza. No Brasil, a participação dos setores criativos no PIB é de 2,6%, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).


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Mas o que é Economia Criativa? Mesclando e resumindo os conceitos da Organização das Nações Unidas (ONU) e do ministro australiano, Paul Keating, que em 1995 primeiro usou o termo, economia criativa é um conjunto de atividades econômicas com foco em cultura e arte, baseadas no conhecimento e no desenvolvimento.

2021 foi escolhido pela ONU como o Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável. O setor é sustentável no sentido mais amplo da palavra. A moda sustentável e o marketing de produtos naturais e cosméticos estão incluídos nesse setor. Na Europa, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), os setores criativos são os que mais empregam jovens. As mulheres desempenham papel dominante na fabricação de produtos criativos, especialmente nos países em desenvolvimento.

Apesar da geração de renda nesse setor ainda ser um desafio no Brasil, a internet trouxe muitas oportunidades. Por ela é possível vender, divulgar produtos e serviços, produzir conteúdo, entre muitas possibilidades. E essa é uma tendência para 2022, conforme já observado em 2021. Sem a internet, muitos negócios da Economia Criativa não existiriam.

É o caso da Local.e, uma plataforma digital focada na promoção do consumo local, atuando para diversificar produtos e marcas no mercado. A empresa conecta varejistas e marcas locais. São 3.000 marcas locais cadastradas, o que corresponde a mais de 8.000 produtos de alimentos e bebidas, principalmente. São mais de 1.000 varejistas cadastrados. Já foram geradas mais de 8.500 oportunidades comerciais entre marcas e varejistas.

A tecnologia tem transformado significativamente o varejo, acredita a co-founder da empresa, Leila Okumura. “A tecnologia trouxe mais agilidade e, principalmente, inteligência dos dados para tomada de decisões mais rápidas e assertivas. Vemos que é um caminho sem volta. O varejo que não adotar a tecnologia em seus processos irá perder a competitividade e a lucratividade”, analisa.

Para 2022, a empresa tem como meta continuar fortalecendo o poder da comunidade e intensificar a sensibilização do varejo sobre o valor estratégico das marcas locais. A Local.e é a maior comunidade de marcas locais do Brasil. “Queremos fortalecer a comunidade preparando as marcas para o mercado com muito conteúdo especial sobre o varejo e também gerar oportunidades comerciais para aumento de receita. Outro ponto que estamos desenvolvendo é uma série de parcerias para que as marcas sejam mais competitivas no mercado. As marcas locais podem ser pequenas quando estão sozinhas, mas com o poder da comunidade da Local.e, elas são grandes”, explica a empresária.

A sensibilização do varejo tem sido foco da empresa. “Acreditamos que as marcas locais podem contribuir para um sortimento diferenciado e relevante, muito importante diante de um consumidor mais exigente que busca cada vez mais por produtos mais saudáveis, conscientes e sustentáveis”, completa. O varejo alimentar nunca foi tão competitivo, acredita a empresária. O crescimento das compras de supermercado online e a entrada de startups no mercado como Rappi, Justo, Daki e outras nesse segmento vem mudando o cenário significativamente. Leila Okumura acredita que para se diferenciar é essencial criar experiências interessantes para o consumidor. “Ter um sortimento de produtos relevantes e diferenciados tem uma relação direta com a fidelização do consumidor”, avalia. 

Pesquisa recente, conduzida pela Local.e em parceria com a Toluna, apontou que o consumidor está bem informado sobre as marcas que consome (88% declarou procurar conhecer melhor sobre as marcas que consome), principalmente consultando a internet, mídias sociais e amigos. O consumidor também está bem mais aberto para o consumo de marcas locais – principalmente após a pandemia. 75% declararam estar mais dispostos a comprar um produto de uma marca local.

“A percepção é de que as marcas locais oferecem produtos de melhor qualidade e também feitos com mais cuidado. O consumidor já não quer mais o mesmo. Cada vez mais, vemos o crescimento da busca por produtos mais saudáveis, sustentáveis e com propósito – tendência liderada principalmente pela geração mais nova”, aponta a co-founder da Local.e.

A Auê Feira também aposta em marcas locais. Desde 2018, já foram quase 30 edições realizadas em espaços públicos. São 150 feirantes ativos, cerca de 2.500 frequentadores em cada fim de semana e 400 marcas inscritas. O projeto reúne marcas locais e autorais em um evento com programação cultural e artística. “A Auê dá prioridade e oportunidade a marcas que produzem seus produtos. O consumo de marcas locais tem aumentado no Ceará e em todo o mundo. É uma tendência. Cada vez mais as pessoas estão ligadas para onde vai o dinheiro delas, se preocupam com cadeia de produção, querem entender a produção, se o trabalho é limpo, se a matéria-prima é responsável, se faz diferença no meio ambiente, se cuida das pessoas”, explica Mariana Marques, uma das idealizadoras da Auê Feira.

A compra perto de casa foi se perdendo com o tempo, reflete Mariana. É importante que as pessoas voltem a olhar para a economia feita ao lado e ver a compra como um gesto político. “Apoiar quem está do lado, perceber que isso modifica a cadeia, a cidade, o bairro, os pequenos negócios, os negócios familiares. Tem uma profusão de jovens querendo criar e pessoas querendo consumir. É mais que uma compra. É uma aposta”.

Além da compra, a Auê estimula também a presença das pessoas nas ruas, em espaços públicos. Os eventos contam com programação cultural e acontecem, na maioria das vezes, em praças. A tecnologia é aliada. Para Mariana, ela é fundamental da porta dos negócios para dentro e da porta para fora, ou seja, é indispensável em processos internos e também para vender e divulgar. “Temos que perder a noção de que economia criativa é negócio informal. Não é. Não pode ser menos profissional, menos cuidadoso. Temos o desafio de ser cada vez melhor, cuidar bem da gestão, das pessoas, do mercado, da comunicação, das embalagens, do tratamento aos clientes. É o tête-à-tête da empresa pequena e o cuidado da empresa grande”, finaliza Mariana Marques.

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