As exportações cearenses de 2022 indicam um desempenho acima do valor de 2021, influenciado pela ampliação de mercado dos produtos metalúrgicos, calçados, peixes e crustáceos. (Foto: Envato Elements)

Exportações cearenses acumuladas em 2022 somam US$ 1,71 bilhão

Por: Pádua Martins | Em:
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No acumulado de janeiro a agosto de 2022, as exportações cearenses somaram US$ 1,71 bilhão, resultado que, comparado com 2021, quando somaram US$ 1,72 bilhão (no mesmo período), apresentou recuou de 0,4%. No ano passado, as exportações cresceram 35% frente a 2020 (US$ 1,27 bilhão), resultado, inclusive, menor que 2019 em 16,9% (US$ 1,53 bilhão). Em agosto, as exportações do Ceará tiveram um recuou de 43,4%, totalizando US$ 142,21 milhões, isso quando comparadas ao resultado de julho (US$ 251,42 milhões). A perspectiva para as exportações em 2023 é de número semelhante ao registrado em 2021/2022.


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Já as importações de janeiro a agosto acumularam US$ 3,65 bilhões, crescimento de 76,2% em relação a igual período do ano de 2021, quando ficaram em US$ 2,07 bilhões – resultado maior em 30,1% do que o verificado em 2020. Dessa forma, a balança comercial do Ceará, nos oito primeiros meses de 2022, apresentou saldo comercial de US$ 1,93 bilhão, variação negativa de 453,6% em comparação com 2021.

O resultado das exportações estaduais (acumulado) na balança comercial do Nordeste foi de 9,17%, enquanto no nacional se manteve em 0,76%. Já as importações representaram, nos âmbitos regional e nacional, 15,4% e 2%, respectivamente, quando analisado o acumulado de 2022. O Ceará foi o 16º estado exportador brasileiro e o 14º no que se refere às importações. Os números da balança comercial cearense e brasileira estão no Ceará em Comex (agosto/2022), que acaba de ser publicada pelo Centro Internacional de Negócios do Ceará (Cin) da Federação das Indústrias do estado do Ceará (Fiec).

A gerente do Cin/CE, Ana Karina Paiva Frota, ao fazer uma breve análise dos resultados da balança comercial cearense, considerou o ligeiro decréscimo das exportações acumuladas (janeiro a gosto), de 0,4%, como inexpressivo, enaltecendo as importações, que “apresentaram um desempenho positivo, de 76,6% na comparação com 2021. Ela acredita que este ano as exportações do Ceará sejam similares a de 2021, quando o estado bateu um recorde de valor exportado.

Já em relação a estimativa para 2023, com a expectativa do Ceará “de ter um valor de frete mais competitivo; de ter a cadeia logística mais alinhada e de ter também um maior equilíbrio relacionado a parte cambial”, é esperado um avanço em todos os sentidos. “Tanto no que se refere ao valor exportado, quanto à diversidade de mercados consumidores, como também ao incremento relacionado aos produtos cearenses vendidos para o mundo. 

Mas para a assessora técnica da Diretoria de Estudos Econômicos (Diec) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Ana Cristina Lima Maia Souza, as exportações cearenses de 2022 indicam um desempenho acima do valor de 2021, influenciado pela ampliação de mercado dos produtos metalúrgicos, calçados, peixes e crustáceos. Esses produtos vêm registrando crescimento na pauta de exportação do Ceará em 2022. Outros destaques das exportações cearenses este ano foram os produtos de hulha betuminosa, aviões e outros veículos aéreos. Nos anos anteriores esses itens não apareceram na pauta de exportação do estado e nesse ano corrente estão entre os dez principais.

Para as importações cearenses, ela acredita que o crescimento será ainda mais expressivo, o que pode garantir que fechará o ano de 2022 com valor bem acima de 2021. Porém – ressalta – esse crescimento está atrelado ao aumento de preço das commodities de combustíveis e trigos, em decorrência da guerra da Rússia e Ucrânia, por serem grandes produtores mundiais desses bens. Já as perspectivas da balança comercial cearense para 2023 deve manter o comportamento de 2022, considerando o cenário com dólar em torno de R$ 5,00 e preços das commodities elevados. Ou seja, o valor das exportações e importações em crescimento, mas esse último em ritmo superior – conclui.

Ferro e aço dominam as exportações cearenses

De acordo com o documento do Cin/Fiec, o grupo de Ferro fundido, ferro e aço seguiu como principal setor exportador do estado, mas apresentou um decréscimo de 7,3%, totalizando US$ 943,5 milhões no acumulado de 2022, enquanto em 2021 o total foi de US$ 1,01 bilhão. O México e os Estados Unidos foram os principais compradores desse segmento. O setor de calçados e suas partes registrou resultado positivo de 47% nas exportações e somou US$ 200,8 milhões, tendo como principais destinos os Estados Unidos e Argentina, respectivamente.

As exportações do setor de “Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação; matérias betuminosas; ceras minerais” manteve seu expressivo crescimento no acumulado de 2022. Foi registrado um total de US$ 85,2 milhões em vendas para o exterior, o que correspondeu a uma variação positiva de 311%. Os principais países de destino foram Espanha, Bélgica e Portugal.

EUA e México são os maiores compradores

O Ceará, de janeiro a agosto de 2022, registrou US$ 479,7 milhões em exportações destinadas aos Estados Unidos, registrando queda de 55,7% se comparado ao mesmo período do ano anterior. O decréscimo ocorreu em virtude da diminuição da venda de produtos do setor siderúrgico. O país possui a maior representatividade no que se refere aos países de destino da pauta exportadora cearense, representando 28% do total vendido pelo Ceará para o exterior.

Em segundo lugar no ranking dos principais países de destino das exportações cearenses, o México importou o valor de US$ 441,6 milhões, aumento de 217,7% nas aquisições de produtos cearenses. O desempenho positivo do país foi impulsionado pela elevação da procura por produtos dos setores siderúrgico e de alumínio. A Itália realizou US$ 83,6 milhões em compras no Ceará, crescimento de cerca de 196%, se comparado com o mesmo período do ano anterior. Produtos siderúrgicos foram as principais aquisições.

São Gonçalo é o município que exporta mais

O maior exportador do Ceará continua sendo São Gonçalo do Amarante. Com um decréscimo de cerca de 4,8% em relação ao ano anterior, as exportações do município corresponderam a 57% do total vendido pelo Ceará e registraram o montante de US$ 975,4 milhões no ano de 2022. O resultado negativo, segundo o Cin/Fiec, ocorreu, principalmente, em consequência da redução nas vendas de produtos à base de ferro e aço para os Estados Unidos. Apesar disso, São Gonçalo aumentou suas vendas de matérias betuminosas, as quais foram destinadas, em especial, à Espanha e Bélgica.

Maracanaú apresentou crescimento de 68% nas exportações, somando um montante de US$ 124 milhões no acumulado do ano, isso em decorrência do aumento nas vendas dos setores de ferro e aço para o Peru e de alumínio e suas obras para os Estados Unidos. Já Fortaleza obteve variação negativa de 46% no acumulado do ano, registrando o valor de US$ 120 milhões em exportações. A redução das exportações de cocos e castanhas para os Estados Unidos e, em especial, de produtos do setor de combustíveis minerais explica o desempenho negativo.

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