Em busca de companhia, os brasileiros investiram no mercado de animais de estimação. Tem gente que prefere a calma dos gatos, aqueles que gostam da animação dos cachorros e ainda os que preferem aves e outros animais mais exóticos. Em resumo, os bichinhos entraram nos lares dos brasileiros e o mercado pet segue em alta com projeção de crescimento.
Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente.
O setor de produtos, serviços e comércio de animais de estimação deve ter uma alta de 14% em 2022, com faturamento de R$ 58,9 bilhões, segundo estimativa do IPB (Instituto Pet Brasil), instituição que há nove anos estimula o desenvolvimento do setor pet brasileiro. O levantamento tem como base o desempenho do mercado pet no primeiro trimestre deste ano. Em 2021, o faturamento consolidado do setor foi de R$ 51,7 bilhões.
O segmento de Pet Food, que é a venda de alimentos industrializados para animais de estimação, manteve seu destaque no mercado: faturou R$ 33,1 bilhões neste primeiro trimestre no país, umaparticipação de 56,3% sobre o faturamento total e um aumento de 16,7% sobre o valor consolidado do ano passado.
A venda de animais de estimação diretamente dos criadores vem em segundo lugar, movimentando R$ 6,1 bilhões (10,5% do faturamento e alta de 9,5% em relação a 2021). Em terceiro vem o segmento Pet Vet, que é a venda de medicamentos veterinários, com R$ 5,8 bilhões (9,9% do faturamento do mercado e alta de 11%). Em seguida vêm serviços gerais (R$ 5,1 bilhões, 8,7% e 7,6% respectivamente); serviços veterinários (R$ 5,4 bilhões, 9,3% e 12,4%); e Pet Care – produtos de higiene e bem-estar animal – com faturamento de R$ 3,1 bilhões, 5,3% e 13%).
“Os números atualizados apontam que, mesmo com as dificuldades impostas pelo cenário econômico, as famílias brasileiras não deixam de cuidar de seu pet, ainda que esse núcleo familiar seja composto apenas de uma pessoa que mora com um animal de estimação”.
Nelo Marraccini, presidente do Conselho Consultivo do IPB
O balanço completo do ano de 2021 calculado pela Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) confirma o crescimento do pet food na casa dos 33%, mas a defasagem em relação aos preços das matérias-primas é de cerca de 40%. Ou seja, para os produtores de alimento completo para animais de estimação, os gastos cresceram mais do que o faturamento. “Mesmo com o aumento de 15% na produção em 2021, chegando a 3,62 milhões de toneladas, os custos pressionam muito o setor”, comenta o presidente-executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França.
Tributação ainda é um gargalo
Para a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), uma das alternativas do setor frente à alta do dólar e o custo das commodities seria a diminuição da carga tributária imposta ao setor. O total corresponde a 51,2% (para pet food, produto mais procurado, é 54,2% sob o valor total), fazendo com que o crescimento real do setor seja baixo ou mantenha a indústria estagnada.
Pets no mundo
O número de animais de estimação já chegou a impressionante marca de 1,6 bilhões de indivíduos no planeta. A população pet no Brasil é de aproximadamente 141,6 milhões de animais, sendo 55,1 milhões de cães e 24,7 milhões de gatos.
De acordo com um levantamento da Abinpet, embora os cães ainda liderem a preferência nacional, os gatos estão ganhando cada vez mais espaço com o passar dos anos. A população felina no país cresceu em ritmo mais acelerado do que a população canina no período de 2019 a 2020 (3,6% vs. 1,5%, respectivamente). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa é de que a população de gatos domésticos alcance a marca de 30 milhões de indivíduos até 2022.
Mercado pet internacional
Cresceu o volume de produtos enviados pela indústria pet brasileira para fora. De 2020 para 2021, a alta foi de 33%, impulsionada principalmente pelo pet food, 95% das exportações. Ao todo foram exportados US$ 412,5 milhões ante os US$ 310,5 milhões de 2020. O crescimento é relevante principalmente quando comparado com o valor registrado ainda em 2019, US$ 295 milhões. O segmento de pet care representa 3% das remessas, animais vivos 1,5% e pet vet 0,5%.
As importações brasileiras de pet food chegaram a US$ 14,8 milhões em 2021, uma alta de 58,7% em relação a 2020. Os principais fornecedores foram Áustria, Hungria e Tailândia. O produto é destinado à alimentação de cães e gatos, acondicionado para venda a retalho.
Mundo Animal na Bolsa de Valores
A estreia da varejista de produtos para animais de estimação Petz (PETZ3) na bolsa brasileira, a B3, aconteceu em 11 de setembro de 2020, com uma oferta inicial de ações (IPO) que movimentou mais de R$ 3 bilhões. A ação foi precificada em R$ 13,75, no centro da faixa indicativa em R$ 12,25 e R$ 15,25, de acordo com informações do portal Invest News.
Em maio de 2022, a empresa aprovou o pagamento de dividendos e de Juros Sobre o Capital Próprio (JCP) no valor bruto de R$ 19 milhões. A Petz apresentou lucro líquido ajustado de R$ 21,1 milhões, alta de 57,7% em comparação com o primeiro trimestre de 2021. É válido lembrar que esse é o primeiro balanço em que a companhia incorpora a aquisição milionária da marca Zee.Dog.
A Cobasi, rede varejista especializada em cuidados de animais de estimação e concorrente da Petz (PETZ3), tem no radar novas aquisições e uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
Em entrevista, o presidente da Cobasi, Paulo Nassar, disse que irá realizar o IPO quando for conveniente para a companhia. “A empresa não tem pressa em fazer abertura de capital. Está mapeado, mas não está cravada uma data. Vamos fazer quando for conveniente para o negócio”.
Saiba mais:
Os influenciadores digitais que dominam o mercado
Como a queda do poder de compra dos brasileiros impactou o mercado investidor