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Brasil ocupa 18º lugar no ranking mundial de cibersegurança

A tecnologia veio para facilitar as relações humanas. No entanto, o mundo cada vez mais conectado, com todo tipo de informação circulando em tempo real, requer sistemas de segurança igualmente ágeis para que haja um ciberespaço confiável.


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De acordo com dados da União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência das Nações Unidas (ONU) responsável pelos temas relacionados à Tecnologia da Informação e Comunicação, de 2018 para 2020, o Brasil saltou da 70ª posição para a 18ª no ranking mundial de cibersegurança. Entre os países das Américas, ocupamos o 3º lugar. É o que mostra o índice Global Cyberserurity Index 2020.

Em meio aos desafios que o mundo enfrenta como a saúde global, a mudança climática, entre outros, as tecnologias digitais podem ser ferramentas essenciais para o progresso mundial. Segundo o relatório do GCI 2020, quando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) atingirem a maturidade, em 2030, 90% da população mundial, projetada em 7,5 bilhões de pessoas, deverá estar online e, para que os esforços dos ODSs sejam mantidos, a cibersegurança se faz necessária para garantir que as soluções digitais sejam seguras e confiáveis.

Em um artigo sobre o tema, Leila Fonseca, bacharel em Ciências da Computação, explica que a cibersegurança é multidisciplinar, tendo como característica principal a transversalidade, ou seja, abrange várias áreas (política, econômica, social, segurança, militar) e segmentos (setor público e privado, sociedade civil, academia, etc.) de um país, requerendo, portanto, um conjunto de ações integradoras e multissetoriais.

“Em vista disso, a cada edição, o índice é aperfeiçoado, mantendo a avaliação pautada em cinco pilares: legal (leis e regulações relativas aos cibercrimes e cibersegurança), técnico (investimento em capacidades técnicas), organizacional (estratégias nacionais e organizações voltadas para a cibersegurança), desenvolvimento de capacidades (treinamento, educação e construção de uma cultura de cibersegurança) e cooperativo (parcerias entre agências, empresas e países)”.

De acordo Lucas Albertine de Godoi, bacharel em Ciência da Computação pelo Instituto de Ciências Matemáticas de Computação, o índice pode não ser um retrato fiel da realidade devido a quantidade de países que não responderam o formulário do levantamento da UIT. Ele também avalia que o estudo tem como foco o Estado, deixando de fora o setor privado.

“O nosso ponto mais forte no gráfico é ‘legal measures’, que aparece com nota máxima, e faz sentido devido ao marco civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Nós temos, então, duas legislações que foram algumas das primeiras feitas sobre o assunto, e isso, claramente, contou ponto”.

Segundo ele, apesar de tratar de segurança de Estado, a sociedade brasileira é beneficiada uma vez que tanto o marco civil da internet quanto a LGPD afetam diretamente o usuário, porque são voltados a proteção de direito digital. O marco civil, por exemplo, garante a neutralidade de rede e a LGPD a privacidade e segurança de dados.

A figura, abaixo, ilustra o resultado do Brasil, considerando os cinco pilares da cibersegurança.

Além da LGPD e do marco civil, Leila Fonseca aponta a Estratégica Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber) como outro fator que contribuiu para este grande avanço do Brasil, uma vez que tem peso relevante na avaliação do quesito legislação e, consequentemente, na mensuração dos resultados.

A especialista afirma que o levantamento da ONU destaca o cenário inusitado da pandemia da Covid-19 que afetou, enormemente, o modo como a sociedade passou a operar. “Mesmo neste contexto pandêmico, muitos países buscaram, em meios aos desafios existentes, progressos em relação à cibersegurança. Novas legislações e regulamentações foram instituídas, como também estratégias nacionais de cibersegurança, além de investimentos na construção de capacidades”, pontua.

Segundo Leila, ficou evidente, ainda, que a cibersegurança está relacionada à questão de desenvolvimento. “O gap entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento é um fato, havendo uma necessidade urgente de sanar as deficiências existentes, por meio da construção de capacidades em infraestrutura, habilidades e recursos”, recomenda.

No ranking mundial, dentre os 194 países avaliados, os Estados Unidos ocupam a 1ª colocação, ultrapassando o Reino Unido que liderava a classificação na edição de 2018. A tabela, a seguir, apresenta os países que estão no Top 10 do ranking.

Não obstante, os especialistas alertam que as leis e estratégias não são suficientes para garantir um ciberespaço seguro. Os desafios, para o Brasil, ainda são grandes e isto pode ser evidenciado perante os vazamentos de grandes volumes de dados, ocorridos ultimamente, e dos ataques cibernéticos sofridos, principalmente, pelas instituições governamentais.

Por fim, o relatório destaca alguns pontos importantes, que os países devem considerar, para promover e evoluir a sua capacidade cibernética, dentre eles:

• Fazer avaliações regulares da cibersegurança, incluindo métricas significativas;

• Fomentar o desenvolvimento contínuo de CIRTs (National Computer Incident Response Teams) e específicos para cada setor;

• Monitorar e atualizar as estratégias nacionais de cibersegurança;

• Participar regularmente de atividades internacionais visando ao compartilhamento de boas práticas e estudos de caso;

• Envolver regularmente todas as partes interessadas relevantes na cibersegurança, incluindo o setor privado, academia e sociedade civil

Fique por dentro!

O que é cibersegurança?

Cibersegurança é a prática de proteger ativos de informação, tais como sistemas, computadores e servidores entre outros, contra ameaças cibernéticas ou ataques maliciosos.

A segurança cibernética deve ser trabalhada em vários níveis desde a segurança das redes físicas e dos aplicativos até a educação do usuário final.

Segundo levantamento da empresa de segurança cibernética Fortinet, em 2020 o Brasil sofreu mais de 8,4 bilhões de tentativas e ameaças de ataques cibernéticos. O número impressiona e representa mais de 20% dos casos registrados em toda a América Latina, que somaram 41 bilhões.

O que um profissional de cibersegurança faz?

Um profissional especialista de cibersegurança é responsável por desenvolver e executar soluções de rede seguras, realizando uma série de testes a partir do uso de diferentes ferramentas. O objetivo é proteger a empresa contra ameaças virtuais e ataques de hackers criminosos.

Esse profissional, que muitas vezes também é chamado de especialista de segurança de TI, especialista de segurança da web ou especialista de segurança de dados, também monitora sistemas para garantir que estejam atualizados e com funcionamento adequado.

Quais os perigos dos ataques virtuais?

Um ataque cibernético é capaz de bloquear a utilização de algum sistema interno, interrompendo o trabalho de centenas e até milhares de profissionais; vazar dados e informações confidenciais; paralisar linhas de produção da indústria; interromper o fornecimento de energia em cidades ou expor informações pessoais de clientes e segredos de propriedade intelectual.

A empresa vítima de ataques digitais tem prejuízos financeiros e de credibilidade, o que provoca danos à imagem e leva a uma possível queda de investimentos.

Em janeiro de 2021 foi revelado um dos maiores ataques virtuais dos últimos anos: o megavazamento de dados pessoais de mais de 223 milhões de brasileiros (até mesmo de pessoas mortas). Entre os dados vazados, havia CPF, nome, data de nascimento, endereço, imposto de renda, fotos, entre outros. Com isso em mãos, criminosos virtuais podem abrir contas em bancos e aplicar diversos tipos de golpes.

Demanda por profissionais de cibersegurança

Garantir a segurança da informação é essencial e, à medida que a tecnologia avança, aumentam as possibilidades de ameaças virtuais. A demanda por profissionais de cibersegurança tem aumentado vertiginosamente no mercado de trabalho, mas falta pessoal qualificado no país.

De acordo com a Organização Internacional de Cibersegurança, o Brasil não possui, hoje, nem a metade da força de trabalho necessária na área de segurança cibernética. Segundo levantamento realizado em 2020, são necessários atualmente cerca de 627 mil profissionais de cibersegurança, mas há apenas 332 mil em atuação no país.

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Cultura de cibersegurança: como implementar nas empresas

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