Com lucro líquido triplicado em 2021 – em cima, logicamente, de uma base impactada pela pandemia em 2020 – as companhias abertas com ações negociadas na bolsa de valores brasileira, a B3, em seu conjunto de 291 empresas, registraram um ganho médio de R$ 228 bilhões no último ano.
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Na esteira desta euforia, muitas delas atraíram o interesse de investidores neste ano e que, por ganância ou desconhecimento, perderam dinheiro em investimentos vistos como “da moda” ou as chamadas “queridinhas” ou blue chips. Os tombos nos valores de ações de companhias com presença nas bolsas são históricos e naturais. Fazem parte do risco. As surpresas, entretanto, não são naturalmente recebidas por quem apostou em grandes ganhos, na onda das marcas mais populares.
Dentro e fora do Brasil, o humor do mercado de capitais é variável. Quem imaginaria que o Magazine Luiza, por exemplo, que teve uma das maiores valorizações da história da bolsa brasileira, cairia mais de 75% em apenas um ano? Ou que a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, perderia mais de US$ 250 bilhões ou nada menos de que R$ 1,3 trilhão em valor de mercado em um só dia na Nasdaq, a bolsa americana de tecnologia?
Trata-se, sem dúvida, de um mundo altamente sensível que lida com informações e com um futuro imprevisível, quando não bem monitorado e apto a fazer as devidas correções de rumo e consequente proteção do dinheiro.
Ricardo Coimbra, conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais – Apimec-Brasil, diz que as movimentações em investimentos de alta e baixa, mais ou menos bruscas são absolutamente normais. Para quem acompanha o mercado de perto entende que oscilação como a que aconteceu com os papéis de Magazine Luiza faz parte da rotina. Via Varejo, Banco Internacional, entre outros, que viveram situações semelhantes, refletem a rapidez da mobilidade dos investidores que migram para outras ações de maior valorização deteriorando os valores negociados nas posições que ocupavam. “Há muitas empresas que se mostram como small caps, pelo seu vertiginoso crescimento nos seus respectivos mercados, mas que acabam não se sustentando no médio e no longo prazo”, comenta.
Mas como saber disto? O também diretor da consultoria Envolvti responde prontamente: com informação, conhecimento e assessoramento de profissionais certificados com acesso a relatórios, análises, cenários e estratégias que o preparam para sugerir alternativas mais rentáveis e seguras, de acordo com o perfil do investidor.
O atual quadro de pandemia, a precária situação fiscal brasileira, a guerra que persiste e a inflação com juros altos nos Estados Unidos sinalizam um cenário desafiador para quem trabalha com investimentos. São razões que explicam o fato de a bolsa brasileira operar a 30 e até 40% abaixo do seu potencial de valorização. “O boom do futuro está na tecnologia, especialmente a da saúde, com a consolidação da telemedicina, da telecomercialização de exames e medicamentos”, disse Coimbra, lembrando que neste segmento o Ceará desponta com empresas de vanguarda como Farmácias Pague Menos, Hapvida e com outros IPOs que estão a caminho.
Medo de ficar de fora
O professor Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro, encontra na psicologia a explicação para o caso Magazine Luiza. Neurocientistas até usam a expressão Fear of missing out (Fomo) que expressa o medo de ficar de fora de algum movimento, investimento ou tendência e, no caso, de perder dinheiro. “O medo fez com que as pessoas só se decidissem pela aplicação até então bem-sucedida quando a onda já estava se rompendo e desaguando na praia”, comenta Calil, acrescentando que aí já não cabem mais ilações do tipo “se tivesse aplicado R$ 1.000,00 teria ganho R$ 400 mil em curto prazo”. Para ele, é o resultado da junção da ganância, medo e ansiedade.
Outro exemplo semelhante foi o do Banco Inter. O Índice Preço/ Lucro – um dos indicadores de maior relevância para os investidores – era de 28 mil, quando a Selic era 23, sabendo-se que quanto menor o Preço/ Lucro, melhor. Neste caso, na renda fixa o dinheiro estaria mais seguro e renderia mais.
O professor Mauro Calil explica que mesmo com juros altos de 12,75% ao ano no Brasil, as aplicações de renda fixa, necessariamente, não são as melhores por conta da inflação de 11,50% o que resulta numa sobra de 1,25% ao ano para o bolso. Já em renda variável, atualmente despontam duas alternativas: os fundos imobiliários, menos voláteis, que, bem planejados, geram os chamados ”alugueizinhos” mensais capazes de cobrir até mais do que as contas básicas; e as ações que dão aos investidores a chance de comprar a preços convidativos neste momento de baixa com dividendos interessantes, ainda que não no seu máximo potencial de pelo menos metade ou 40% da Selic e com perspectiva de crescimento num horizonte próximo de um ou dois anos.
O varejo e a alimentação são os papéis de maior risco que Calil recomenda evitar, ao passo que incentiva a compra de ações envolvendo energia, mineração e a área financeira. “Um adendo por conta do ano eleitoral: evitar as estatais como Petrobras e Banco do Brasil que estão distribuindo dividendos adoidadamente para ajudar a equilibrar as contas do governo, o que não é a regra”, comenta. E cita como confiáveis as ações de não estatais como os dois bancos privados (Itaú e Bradesco), indústrias de base e a Vale, esta sozinha responde por 30% da produção de minérios de ferro do planeta.
Para Rafael Meyer, sócio da Verk/BTG Pactual, “o que fica, além de perdas importantes, é o aprendizado de que o mercado de bolsa lida com informações e tendências, exatamente as mesmas que o investidor precisa ter para tomar uma decisão sobre quanto aplicar e qual sua disposição para o risco”, analisa. Pensamento semelhante vem de Lauro Chaves Neto, assessor econômico da FIEC, que atribui ao desemprego a fragilidade de aplicações no varejo, mas não somente a ele. Além da explicação lógica, há outras. E cita até mesmo o envolvimento político de lideranças de empresas em bolsa e da expressão de seus valores e crenças que, mesmo sendo legítimas – caso da diversidade – não agradam a todos, observa.
Dicas aos investidores
- Estudar primeiro
- Ter paciência e não ganância
- Começar sempre pelo instinto conservador e evoluir
- Quanto maior a pressa e menor o estudo maior o risco
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