O maior patrimônio de uma empresa é o capital intelectual da equipe de profissionais que nela trabalha. Esse bem está transformando rapidamente o mundo dos negócios, pois mostra às organizações que é necessário fazer uma gestão de pessoas eficiente: ter os colaboradores certos, aplicá-los nas funções exatas, criar as políticas necessárias para mantê-los e ainda monitorá-los.
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Por muito tempo, a área de Recursos Humanos foi vista apenas como operacional e burocrática dentro da empresa, trabalhando com questões como a admissão, o desligamento e a gestão de benefícios. No entanto, essa visão é cada vez mais distante.
Hoje, a Gestão Estratégicaé crucial ao negócio. Impactados pela pandemia de Covid-19, Janete Bezerra, Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH/CE) explica que essa é a hora de rever processos, utilizar a tecnologia como aliada para atingir resultados e, especialmente, cuidar das pessoas.
“Antes da pandemia os RHs estavam muito preocupados com o negócio, com o olhar muito forte para o conhecer a empresa e estar conectado com as boas práticas de gestão de pessoas para os negócios. Agora, depois da crise, eu vejo essa grande transformação do olhar dos RHs para as pessoas.”
A Gestão Estratégica enxerga os profissionais de maneira estratégica, ou seja, utiliza dados reais para tomar decisões acertadas e melhora seus processos com tecnologia de ponta. Esse RH não tem apenas uma posição de suporte à liderança, mas é visto como crucial para o crescimento, rentabilidade e sucesso.
Isso porque, os profissionais não estão mais interessados apenas no salário que a empresa pode proporcionar, mas também em outros fatores, como benefícios corporativos, crescimento de carreira e oportunidades que tragam desafios e flexibilidade.
“O primeiro passo para implantar uma Gestão Estratégica é entender o problema que a empresa quer resolver e levantar diagnósticos. Aqui é hora de conhecer as pessoas, os sonhos delas, o estilo de gestão, se tem processos bem definidos e se tem recursos materiais necessários e etc. Depois de mapear e trazer soluções, priorize as estratégias a serem utilizadas e avalie os resultados”, completa a Presidente da ABRH/CE.
Uma pesquisa veiculada na Harvard Business ilustra bem a importância do setor. Ao acompanhar os resultados econômicos de 53 empresas entre os anos de 2011 e 2015, descobriu-se que as que têm boas práticas de RH têm desempenho 51% superior ao mercado, em média. Isto é, são mais bem-sucedidas.
Liderança, home office e gestão de pessoas
As mudanças no modelo de liderança, que já vinham sendo debatidas e previstas, se anteciparam de uma forma abrupta e global. Novos produtos surgiram, antigos processos desapareceram, algumas empresas sucumbiram e outras encontraram novos mercados e negócios.
A chegada da premência de adaptações do antigo desenho de trabalho traz para o líder o desafio de responder, dentre outras, a uma forte necessidade de segurança, de previsibilidade e de estabilidade de sua equipe.
Adriana Bezerra do Carmo, fundadora da Flow Desenvolvimento Integral, acredita que as empresas precisam lidar com esse novo indivíduo também no ambiente corporativo.
“Toda essa aceleração que o mundo já vinha passando, na pandemia de Covid-19 acaba potencializando e começamos a trabalhar, estudar e comprar de forma digital, nos fazendo pensar cada vez mais em formas de buscar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Todo esse contexto nos leva ao valor da adaptabilidade das pessoas e das empresas.”
Um ponto fundamental é a atenção à saúde mental. Não é à toa, já que 40% das pessoas disseram sentir-se tristes e deprimidos e 54% também citaram a ansiedade frequente. “A ansiedade vem exatamente dessa aceleração que olha o futuro e deixa de lado o presente. Hoje, é difícil as pessoas estarem 100% no presente. Agora imagina esses efeitos dentro do ambiente organizacional.”
Cada vez mais comum, o trabalho remoto fornece muitas vantagens à empresa e aos talentos, por exemplo: flexibilidade, economia de recursos e comodidade. Todavia, é preciso saber como ajustar a gestão de pessoas, deixando-a bem adaptada à transformação digital, de maneira que promova uma relação de trabalho digital ainda mais sustentável, cativante e rentável.
“No momento que a pandemia se instalou, as empresas tiveram que colocar todo mundo em trabalho remoto e começamos a aprender a usar as novas tecnologias. Só que isso amedrontou algumas pessoas, afetando as suas condições emocionais, aumentando o nível de dispersão e o trabalho doméstico. Isso é o grande impacto que ainda estamos vivendo hoje”, completa Adriana.
O home office também demanda uma boa infraestrutura de tecnologia, porém, segundo a Agência Brasil de Notícias, em 2020, o número de indivíduos com equipamentos considerados dentro das condições adequadas era de 13% e pelo menos 46% das empresas brasileiras adotaram o regime.
Atualmente, esse índice já aumentou para 22%. Em paralelo, uma pesquisa conduzida pela IBM revelou que mais de 50% dos profissionais gostariam de manter o home office depois da pandemia.
Quando não há diálogo, o número de erros, problemas e atrasos tendem a ser muito superiores e a própria experiência do colaborador é afetada. Por isso, também é necessário garantir uma comunicação eficiente entre os membros da equipe. Os feedbacks frequentes se tornam imprescindíveis, além de manter a produtividade, é possível ouvir as demandas dos funcionários, evitar erros e trazer resultados positivos.
No início da crise sanitária, 44% dos empregados alegaram receber avaliações de seus líderes. Em 2021, o número aumentou para 57%. E, atualmente, 73% sentem-se satisfeitos com a atuação da chefia.
Nesse novo cenário, profissionais de RH devem se preparar para lidar com situações previsíveis ou não, e contar com estratégias para engajar colaboradores independentemente do meio, afinal, a forma como gestores se relacionam com seus times tem forte influência em como colaboradores interagem, em como se sentem e na busca pelos resultados esperados.
Práticas eficientes de gestão estratégica
Pensar o RH de modo sistêmico permite uma gestão estratégica e efetiva dos recursos humanos. Afinal, compreender as pessoas, suas características e necessidades, e colocá-las como centro do negócio é essencial para alcançar bons resultados e propor medidas efetivas para os colaboradores.
Por isso, a ABRH-Brasil desenvolveu o e-book “Boas Práticas de Retorno ao Trabalho”. No cenário pós-pandemia, os líderes de RH se tornaram ainda mais relevantes, bem como o fator tecnológico, humano e a comunicação. O material é referência para empresas que buscam soluções em Gestão Estratégica, Saúde, Jurídico e Emocional.
Gestão
– Espaço para diálogo e ações concretas bem definidas; reuniões periódicas; criatividade, inovação e inteligência coletiva; espaços compartilhados, escuta individual e feedbacks.
– Atenção às competências do futuro/habilidades, aumento da possibilidade do trabalho remoto e de maior autonomia dos colaboradores
– Preparação do ambiente, cultura para a retomada e transformação digital, adaptação aos novos modelos e produtos digitais, oficinas de trabalho e programas de treinamentos comportamentais
– Novo comportamento do consumidor, novas metas, métodos de controle e indicadores.
Emocional
– Ações específicas que visem o acolhimento das pessoas, diagnóstico do momento de vida de cada colaborador, suporte e encaminhamento para especialistas externos.
Saúde
– Medidas específicas para garantir a conduta adequada e cuidados necessários, distanciamento com marcações de 2 metros, higienização frequente dos ambientes
– Em viagens, o colaborador deve ficar atento aos sintomas que podem aparecer durante o período de 14 dias
– Reuniões presenciais em espaço aberto com boa circulação de ar
Jurídico
– Revisão de procedimentos preventivos de admissão, checar aditivos e regulamentos para trabalho remoto
– Verificar negociações coletivas anteriores sobre a viabilidade de mantê-las como turnos de trabalho, banco de horas e outras;
– Revisar alterações promovidas em benefícios e possibilidade de retorno e sugerir procedimento futuro sobre concessão de férias
“Isso ficou muito claro agora na pandemia, o segredo é colocar o ser humano no centro da estratégia. Trazer a tecnologia é importantíssimo, mas as pessoas merecem trabalhar de uma forma que seja significativa e para isso ele precisa trazer toda a sua potência”, finaliza Adriana Bezerra.
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