Fatores como a alta dos juros, inflação e a recessão econômica fizeram com que o brasileiro mudasse de estratégia ao aportar no mercado de ações. (Foto: Envato Elements)

Como a queda do poder de compra dos brasileiros impactou o mercado investidor

Por: Sofia Holanda | Em:
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Fatores como a alta dos juros, inflação e a recessão econômica fizeram com que o brasileiro mudasse de estratégia ao aportar no mercado de ações.
 
Com o aumento da inflação, o poder de compra do brasileiro diminuiu drasticamente, junto com o aumento dos juros e com o aumento da taxa SELIC os investimentos de renda fixa ficaram mais atraentes que os de renda variável. Aportar valores na Bolsa de Valores passou a ser uma segunda estratégia de muitos brasileiros que ainda dispõe de algum capital retido. Nos últimos cinco anos, a inflação oficial do Brasil cresceu de forma drástica. Em 2018, o IPCA registrado no país foi de 3,75% – taxa que saltou para 10,06% em 2021. Já nos 12 meses até março deste ano, chegou a 11,30%, indicando mais um ano de preços em disparada.


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Com a alta da inflação, a população precisou tomar diferentes medidas para manter sua qualidade de vida e bem-estar. Esse aumento é uma preocupação global, mas a taxa registrada no Brasil permanece bem acima da média observada nas maiores economias do mundo. Segundo o relatório divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no dia quatro de maio, mostra que a inflação acumulada em 12 meses no Brasil é a maior do G20 – grupo dos países mais ricos –,atrás só da Turquia e da Argentina. Por aqui, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 11,3% no acumulado em 12 meses até março. Já são 7 meses, seguidos com a inflação anual acima dos dois dígitos.

O portal TrendsCE conversou com investidores do mercado e com profissionais da área que explicaram sobre quais estratégias usaram ao aplicar seus proventos. Segundo Vinícius Dantas, sócio da Verk Investimentos, “durante o período pré pandemia o investidor médio estava com maior apetite para risco por conta dos sucessivos cortes da Selic feitos pelo Banco Central, durante a pandemia ocorreu um choque nos mercados como um todo aumentando muito a volatilidade e fazendo com que o investidor médio ficasse mais receoso com Bolsa de Valores e outros ativos de risco. Hoje, no pós pandemia, vemos novamente uma taxa de juros alta com a Selic em 11,75,%, ou seja, o Brasil voltou a ser o paraíso do rentista sendo possível retornos relativamente altos com risco muito próximo ao zero, o tão sonhado 1% ao mês hoje é possível com certa facilidade”, afirmou Dantas.

Maurício Vieira, funcionário público federal, desde 2018 investe na Bolsa. “Tenho outros investimentos também no mercado imobiliário. No início da pandemia, em 2020, mantive minha estratégia de alocação das ações na B3. De 2021 para cá, eu só venho desaportando em virtude do aumento da taxa Selic, por conta que a renda fixa está se tornando atrativa. O meu pensamento é que, aqui no Rio Grande do Norte, o mercado imobiliário é um ótimo investimento e bem mais rentável e atrativo que a Bolsa de Valores. Isso obviamente, garimpando e procurando as melhores oportunidades na área”, explicou.

Rosana Barradas, agente autônoma de investimentos, administradora e doutoranda em Ciências Sociais pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales (UCES), na Argentina, analisa sobre o perfil do brasileiro e suas estratégias ao realizar seus aportes financeiros. “O brasileiro precisou fazer uso de parte, e em alguns casos da totalidade de suas reservas de capital, para se manter, conseguir subsidiar sua existência, outra parcela da população levará alguns meses para retomarem seus investimentos, visto que o poder aquisitivo versus o poder da inflação diminuiu. Com a diminuição do volume de pessoas investindo no mercado de capitais, por conta da diminuição da renda per capita. Hoje, o que se vê é uma camada da população que começou a dar os primeiros passos no mercado de capitais, investindo de forma gradual, migrando da caderneta de poupança e investimentos mais conservadores para o mercado de capitais. Este movimento, graças aos meios de conhecimento, como: educação financeira, cursos gratuitos disponíveis, pelo acesso à informação via internet e redes sociais. Verdades factuais ou não, hoje, as pessoas estão mais esclarecidas sobre o assunto, sendo que o acúmulo de reservas foi diminuído, Porque as pessoas não estão investindo? O excedente de capital, no atual cenário, encontra-se escasso. Se não há sobra de recursos, a demanda por certos produtos e serviços decresce e os investimentos tendem a diminuir. Hoje, o orçamento dos brasileiros está cada vez mais apertado e a conta não fecha”, declarou.


Para muitos, aportar o capital no mercado de ações é um sinal de bons negócios. Rafael Feitosa, assessor de vendas, conta que não teve uma experiência positiva. “Eu passei a investir na Bolsa no período da pandemia em março de 2020, por influência e incentivo dos amigos, procurei me informar sobre quais ações deveria fazer o aporte e procurávamos fazer o swing trade, por conta da grande oscilação da Bolsa de Valores na época. Chegou um momento que eu cometi um erro ao investir um valor considerável somente numa ação e essa teve uma queda acentuada, perdi mais de 9 mil reais e tomei a decisão de retirar o valor total aportado. Assim, resolvi investir num novo negócio a partir da compra de um caminhão e gerar uma renda extra que para mim é mais estável que o mercado financeiro”, analisou Feitosa.    

“No meu caso como servidor público federal, estou a quatro anos sem reajuste, juntando a isso, temos um Governo Federal que não valoriza a cultura e a educação no Brasil. Sobre os investimentos, eu tenho uma aplicação na Bolsa desde 2010 e, no momento, optei por deixar a longo prazo. Em 2021, fiz uma retirada da Letra de Crédito Imobiliário (LCI), para investir em um imóvel”, afirmou Carlos A.H., professor universitário.

Considerando a parcela da população que investe seus proventos no mercado de ações e já possui um perfil selecionado, Vinícius Dantas, sócio da Verk Investimentos, analisa o cenário atual. “É preciso entender principalmente o perfil de risco do investidor, quem possui perfil de risco arrojado continua investindo em ações e provavelmente continuará investindo nesse tipo de ativo no longo prazo, o que ocorreu é que quando tínhamos juros baixos houve um aumento expressivo nos investidores de renda variável. Com os juros voltando ao patamar de dois dígitos, aquela pessoa que havia ido para bolsa buscando retorno, mas com aversão a risco e volatilidade retornou para a renda fixa”, explica Dantas.

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