A jornada dos consumidores costuma ser alvo de qualquer gestor de empresas. O lead é atraído por estratégias de marketing digital, chega ao site e é envolvido por um layout dinâmico e intuitivo, encontra o produto desejado e vai para a fase final: a compra. O que pode estragar essa experiência online do consumidor? Uma das respostas certamente é a falta de flexibilidade de pagamentos.
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Flexibilizar as formas de pagamento significa oferecer a maior gama possível de opções de pagamento aos visitantes que chegarem ao seu carrinho. Antes limitadas a pagamentos em dinheiro ou cheque, hoje as transações podem ser feitas de inúmeras formas e digitalmente. “Com as novas formas de pagamento, como o PIX, cartões de crédito de fintechs, criptmoedas, etc; a aquisição de bens, produtos e serviços se tornou facilitada. Não somente por conta de transações rápidas e mais seguras, mas também por conta do aumento exponencial do uso da internet neste processo.” É o que confirma Marcelo Guimarães, Founder & CEO da Fashinnovation, plataforma global de tecnologia e inovação para a indústria da moda.
A pandemia da Covid-19 mostra que influenciou a maneira como os consumidores e empresas passaram a atuar no mundo digital, e uma delas foi o crescimento de 41% no consumo de produtos e serviços via loja virtual. A título de comparação, em 2019, o crescimento foi de 16%, segundo o relatório Webshoppers 43, da Ebit/Nielsen e do Bexs Banco. Além disso, em um levantamento recente do Datafolha, encomendado pela Associação Brasileira de Internet (Abranet), apontou um aumento de 75% nas compras parceladas em 2020, comparadas aos anos anteriores.
“Muitos comerciantes entraram no processo de adequação tecnológica devido a pandemia. E a busca de meios digitais de pagamento só cresceram neste período. E com o advento do aumento de adeptos às criptomoedas, a transferência entre pessoas (P2P) se tornou muito mais facilitada, conveniente, registrável, eficaz, rápida e mais barata do que utilizar uma casa de câmbio. Hoje em dia também temos sites que disponibilizam o pagamento em criptomoedas diversas, é só realizar a transferência”.
Marcelo Guimarães, Founder & CEO da Fashinnovation
Bitcoins e criptomoedas
Desde que foi lançada, há pouco mais de uma década com o surgimento do bitcoin, as criptomoedas se popularizaram e ganharam notoriedade no cenário mundial. Apresentando crescimento acelerado, a moeda digital superou o valor total de mercado de US$ 215 bilhões, em 2019, para US$ 2,5 trilhões em 2021, um aumento de 1062,8%, segundo dados da Coinmarketcap, plataforma que monitora o preço de criptoativos.
O especialista em Administração Financeira, Charlles Franklin Duarte, comenta que as criptomoedas são exemplos de vanguarda que está acontecendo dentro da economia em termos de formas de pagamento. “São moedas virtuais que dão direito a transacionar, principalmente, para quem aceita como meio de pagamento e também para quem tem essa forma de pagamento e faz frente a essa necessidade.”
Em sua forma mais simples, uma criptomoeda é um código de computador gerado por um software disponível publicamente que permite às pessoas guardarem e enviarem valores online. O código verifica e agrupa transações em um registro público conhecido como blockchain, que é um gigantesco arquivo que contém todas as transações já feitas e pode levar dias para ser baixado pela primeira vez.
O Founder & CEO da Fashinnovation mostra que as criptomoedas e bitcoin têm o mesmo significado. “O bitcoin foi a primeira criptomoeda existente, criada por Satoshi Nakamoto, devido a isso, as pessoas erroneamente a categorizam de maneira diferente das criptomoedas, porém essa diferença não existe. O que na verdade podemos diferenciar é o bitcoin das outras criptomoedas existentes no mercado, as quais chamamos de Altcoins.”
O avanço das criptomoedas também pode ser percebido pelo número de pessoas presentes no mercado mundial. Atualmente, há mais de 100 milhões de usuários ativos, superando a marca de 73 milhões em 2020. O número de buscas pelo tema na internet também aumentou em 143%, comparado ao último ano. A razão para esse crescimento exponencial pode ser observada na entrada de investidores tradicionais, grandes bancos e empresas no mercado de criptomoedas.
Além disso, as moedas virtuais podem ser um meio de pagamento bem interessante, para isso temos alguns pontos que vigoram a favor desse tipo de transação. É o que defende Marcelo Guimarães, segundo ele: “Facilidade na transferência, já que existem criptomoedas cuja a validação da transação é rápida, levando minutos e até segundos, independentemente do valor (variando de caso a caso) e agilizando o fechamento do negócio. Tem menos burocracia, com as criptomoedas e a blockchain isso não é mais necessário, o que deixa menos burocrático todo o processo e auditabilidade, ou seja, o registro das transações na blockchain é imutável, abrindo portas para registro de dados transacionais que exijam consulta ou comprovação em cartório.”
Mercado de criptomoedas no Brasil e no Mundo
No Brasil, embora o mercado ainda não seja, de fato, regulado, uma vez que não há regulamentação específica para ativos digitais e clareza sobre como as criptomoedas se enquadram na definição de arranjos de pagamento do Banco Central (Bacen), os primeiros movimentos foram tomados em 2019. Por meio da Instrução Normativa 1.888, da Receita Federal, qualquer corretora que trabalhe com negociação de moedas digitais deverá informar os dados de todas as transações de seus clientes ao Fisco.
Charlles Franklin defende que é preciso despertar nas pessoas uma forma de se interessarem pelo mercado de moeda virtual para que elas se sintam mais à vontade e seguras em realizar esse tipo de transação. “As moedas virtuais ainda não são regulamentadas, nem nos Bancos Centrais dos países e nem no Governo, ou seja, não existe um órgão responsável por controlar ou autorizar a emissão, transferências e outras operações relativas às moedas. Essa ação fica a cargo dos próprios usuários que atuam por meio de um sistema que possibilita as transações na internet, a tecnologia conhecida como blockchain, que garante a segurança das movimentações”, completa o economista.
Para o CEO da Fashinnovation, o Brasil ainda engatinha nesse processo de aceitação e adoção em massa das criptos como meio de pagamento. “Entre vários motivos que podem ser abordados temos: a falta de informação sobre o que são as criptomoedas, e sua utilidade; golpes financeiros, como as tais pirâmides, que utilizam o nome das criptos para gerar interesse e ambição pelo lucro rápido; a resistência de oligopólios financeiros de perderem a predileção da população para as criptos e a falta de infraestrutura que possibilite a difusão mais líquida das informações diversas sobre o tema.”
Com o tema em alta e fortemente discutido pelas autoridades financeiras, já é possível realizar compras pagando com as criptos em vários lugares e empresas do mundo. “No Fashinnovation, em que temos muitas relações com empresas de moda globais essa forma de pagamento já vem sendo utilizada e testada por alguns early adopters,” afirma Marcelo Guimarães.
O eBay, um dos maiores sites de comércio eletrônico, tem mudado as políticas internas para valorizar as opções existentes no universo digital e deve integrar o bitcoin como forma de pagamento em breve. A informação foi revelada pelo CEO da empresa, Jamie Iannone. Segundo ele, a novidade com a criptomoeda tem como objetivo atrair clientes das gerações Z e Millennials, além de ser um meio para aumentar as transações no portal. “Estamos apenas concluindo nossa transição para gerenciar pagamentos, onde agora gerenciamos US$ 85 bilhões em volume diretamente em nossa plataforma. Isso nos dá a capacidade de abrir novas formas de pagamento”, afirmou Iannone.
Presente no mercado brasileiro desde 2010, a Bitcointoyou é uma startup pioneira nas transações de bitcoin no país e que abriu um novo escritório da plataforma em Lisboa, Portugal. O principal objetivo da empresa com essa estratégia é expandir os negócios, já que a popularidade das criptomoedas está ganhando cada vez mais espaço.
O Banco Central do Brasil (BC) também tem sido o principal vetor da modernização da economia brasileira. As iniciativas mais visíveis são o Pix e o Open Bank. O Pix é um sistema de transações gratuitas e instantâneas. O Open Bank (ou Open Finance, em sentido mais amplo) tornará o perfil financeiro dos cidadãos acessível a todos os bancos, aumentando a concorrência do setor. Agora, o BC prepara uma autêntica revolução, com o lançamento do real digital. “O real digital ainda está em fase de discussão, e ele pertencerá a uma nova categoria de moedas, as Central Bank Digital Currencies (CBDCs)”, disse o coordenador dos trabalhos do real digital do BC, Fabio Araújo.