As relações comerciais entre Ceará e Portugal são históricas. Apesar disso, essas relações ainda se encontram em nível reduzido. Em 2021, o Ceará importou de Portugal um volume de aproximadamente US$ 4,7 milhões (equivalente a apenas 0,55% das importações do Brasil vindas de Portugal) e exportou para Portugal um montante aproximado de US$ 6,5 milhões (equivalente a apenas 0,24% das exportações do Brasil para Portugal), resultando em um saldo favorável ao Ceará em cerca de US$ 1,7 milhão.
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Apesar das relações comerciais ainda serem consideradas modestas, o Acordo de Livre Comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, e outros acordos paralelos entre estes dois blocos econômicos, abrem um leque de oportunidades para que o Ceará amplie sua participação nas relações comerciais com Portugal.
“Em curto e médio prazo, espera-se que Portugal se torne o principal entreposto para empresas brasileiras no continente europeu, e o Ceará se consolide como um centro logístico e de conexões de cargas para a União Europeia, tendo Portugal como plataforma”.
Eugênio Vieira, presidente da CBPCE
O presidente da Câmara Brasil Portugal Ceará (CBPCE) explica que, por outro lado, em termos de investimento estrangeiro no Ceará, Portugal tem uma posição de destaque, sendo o segundo país que mais investiu no estado, com um volume de investimento, até o ano de 2021, superior a US$ 3,5 bilhões, especialmente nos setores de energia, turismo e imobiliário. Ao todo, são mais de 1.600 empresas de capital português constituídas no Ceará.
Combustíveis e Óleos Minerais: US$ 6,436 milhões, taxa de crescimento de +86,29%. Integra 70,18% das exportações cearenses para Portugal. Inclui óleos de petróleo e materiais betuminosos, não incluindo os óleos brutos. Atualmente, o Ceará é o 18º maior estado exportador do ramo.
Calçados: US$ 879.404 mil, taxa de crescimento de +86,29%. Integra 9,59% das exportações cearenses para Portugal. Inclui calçados de borracha ou plástico, com parte superior em tiras ou correias. O Ceará é o 2º maior estado exportador do segmento. O setor calçadista cearense veio crescendo nos últimos anos, em parte pelo desejo das empresas tradicionais calçadistas das regiões sul e sudeste do país manterem-se competitivas no mercado interno e internacional, fazendo frente aos grandes produtores mundiais. O Ceará constituiu-se no estado preferencial no Nordeste para os investimentos dessa categoria.
Frutas: US$ 532.669 mil, taxa de crescimento de +68,50%. Integra 5,81% das exportações cearenses para Portugal. Inclui principalmente, castanha de caju (US$ 328,524 milhões), mamão (US$ 121,083 milhões) e banana (US$ 82,797 milhões). O estado é o 7º maior estado exportador de frutas em geral e o maior exportador no setor específico de castanhas de caju. Isto ocorre, porque 63% das terras para plantação de caju do Brasil estão situadas no Ceará.
Gomas, Resinas e outros Sucos e Extratos Vegetais: US$ 270.051 mil, taxa de crescimento de +70,97%. Integra 2,94% das exportações cearenses para Portugal. Inclui produtos mucilaginosos e espessantes derivados dos vegetais, como matérias pécticas e ágar-ágar, além de sumos de frutas, vegetais e outros produtos hortícolas. Atualmente, o Ceará é o 5º maior estado exportador do setor.
Movelaria: US$ 266.404 mil, taxa de crescimento de +62,56%. Integra 2,90% das exportações cearenses para Portugal. Inclui quase que exclusivamente, móveis de madeira para escritórios, mas também abrange mobiliário médico-cirúrgico, colchões, almofadas e semelhantes. O crescimento do setor moveleiro em 2021 foi o maior registrado em todos os estados da Região Nordeste. Atualmente, o Ceará é o 11º maior estado exportador do setor.
No primeiro semestre de 2022, o Ceará exportou US$ 7,38 milhões para Portugal, um crescimento de +63,92% em relação ao mesmo período do ano passado. Os cinco principais produtos foram combustíveis, calçados, castanhas, extratos vegetais e preparações alimentícias diversas.
Os motores e geradores elétricos estão no topo da lista dos cinco produtos lusitanos mais importados pelo Ceará com US$ 1,01 Milhão (+97,73%). Em seguida, vêm os derivados de plástico que juntos somam US$ 604,07 mil (-7,25%). Em terceiro lugar do ranking, está o azeite de oliva que representa US$ 599,88 mil (-76,78%). Ocupando o quarto lugar estão os instrumentos mecânicos de impressão e de texturização de matérias têxteis, no total de US$ 574,31 mil (+60,41%). Por último, estão as frutas, especialmente maçãs e peras representando US$ 83,79 mil (+69,73%).
O Ceará é sede de 25% das empresas portuguesas instaladas no Brasil, totalizando mais de 1.200 companhias do país europeu. Atualmente, ocupa o 18º lugar como estado brasileiro que mais exporta para Portugal, e o 12º no ranking dos maiores estados importadores de produtos lusitanos.
“Nos últimos 20 anos, os negócios entre Ceará e Portugal se tornaram maduros, apesar de ainda haver um grande espaço para crescimento, sobretudo no comércio exterior. Precisamos aproveitar Portugal como ponte para a União Europeia e o Ceará, como ponte para o Brasil. A ligação aérea diária entre o Fortaleza e Lisboa facilita muito esse processo”.
Rômulo Alexandre Soares, sócio do APSV Advogados
Portugal é atualmente o 20º principal destino internacional das exportações cearenses. Dos US$ 1,574 bilhão exportados pelo Ceará para o resto do mundo, entre janeiro e julho de 2022, US$ 9,181 milhões foram em vendas para Portugal. A taxa de crescimento em exportações cearenses para o país europeu foi de 68,50% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em contrapartida, Portugal ocupa a 38ª posição dentre os países dos quais o Ceará mais importa produtos. Foram US$ 3,213 milhões importados em produtos portugueses, dos US$ 3,211 bilhões em importações totais cearenses do resto do mundo no mesmo período. A taxa de crescimento em importações cearenses de produtos oriundos do Portugal foi de +9,05%.
“O Ceará é um grande consumidor de produtos portugueses, especialmente azeites, vinhos e peixes. No entanto, grande parte destes produtos são importados por empresas localizadas em outros estados da federação, em razão de incentivos fiscais que não são oferecidos pelo estado”.
Eugênio Vieira, presidente da CBPCE
No que se refere à exportação, Eugênio avalia que o aumento do comércio com Portugal pode impactar positivamente na economia cearense, sobretudo para empresas nos setores agrícola, de peixes e crustáceos, de carne vermelha e de produção de energia, com a exportação de hidrogênio verde.
De acordo com Armando Abreu, presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (FCPCB), ainda existe um grande potencial estratégico a ser explorado. As relações entre Ceará e Portugal são muito sólidas, sendo Portugal um importante parceiro no que tange aos investimentos estrangeiros diretos, além de constituir, para o estado, uma porta de entrada para a União Europeia da mesma forma que o Ceará é uma importante entrada para o Brasil. Além disso, nos últimos anos, o Ceará foi um dos estados brasileiros em que mais pessoas receberam a cidadania portuguesa, avalia o presidente da FCPCB.
“É necessário destacar também, a atuação das câmaras de comércio, mantendo as relações entre os países e estados aquecida, com destaque para a Câmara Brasil Portugal no Ceará, congratulada como Câmara de Comércio Portuguesa do Ano durante a IX Reunião Anual de Câmaras de Comércio Portuguesas em 2022. O prêmio buscou destacar a câmara que melhor se destacou na captação de investimento estrangeiro e na promoção da imagem de Portugal no ano anterior”.
Armando Abreu, presidente da FCPCB
Segundo Eugênio Vieira, presidente da CBPCE, “As perspectivas comerciais entre Ceará e Portugal são muito positivas. Devido à sua localização estratégica, seu potencial energético e pela infraestrutura logística existente. O Ceará tem um grande potencial de ser um polo de exportação de produtos agrícolas, frutos do mar e fontes de energia limpa para a União Europeia, tendo Portugal como plataforma para a distribuição destas mercadorias. Acreditamos bastante na sinergia entre estes dois países, que falam a mesma língua”, finaliza Eugênio.
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