O dia global do empreendedorismo feminino foi instituído em 19 de novembro de 2014 com objetivo de trazer maior visibilidade sobre a equidade de gênero no mundo corporativo, aqui particularmente no microempreendedorismo. Está cada vez maior o impacto que as mulheres empreendedoras geram na economia. Em 2019, o Brasil entrou para o ranking mundial de países com mais mulheres em posições de destaque no ambiente empresarial.
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Atualmente, elas têm maiores oportunidades de formação e capacitação, e aos poucos vêm conquistando postos de liderança, porém ainda representam somente 15% dos cargos em conselhos ao redor do mundo.
De acordo com análise do Departamento Intersindical De Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ainda são minoria em cargos administrativos e recebem em média 22% a menos que os homens para exercerem as mesmas funções.
No Brasil, onde 99% das empresas são micro ou pequenas e mais de 50% delas são gerenciadas por mulheres, durante o período da pandemia de Covid-19 que ocasionou a falência de negócios delas, sobretudo nas camadas mais vulneráveis, ficou evidente a necessidade de investimentos para que microempreendedoras tenham estrutura e rede de apoio para empreender.
O impacto é extraordinário tanto na sociedade quanto na economia, já que existem pelo menos 20 milhões de empreendimentos formais e informais comandados por elas. O relatório anual “Empreendedorismo no Brasil 2020” do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), aponta que a pandemia afetou, particularmente, as mulheres – com forte fluxo de entrada e saída delas do mercado de negócios.
Desdobramentos da pandemia e a sobrecarga de trabalho
A pesquisa anual “Mulheres Empreendedoras 2021”, realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora, mostra em detalhes, a partir de mais de 2.700 entrevistas, os impactos da pandemia de Covid-19 sobre a vida das mulheres. Mais da metade das empreendedoras com filhos pequenos afirmaram que o fechamento das escolas e creches afetou diretamente suas rotinas de trabalho.
Outro ponto relevante é que 79% das empreendedoras avaliadas na pesquisa acreditam que o trabalho doméstico e a família afetam mais o público feminino do que o masculino, quando o assunto é empreendedorismo. Vale ressaltar que muitas delas não contam com qualquer apoio e reconhecimento de que seus pequenos negócios compõe uma engrenagem potente e geradora de riquezas.
Mesmo estando inseridas em um contexto com tantas tarefas diárias, o estudo revela ainda que 26% das mulheres entrevistadas começaram o seu empreendimento atual durante a pandemia. Já de acordo com o levantamento do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a quantidade de mulheres que entraram no mundo dos negócios cresceu 40% nesse período, sendo que 44% delas são chefes de família.
Empreendedorismo feminino no combate a violência doméstica
Dados do Instituto em Pesquisa e Consultoria (Ipec) mostram que a cada minuto são registrados 25 novos casos de agressão doméstica.
De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em 2020 o canal disque 100 e ligue 180 que atendem respectivamente violações de direitos humanos e violência contra mulher registraram mais de 105 mil denúncias de violência contra mulheres.
Em 2021, durante a pandemia, uma em cada quatro mulheres com idade superior a 16 anos foi vítima de algum tipo de violência no Brasil, segundo pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada em junho do mesmo ano.
Entre as empreendedoras essa problemática se repete. De acordo com a publicação “Mulheres Empreendedoras 2021”, 34% das mulheres ouvidas sofreram algum tipo de agressão em relacionamento com seus cônjuges. No entanto, a concepção dos seus próprios negócios se transformou, conforme a pesquisa, em uma alternativa para os relacionamentos abusivos e violentos.
O levantamento aponta ainda que 81% das mulheres consultadas concordam que empreendedoras possuem maior autonomia, e, por isso, são mais independentes nas relações com seus parceiros, e, ao empreender, 48% delas afirmam terem conseguido sair desses relacionamentos.
Existe um consenso que fica evidente ao se avaliar os resultados das pesquisas: quando recursos são aplicados na capacitação das mulheres, além do crescimento pessoal, verifica-se também benefícios nos núcleos familiares e na sociedade.