Acumular pontos/milhas e trocar por descontos e benefícios é uma vantagem em qualquer cenário econômico, o que aumenta diante da crise. (Foto: Envato Elements)
Restritos a companhias aéreas e bancos até há pouco tempo, os programas de milhas chegaram com força ao varejo, restaurantes, supermercados, seguradoras, locadoras de carros e hotéis. Isso levou os consumidores a concentrarem as compras em marcas com políticas de fidelidade que valem trocas por passagens, produtos e outros benefícios.
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Apaixonados por viagens e estudiosos do sistema de milhagem, Felipi Godinho Welter e Mariah Aguirre Müller Welter conhecem o Brasil e boa parte do mundo com as vantagens do sistema. Ao voltar da Tailândia “onde gastamos um rim”, brinca Mariah, o casal mergulhou em cursos básicos e mais aprofundados sobre milhas, o que mudou a vida deles. Eles aprenderam que a pontuação de cartões de crédito transformada em milhagem é apenas uma parte.
O casal de advogados de 31 anos acumula pontos de “n” maneiras: pagando conta de luz via aplicativos, cadastrando cartão para pagamentos recorrentes, comprando em sites de parceria de programas de pontos como Livelo, Esfera e lojas parceiras em promoções de 5 a 10 pontos para um, comprando e trocando milhas no Uber e no abastecimento de combustível ou troca de milhas por hospedagem e refeições.
“Atualmente viajamos somente com milhas, especialmente nos trechos internacionais, como foi o caso das duas últimas viagens para o Egito e Tanzânia (Safari e Zanzibar). E no intervalo ainda fomos para a Bahia. Deixamos de desembolsar algo em torno de R$ 36 mil, sem contar alguns passeios”, conta Mariah, que não paga nada na modalidade de débito ou em dinheiro. “Respiramos milhas”.
Felipi e Mariah ainda são exceções neste universo, que ganha adeptos e conta com experts que compartilham suas experiências. Caso do especialista Norton Reveno. Como o casal Welter, ele foi surpreendido com as regras de pontuação que incluem perda de pontos, um presente que ele acha que não deveria ter prazo de validade. Ao estudar o tema, o então engenheiro concursado da Petrobras se demitiu para ensinar as pessoas a terem uma renda extra garantida com seu cartão de crédito. Em suas palestras e aulas, ele assegura que já negociou mais de 53 milhões de milhas que geraram mais de R$ 10 milhões para o bolso dos alunos de seus cursos. Como ele, há muitos outros bastante conceituados, a julgar pelo número de seguidores, como @ticobrazileiro e @matheustiburtino.
Dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF) – que compreende marcas como Multiplus, Smiles, TudoAzul, Mastercard, Visa, Elo, entre outras – mostram que 65% dos consumidores priorizam os locais com este tipo de programa, cada vez mais flexíveis em opções de resgate. A mesma fonte atesta que em se tratando de viagens aéreas, as transações chegaram a 22,4 milhões em emissões e resgates em 2021, um crescimento de 35,4% sobre 2020 contra 9% sobre 2019, com projeção de continuar crescendo em 2022 e nos próximos anos. Segundo Paulo Curro, diretor executivo da ABEMF, “acumular pontos/milhas e trocar por descontos e benefícios é uma vantagem em qualquer cenário econômico, o que aumenta diante da crise”.
Um dos mercados mais maduros em fidelização é o americano,que já tem a cultura de acumular e transformar pontos em milhas ou outros benefícios. Tanto que para as maiores companhias aéreas dos EUA, a venda de milhas aos bancos e empresas parceiras já responde pela metade do lucro. O brasileiro, no entanto, ainda está aprendendo a usar e enxergar essas vantagens. A propósito, para ampliar o conhecimento do consumidor, a ABEMF vai trazer um executivo da consultoria Deloitte USA e outro da gigante Alipay para participar do 5° Fórum Brasileiro do Mercado de Fidelização, no dia 13 de setembro, em São Paulo.
Todos os indicadores apontam para uma maior utilização dos programas de fidelidade pelos brasileiros. Estudo da entidade mostrou que 60% dos participantes acreditam que eles são parceiros importantes para enfrentar a crise causada pela Covid-19 e 59% afirmam que com os programas foi possível resgatar produtos/serviços que não teriam condições de consumir na atual conjuntura econômica.
O número de pontos/milhas emitidos cresceu 32,9% no ano passado sobre 2020 e 2,1% na comparação com 2019. Quanto ao montante resgatado, o aumento anual foi de 54,2% em 2021 e 1,1% sobre 2019. O número de cadastros nos programas de fidelidade alcançou em 2021 180,5 milhões, 11,7% a mais do que no quarto trimestre de 2020.
“É um movimento que não pode ser freado porque os operadores do sistema entenderam a importância de conhecer seu cliente e engajá-lo neste modelo que oferta benefícios para ambos os lados”.
Paulo Curro, diretor executivo da ABEMF
Normalmente, os programas de fidelidade dos bancos estão vinculados aos gastos do cartão de crédito ou de débito. Muitos deles também têm seus próprios e-commerces ou marketplaces, que permitem acumular pontos com a compra de milhares de produtos. Para usar o potencial do sistema, a orientação para o consumidor é que pesquise e conheça as opções que o seu banco oferece, faça a adesão ao programa de fidelidade e concentre suas compras em um mesmo cartão. Assim, é possível acumular as compras de rotina, sem a necessidade de aumentar os gastos. Algumas instituições oferecem saldo extra em alguns tipos de pagamentos, como por aproximação, QR Code, entre outras.
Lojas físicas igualmente transformam a compra do mês no supermercado, farmácia, ou até o gasto no posto de gasolina em descontos, dinheiro de volta na conta com o cashback e também em pontos/milhas.
Com apenas seis anos de mercado, a Livelo, uma das principais empresas de recompensas do Brasil, já contabiliza mais de 20 milhões de clientes e centenas de empresas parceiras em seu site e app para acúmulo de pontos com compras online e resgate de produtos, serviços e viagens. Na frente B2B, oferece soluções que auxiliam empresas de qualquer setor a potencializar seu negócio, seja com pontos para incentivar funcionários, fidelizar clientes ou vender mais. Seus pontos, entre outros, podem ser transferidos para LATAM Pass, Smiles, TAP Miles&Go e TudoAzul.
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