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Vários fatores contribuem para o futuro do agronegócio no Brasil, dentre eles as condições adequadas de emprego e renda no campo. (Foto: Envato Elements)

Agronegócio como propulsor da sustentabilidade e da economia no país

Por: Sara Café | Em:
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O crescimento da demanda por bens e serviços em um ambiente com recursos naturais finitos, bem como os acordos internacionais e os crescentes requerimentos legais ambientais, pressionam a produção de alimentos por processos mais sustentáveis e integrados.


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De acordo com Erildo Pontes, coordenador de Recursos Hídricos na Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), “a agricultura sustentável é aquela em que a produção é realizada levando em conta a preservação do meio ambiente, respeitando o social e com retorno de viabilidade econômica.”

Por isso, o plantio sustentável, a segurança alimentar a diminuição da pegada de carbono, a conservação da água, a manutenção dos nutrientes do solo, o uso controlado de antimicrobianos e de defensivos, a redução das perdas e dos desperdícios e as condições adequadas de emprego e renda no campo são o futuro do agronegócio no Brasil.

Aplicação da agricultura sustentável

A agricultura sustentável é um sistema de práticas agrícolas ecológicas, baseado em inovações científicas através das quais é possível produzir alimentos saudáveis com respeito à terra, ar e água, assim como à saúde e aos direitos dos agricultores.

Os produtores brasileiros têm buscado diversificar o mercado, melhorar a qualidade dos produtos, utilizar melhor a capacidade instalada, além de procurar formas de incorporar tecnologias para maximizar a rentabilidade e reduzir os custos operacionais. Os principais passos para a sustentabilidade são os seguintes:

1. Integrar processos biológicos e ecológicos tais como ciclo de nutrientes, fixação de nitrogênio, regeneração do solo, competição, predação e parasitismo nos processos de produção de alimentos;

2. Minimizar o uso de insumos não renováveis que causem danos ao meio ambiente ou à saúde de agricultores e consumidores;

3. Fazer uso produtivo dos conhecimentos e habilidades dos agricultores, melhorando, assim, a sua autossuficiência;

4. Fazer uso produtivo sustentável das capacidades coletivas das pessoas para trabalhar em conjunto na resolução de problemas comuns de agricultura sustentável e recursos naturais, tais como pragas, bacias hidrográficas, irrigação, etc.

Expansão do agronegócio cearense

Hoje, o Ceará e o Nordeste, apesar das estiagens esperadas e naturais do semiárido, apresentam progressos visíveis tanto na agricultura familiar como no agronegócio, amparados normalmente pelos próprios empreendedores e por ações oficiais, através do Governo do Ceará, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), além da presença da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC).

Sem apresentar distinção entre agricultura de pequenos e grandes produtores, assumida pela gestão pública do setor, a agropecuária do Estado do Ceará apresentou em 2021 um Valor Bruto da Produção (VBP) em torno de R$ 12 bilhões, com crescimento médio de 11% ao ano, aumentando 46% de 2019 para 2020 e 14% de 2020 para 2021.

A agropecuária inclui os produtos da pecuária, das lavouras e da aquicultura. Somente o leite bovino produzido no Estado, que em 2021 ultrapassou um bilhão de litros, somou um VBP de R$ 2,3 bilhões, enquanto os ovos de galinha R$ 1,6 bilhão, ambos expoentes da pecuária do Estado, que somados aos ovinos, caprinos, bovinos, frangos e mel, totalizaram cerca de R$ 6,5 bilhões em produtos da pecuária (54,2% da agropecuária cearense).

A aquicultura cearense totalizou em 2021 cerca R$ 750 milhões, fazendo o Ceará se destacar como o maior produtor de camarão do País, somando quase R$ 700 milhões de VBP, espalhando-se pelo interior do estado. Os produtos das lavouras resultaram em R$ 5,5 bilhões, destacando-se as frutas com cerca de R$ 2 bilhões.

De acordo com dados do Relatório Dinâmico, que permite acompanhar os indicadores dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) de todos os estados e municípios, em 2017, foram identificados 297.862 estabelecimentos da agricultura familiar, o que representa 75,54% dos estabelecimentos agropecuários do Ceará. Dos 3.342.608 hectares da agricultura familiar, 17,13% eram destinados a lavouras, 34% a pastagens e 23,73% a matas e/ou florestas.

Um cenário que vem mudando ao longo dos últimos anos é a realização do projeto Culturas Alternativas do Governo do Ceará, por meio da Sedet e da Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece), para incentivar novas opções de cultivos com maior valor agregado na produção agrícola local. Em 2021, a Adece investiu mais de R$ 1,5 milhão em pesquisas, testes e capacitação dos produtores cearenses interessados no cultivo de culturas alternativas.

“Realizamos alguns estudos que apontaram culturas que, além de proporcionarem um bom retorno financeiro e social aos produtores, também oportunizam um maior número de empregos e renda no interior do Estado, além de reduzir o consumo de água e preservar o meio ambiente. A Sedet está incentivando muito que os produtores do Ceará invistam nessas culturas. Temos alguns exemplos como a pitaya, cacau, mirtilo, avocado hass e romã”, afirma Erildo Pontes.

Para fomentar uma agricultura competitiva e sustentável, a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) acelera as ações para levar assistência técnica e gerencial aos produtores rurais. Amílcar Silveira, presidente da Faec, exaltou o empreendedorismo local e as conquistas do agronegócio do Ceará, que produz 52% dos alimentos consumidos no Estado, marca que o setor busca ampliar.

“Nós temos um negócio fantástico: o cearense, um empreendedor nato. O maior produtor de camarão do Brasil está no Ceará; o maior produtor de melão do mundo é cearense; um dos maiores produtores de leite do Brasil é cearense; o maior exportador de banana para a Europa é cearense”.

Amílcar Silveira, presidente da Faec

Tendências e Soluções no agronegócio

“A gente quer levar novas tecnologias para o homem do campo”, diz Amilcar Silveira, destacando com fervor o enorme potencial do agro cearense, que hoje produz até figo e mirtilo. Com a boa recarga hídrica deste ano, ele previu um ciclo positivo para a agropecuária em 2022 e destacou o investimento de R$ 100 milhões em assistência nos próximos anos, que beneficiará 12 mil produtores.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em cada hectare se produz hoje três vezes mais grãos do que em 1975. A produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou em 2017.

O chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Genésio Vasconcelos, afirma que para que as agriculturas brasileira e mundial registrem esse crescimento, um componente tem sido essencial: o investimento de forma consistente e contínua em ciência, tecnologia e inovação agropecuária. “A tecnologia vem para atender uma demanda de um caso específico. Mas a gente pode trabalhar com grandes linhas estratégicas de uso de tecnologias específicas que impulsionam o agronegócio.”

As principais tendências globais de consumo são a sustentabilidade, a saudabilidade, a segurança dos alimentos e a segmentação crescente do mercado. Há ainda uma tendência de consolidação da busca por processos sustentáveis de produção e maior preocupação com questões sociais e ambientais.

“O uso otimizado da água, o monitoramento e controle de pragas e doenças, o controle efetivo do uso de biodefensivos ou defensivos químicos, nutrição adequada, manutenção dos pomares e rebanhos, e uso de ferramentas digitais disponíveis para os produtores, além de capacitação constante”, defende Genésio.

As tecnologias emergentes, como IoT, Big Data, 5G, realidade aumentada, computação quântica, robótica, sensores, impressão 3D e 4D, integração de sistemas, conectividade ubíqua, inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina (machine learning – ML) e blockchain, entre outras, estão impulsionando uma revolução no campo, caracterizando o chamado processo de digitalização do agro.

Se, por um lado, a transformação digital representa uma oportunidade, por outro, há o desafio de conectividade no meio rural e a ameaça de crescimento do hiato entre o produtor mais tecnificado e aquele incapaz de aderir a esse novo modelo. “É importante que o produtor esteja sempre em constante atualização para que ele tenha consciência das tecnologias que estão sendo lançadas e de como ele pode apropriar aquela tecnologia na propriedade dele. A Embrapa fornece diversos conteúdos gratuitos aos produtores em formato de vídeos, áudios, cursos, palestras e rodas de conversas”, finaliza.

Os ganhos sociais, ambientais e de rentabilidade possibilitados por diferentes plataformas tecnológicas estão em sintonia com um olhar muito mais amplo: o grande desafio da cadeia é construir uma agricultura mais eficiente, que traga mais rentabilidade ao produtor e atenda aos anseios da sociedade.

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