Além do mercado imobiliário, a construção também assumiu a necessidade de digitalização dos processos, facilitando a vida de inquilinos e compradores/vendedores de imóveis, algo já disponibilizado pela tecnologia. E assim se adapta às transformações. (Foto: Freepik)

Pandemia acelerou inovações e forçou transformações no mercado imobiliário

Por: Gladis Berlato | Em:
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Entre altas e baixas de atividade por conta das crises econômicas, o mercado imobiliário fez da pandemia uma escola e aprendeu que precisava acelerar o passo em avanços antes em ritmo lento. Foi o que mostrou a consolidação do home office que veio para ficar, embora antes da Covid-19 já tivesse dado sinais evidentes de sua presença. Uma prática que nasceu como temporária e que deve se tornar permanente. O mercado da construção também assumiu a necessidade de digitalização dos processos, facilitando a vida de inquilinos e compradores/vendedores de imóveis, algo já disponibilizado pela tecnologia. E assim se adapta às transformações.


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O QuintoAndar exemplifica essa realidade de um mercado imobiliário que se moderniza. A maior plataforma de moradia da América Latina, presente em mais de 40 cidades no Brasil, se notabilizou pelo que já fazia que é a simplificação do aluguel e, mais recentemente, adicionou a compra e venda de imóveis totalmente online e sem burocracia, utilizando os recursos tecnológicos disponíveis.

No circuito amplo da construção, também a arquitetura passou por mudanças. Pesquisa da startup Archademy, que desenvolve soluções para arquitetos, feita em 2020/2021 junto a 900 profissionais, mostrou que praticamente todos (95,5%) realizaram reformas em ambientes residenciais, a maioria envolvendo adequação de layout para receber um escritório e também para adicionar e revitalizar áreas de lazer. Igualmente, na área da incorporação imobiliária, os projetos de três condomínios já contemplam pequenos escritórios ou áreas comuns de trabalho (coworking).

Negócios virtuais

Quem atesta a veracidade deste cenário é o diretor Financeiro do Sindicato das Indústrias de Construção do Ceará (Sinduscon-CE), Clausens Duarte. Para ele, a pandemia foi fator decisivo nos avanços do mercado imobiliário, a começar pelas vendas online, viabilizadas a partir do distanciamento e até como forma de sobrevivência no período crítico do confinamento. A digitalização dos canais de vendas hoje é uma realidade que parece sem volta, permitindo visitas virtuais ao imóvel, de maneira ágil e descomplicada, encurtando o tempo entre o desejo da compra e a realização do negócio.

Ao ser experimentado até pelos setores mais tradicionais e céticos quanto a novas formas de trabalho, o home office sinalizou mudanças de comportamento e ditou tendências para quem planeja e constrói. “Além de permitir o estreitamento das relações familiares e valorizar o ambiente doméstico, o trabalho à distância reduziu despesas e gerou sobra de renda, abrindo espaço para reformas ou troca de imóveis em busca de mais espaço, movimentando as vendas e animando os incorporadores para os lançamentos”, pondera o diretor.

Por conta disto, os financiamentos imobiliários no Ceará cresceram 66% em 2021 alcançando R$ 3,35 bilhões financiados, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), valor que serviu para duplicar o número de unidades vendidas no Estado que registrou 15.527 unidades no último ano. Para este ano, a expectativa é de que os lançamentos cheguem a R$ 2,5 bilhões e a expectativa é alcançar a marca de R$ 3 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV).

Comerciais em baixa

Tal performance foi puxada, basicamente, pelo segmento residencial. Na área comercial, que levou muitas empresas a fecharem as portas, o estoque é elevado, mas está em baixa, ainda que lentamente. O fato se agrava na medida em que não há novos empreendimentos. “A demanda por imóveis, como porto seguro de investimentos, continua, mas o momento é de observação com cautela”, diz o diretor do Sinduscon-CE com uma pitada de otimismo, alimentado pelas ainda atrativas taxas de juros para as incorporadoras. O complicador é a volatilidade gerada pela disputa eleitoral à presidência da República, perigosamente polarizada entre direita e esquerda e gerando insegurança para quem produz, emprega, compra e vende.

Sinais de futuro

Cautela com o que é efetivamente uma tendência vem do presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Dionyzio Klavdianos. Para ele, em se tratando de um produto de elevado valor, as mudanças no mercado imobiliário são mais lentas. E até porque as novas necessidades de espaço são atendidas pelo estoque existente de imóveis residenciais e pelos escritórios compartilhados (coworking), já presentes em regiões mais populosas como São Paulo e outras cidades mais adensadas. “A entidade não dá como definitiva a necessidade de imóveis maiores porque a tipologia nas vendas é praticamente a mesma”, afirma.

Isto não quer dizer que a CBIC não olha para as transformações. Ao contrário. Desde 2017, a entidade começou a desenvolver o programa Construção 2030, em parceria com o SENAI, cujo andamento foi afetado pela pandemia. O objetivo é compreender as mudanças e agir sobre elas. O programa multissetorial já vislumbrava que os canteiros de obras serão mais robotizados, os processos produtivos mais automatizados, o uso de novos materiais equipamentos de ponta será intensificado num conjunto de ações que forma o que a CBIC chama de construção 5.0. “Com esta configuração, cada vez mais teremos maior racionalidade, menores perdas e maiores investimentos em gestão e planejamento para garantir rapidez e qualidade nas nossas entregas”, finaliza.

Reflexo da pandemia

Dados da 4ª rodada da Pesquisa da Influência do Coronavírus no Mercado Imobiliário Brasileiro, da DataZAP+, 62% dos entrevistados deram importância a imóveis com ambientes bem divididos. E outros 45% demonstraram interesse por casas, incluindo áreas de trabalho, de convívio e de lazer.

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