A indústria brasileira foi responsável, em 2021, por 22,2% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) e por 71,8% das exportações do país de bens e serviços, de acordo com levantamento estatístico da Confederação Brasileira da Indústria (CNI). O setor também respondeu por 68,6% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e por 32,9% da arrecadação de tributos federais (exceto de receitas previdenciárias). E também por 29,7% da arrecadação previdenciária patronal. Os dados são suficientes para dimensionar a importância da indústria brasileira para a economia do país.
Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente.
No ranking da indústria brasileira por estados, no que diz respeito ao PIB industrial (dados consolidados de 2019), São Paulo foi líder absoluto, com R$ 400.871,8 milhões (participação de 28,9% do PIB total do país), seguido por Rio de Janeiro, com R$ 165.781,9 milhões, e Minas Gerais, com R$ 154.883,6 milhões. Os três estados nordestinos melhores ranqueados foram: Bahia, em sétimo, com R$ 56.013,5 milhões; Pernambuco (10º), com R$ 33.358,6 milhões, e Ceará, com R$ 24.407,7 milhões, na 13ª posição (participação de 1,8%). Na última colocação ficou o Acre, com R$ 997,7 milhões, segundo revela o estudo da CNI.
Em 2021, as exportações de manufaturados foram lideradas por São Paulo, com US$ 35.065,9 milhões (equivalentes a 45,1% do total), seguido por Rio Grande do Sul (US$ 7.109,6 milhões, ou 9,2% de participação) e Paraná, com US$ 6.995,8 milhões (9,0% de participação). O Ceará ocupava a 12º colocação no ranking nacional, com US$ 690,6 milhões, ou 0,9% de participação. Já nas exportações de industrializados (em 2021), também lideradas por São Paulo (US$ 43.057,7 milhões), o Ceará ocupou a 11ª colocação, com US$ 2.407,6 milhões, resultado que significou 2,1% do total exportado (industrializados) pelo Brasil.
Quando a análise é realizada no que tange a participação dos industrializados nas exportações por cada estado brasileiro, a liderança era ocupada por Sergipe, com um índice de 99,8%, seguido por Alagoas, com 99,2%, e Amazonas, com 94,2%. O Ceará ocupava a quarta colocação, com 87,9%, seguido por Pernambuco, com 86,2%, e São Paulo, com 79,6%. Tocantins ficou em último lugar, com 0,4%. São Paulo foi o líder no número de trabalhadores da indústria (levantamento de 2020), com 2,899 milhões (participação de 29,9% na força de trabalho industrial do Brasil), seguido por Minas Gerais, com 1,148 milhão (11,9%) e Paraná, com 814,7 mil (8,4%). O Ceará estava na nona colocação, com 300,66 mi, (3,1%).
No Ceará, de acordo com o analista de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Cerará (Ipece), Alexsandre Lira Cavalcante, dos segmentos do setor industrial, o que mais empregava, em 2020, era o de Preparação de Couro e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos para Viagem e Calçados, com 60,03 mil trabalhadores (carteira assinada), seguido pelo de Confecção de Artigo do Vestuário e Acessórios, com 36,9 mil; Fabricação de Alimentícios, com 36,09 mil; Construção de Edifícios, com 33,5 mil, e Obras de Infraestrutura, com 15,4 mil.
Ele chama a atenção para o crescimento de dois segmentos entre 2010 e 2020: o de Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos, com elevação de 310,1% no número de empregos, e Extração de Minerais Metálicos, com aumento de 192,8%. Quanto às quedas verificadas na participação no número de empregos em segmentos da indústria brasileira ao logo dos últimos dez anos, Alexsandre Lira explica que isso pode ter ocorrido por dois motivos: pela queda absoluta da atividade ou porque outro setor esteja crescendo mais rápido.
“A economia cearense está crescendo muito no setor de serviços, mas a queda no setor industrial é uma realidade. A perda de participação (empregos na indústria), portanto, deve-se também ao crescimento do setor de serviço. Boa parte dos empregos está migrando de um setor para outro”.
Tendo como parâmetros o ano de 2020, a participação da indústria na força de trabalho do Ceará era de 20,9%, ou seja, o oitavo no ranking nacional. O primeiro lugar era ocupado por Santa Catariana, com 34,1%, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 26,7%, e Paraná, com 26,4%. Alagoas ocupou a 10ª colocação, com 19,8%; Sergipe a 12ª (18%); e Pernambuco a 13ª (18%). Bahia ficou na 16ª posição (16,6%).
No mesmo ano, o Ceará tinha 13.623 estabelecimentos industriais (9º no ranking nacional), enquanto a Bahia, na 8ª colocação, 16.594. São Paulo lidera com 120.901 estabelecimentos, seguido por Minas Gerais, com 59.876, e Santa Catarina, com 44.731. Em último lugar, Roraima, com 524.
Indústria: carro-chefe da economia cearense
Para o economista Lauro Chaves Neto, assessor Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a indústria cearense é o carro-chefe da economia do Estado, uma vez que funciona como efeito multiplicador.
“Quando você alavanca as cadeias de valores da indústria, você está trazendo junto, por exemplo, o desenvolvimento de produtos, a prestação de serviço de design, a embalagem. Enfim, todos os serviços agregados à indústria. Você tem todo o comércio, que é atacadista, de matérias-primas para abastecer as indústrias”.
Na outra ponta – observa o economista – tem toda a cadeia para levar os produtos industriais para o consumidor final. Isso tudo alimenta as cadeias de comércio e serviço para fazer esses produtos industriais chegarem ao consumidor final.
“É através do desenvolvimento industrial que você consegue um maior impacto no desenvolvimento da economia, na geração de emprego e renda. Inclusive, os empregos de renda de maior nível de remuneração e qualificação estão nos setores da indústria”.
Lauro Chaves Neto explica que na indústria cearense existem dois blocos bem definidos: a indústria tradicional, que é ligada a construção civil, a mineração, a infraestrutura, a área têxtil, tecidos, calçados, metalomecânico, dentre outros. E o bloco dos emergentes, formado pelo segmento de energia renovável; economia do mar, hub de hidrogênio verde, fertilizantes e toda a indústria verde.
“O setor tradicional tem um trabalho muito forte e competente realizado pelo Senai, Sesi, IEL e do próprio Sebrae”. O principal objetivo é melhorar a produtividade e a competitividade e, consequentemente, desenvolver tais setores. Os inovadores (emergentes) tem grandes parcerias oriundas das academias (universidades), bem como e o próprio governo.
Os desafios da indústria cearense
Para o Assessor Econômico da Fiec, a indústria cearense tem dois grandes desafios. O primeiro é ganhar competitividade e o segundo é a internacionalização, o que permite a participação nas cadeias globais de valor. “É isso que vai proporcionar um salto no desenvolvimento industrial cearense.” Na verdade – frisa – existe um grande desafio, que não é só da indústria, mas da economia cearense: “temos aproximadamente 4,4% da população brasileira e apenas 2,1% do PIB brasileiro. Precisamos, num prazo não muito longo, talvez em duas ou três décadas, dobrar a participação do Ceará no PIB brasileiro”.