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Mercado de franquias fatura R$ 185 bilhões em 2021 e Nordeste aparece como destaque

Two business partners working in office

Em meio à crise mundial e à pandemia da Covid-19, muitos empreendedores brasileiros apostaram no negócio próprio como fórmula de sustento. O mercado de franquias foi uma das opções mais viáveis, o que ocasionou um crescimento desta modalidade, que alcançou um faturamento de R$ 185 bilhões em 2021.


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O valor consolida a curva de recuperação após um 2020 em baixa e praticamente iguala o desempenho de 2019, quando a marca atingida foi de R$ 186,755 bilhões. O crescimento nominal do faturamento de franquias no ano passado no Brasil foi de 10,7% em relação a 2020. Os dados foram divulgados recentemente pela Associação Brasileira de Franquias (ABF).

A região Nordeste foi a que mais cresceu no último ano, acima da média nacional, chegando à marca de 14,6% e faturando mais de R$ 27 bilhões em 2021. O ganho comprova uma saturação de franquias no Sul e Sudeste do País, como explicou Cândido Espinheira, diretor da Associação Brasileira de Franquias (ABF) da regional Nordeste e CEO da franquia pernambucana Yes!Cosmetics.

“O Nordeste, de fato, tem muita oportunidade. A grande maioria dos negócios se origina no eixo Rio-São Paulo e se expande para o Sul. Isso causa uma saturação nessas regiões. O Nordeste tem oportunidades que, em outras regiões, já estão saturadas. A Yes!Cosmetics, por exemplo, nasceu no Nordeste. Foi aqui que iniciamos o projeto de extensão da marca e já são 22 anos de atuação. Começamos a franquear há cinco anos. Antes disso, estávamos planejando, ajustando e melhorando o modelo de negócio. Quando vimos que chegou em um ponto excelente de conhecimento de negócio, formatamos e expandimos nacionalmente a nossa marca por meio do sistema de Franchising”.

“O Brasil é muito grande geograficamente, tem questões regionais muito fortes e a gente percebeu que, com a adoção do modelo de Franchising, estamos conseguindo fazer algumas adaptações a mercados locais com pessoas que conhecem a região. Fizemos uma expansão bem interessante, com mais de 130 operações contratadas. Todos os meses, mais de mil pessoas entram em contato para ser um de nossos franqueados”, explicou Cândido Espinheira.

Apenas no terceiro trimestre de 2021, o Nordeste teve um crescimento de 13,4%, se comparado ao mesmo período de 2020, e de 8,9% em relação a 2019. Ocorreu uma expansão de 24.751 operações, o que fez a região chamar a atenção cada vez mais dos empreendedores.

Flexibilização de medidas restritivas

Com a flexibilização de medidas restritivas no combate à covid-19, a expectativa é que 2022 seja ainda melhor para o mercado de franquias. A confiança é tão alta que a ABF espera um crescimento acima dos 8% previstos para 2021. Além disso, já está confirmada a realização da ABF Franchising Expo, que acontecerá presencialmente no período de 22 a 25 de junho, evento que deve reunir mais de 60 mil pessoas e 400 marcas.

“Somos otimistas por natureza. Esperamos uma retomada alta em 2022 devido ao boom no setor de cosméticos causado pela liberação do uso de máscaras. Alguns produtos, principalmente para a boca, estavam sacrificados. Nos Estados em que a máscara já não é mais obrigatória, notamos um crescimento bastante forte. Estamos no Brasil inteiro e percebemos como essas mudanças afetam diretamente no negócio”, pontuou Espinheira.

Durante a pandemia, os setores de saúde e beleza foram os que mais se destacaram no cenário de modelo de franquia. O faturamento nesses segmentos foi de R$ 39 bilhões, representando um aumento de 11,2% em relação a 2020. Foram mais de 30 mil unidades no País apenas no ano passado.

Como investir no mercado de franquias?

As oportunidades de emprego e de trabalho foram reduzidas no Brasil em função de toda conjuntura que o País vive hoje. O empreendedorismo sempre foi um sonho do brasileiro. E tudo isso levava o cidadão a tentar se arriscar no mercado. Mas como investir? O que fazer? Segundo Renato Ticoulat, ex-diretor da Associação Brasileira de Franchising, presidente da Limpeza com Zelo e fundador da Associação Brasileira de Limpeza, o Franchising é uma escola para aqueles que querem investir nesse ramo.

“A educação brasileira nunca ensinou a ser empreendedor, mas sim a ser empregado de grandes empresas. O Franchising passou a ser um porto seguro para esses candidatos a empresários. O Franchising tornou-se uma escola de empreendedorismo. Mesmo os que não tiveram sucesso, aprenderam a ser empresários, fazer contabilidade, contratar e demitir. É uma escola de empreendedorismo, os que deram certo continuaram. Quem deu errado passou por uma reciclagem e foi para outro setor”, explicou.

Renato passa algumas dicas para quem quer entrar no negócio. “Antes de qualquer coisa, três perguntas precisam ser respondidas. Primeiro, quanto eu tenho de dinheiro para investir? Quanto tempo vou me dedicar ao negócio? E quanto preciso de dinheiro para viver? Em cima dessas perguntas, você precisa fazer um planejamento. Qual a franquia que mais se adequa ao meu tipo de negócio? Além disso, é bom fugir das franquias que são moda. Quando a moda é muito conhecida, ela pode estar no fim, a exemplo das paletas mexicanas. Quanto mais necessária for a franquia, mesmo em períodos de crise, mais segura ela é. Tem que investir em empresas com histórico no mercado. Precisa ser analisada também a formatação do negócio. No Brasil, o investidor investe muito na necessidade de empreender. Precisa identificar se o seu perfil dá certo naquela empresa. A qual delas o seu perfil se adequa mais? Como é que aquela franquia vai se dar bem no seu território? Tem mercado onde estou? Hoje não dá para se arriscar”, detalhou.

Cândido Espinheira detalhou a prática burocrática na hora de optar pelo mercado de franquias. “Quando temos uma marca de sucesso, um modelo de negócio de sucesso, fazemos a transferência do nohall (knowhow) adquirido após a formatação de manuais. O franqueado paga uma taxa para entrar no sistema de Franchising, recebe os treinamentos, e os manuais de como operar o negócio na sua região. Ele é quem vai representar a marca do franqueador na região escolhida. O sistema de franquia dá acesso, velocidade e segurança para quem quer empreender em um determinado ramo, recebendo todo esse nohall que um franqueador já adquiriu com anos de atividades, entre erros e acertos”, completou.

Por outro lado…

Não é só o empreendedor que terá desafios ao optar por adquirir uma franquia, o próprio franqueador também precisa estudar para quem está vendendo. É necessária uma troca entre as partes.

“Hoje, as franquias que querem vender estão usando marketing digital, influenciadores. O franqueado não pode se iludir com isso. Ele deveria se preocupar com o sucesso de seu franqueador. O que eu prometo é a verdade? Metade do mercado promete o que não é verdade. A empresa fala em um faturamento que não é verdade. Tu és responsável por quem cativas. O bom franqueador é aquele que se sente responsável por quem cativa, não por quem vende por vender. O franqueador tem que saber se a pessoa que está comprando tem condições de levar o negócio”, explica Renato Ticoulat, ex-diretor da Associação Brasileira de Franchising.

Ele afirma que só vende franquias se tiver o contrato para fornecer ao franqueado. “Para todo franqueado, eu garanto o faturamento do primeiro ano. Se eu não entregar esse nível de faturamento, eu devolvo o dinheiro da taxa de franquia. Eu só posso vender se eu tiver cliente, não quero depender da venda do franqueado, e ele tem que ganhar o mínimo para sobreviver. No primeiro ano, o franqueado vai ver se gosta. Se não gostar, pode até revender. O momento atual começa a ficar positivo para vender franquia, por outro lado, a classe média está com medo, todos sofreram ou perderam alguém na pandemia. Isso tudo deixa o mercado fragilizado“, finalizou.

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