Considerado um dos braços da web 3.0, o metaverso é uma plataforma em franca evolução e, por esse motivo, é um terreno fértil para o surgimento de profissões do futuro, diminuindo a distância entre o mundo físico e virtual.
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Dados da Kantar Ibope Media apontam que 6% dos internautas no Brasil já passam tempo em ambientes virtualizados e experiências que usam tecnologia de ponta. E segundo previsões da consultoria de aconselhamento para empresas Gartner, até 2026, 30% das organizações do mundo terão produtos e serviços prontos para o metaverso.
O termo ganhou ainda mais visibilidade, após Mark Zuckerberg anunciar que o Facebook mudaria de marca e posicionamento para se enquadrar ao conceito. Foi assim que o conglomerado passou a se chamar Meta e está investindo US$ 150 milhões para o desenvolvimento de um ambiente virtual que replique e amplie a realidade.
A palavra “meta” quer dizer algo que excede a natureza física das coisas, e o termo “verso” é a redução da palavra universo. Para Daniel Gularte, especialista em design e mestre em computação para jogos digitais, “existem variadas percepções sobre a ideia, porque o tema é muito transversal e que provoca muitas relações, desde ficção científica até mercado e negócios”.
Na percepção da cultura das mídias, o metaverso é um espaço virtual compartilhado, interativo e hiper-realista que permite uma convivência e experiência altamente imersiva entre os usuários através de avatares customizados em 3D.
“O metaverso é um intercâmbio entre universos, quaisquer que sejam, do livro, da televisão, da internet ou de histórias contadas, na construção de novas relações sociais e, nesse trânsito entre essas realidades e o que a gente considera como real, eu consigo desmaterializar as coisas e sensações e, com isso, promove novas construções de sentido”.
A nova tecnologia tem sido compreendida como um reboot da internet, vislumbrando-se como uma possibilidade de revolução tecnológica e socioeconômica. É a junção de realidade virtual com interação social online, gamificação, digitalização da economia, economia criativa e negócios, dentro de um espaço virtual.
O metaverso é operado dentro da blockchain, uma rede extremamente segura, colaborativa, pública e descentralizada. Esse universo tem como meio de pagamento as criptomoedas, ou seja, ativos digitais que são utilizados no comércio virtual.
O metaverso já faz parte do ambiente de trabalho de vários profissionais. Ele é encontrado desde reuniões interativas até por meio de escritórios virtuais em espaços de trabalho imersivos.
“O potencial competitivo das empresas usando o metaverso é positivo na perspectiva de melhorar processos de trabalho e produtos, engajar pessoas, desenvolver novas competências, deixar as reuniões mais eficientes e fomentar a inovação. Tudo isso é salutar e dá para construir resultados interessantes”.
Em 2030, deverão existir 11 novas profissões resultantes do metaverso, de acordo com estimativa da Adecco. Segundo previsões da Gartner, 25% das pessoas passarão pelo menos uma hora por dia nesse espaço, até 2026. Já para a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), a demanda por profissionais de tecnologia deve aumentar nos próximos anos, atingindo um déficit de 797 mil até 2025.
Segundo o pesquisador, diversos profissionais autônomos já estão imersos nesse mundo da tecnologia digital, produzindo seus próprios produtos e que são referência para os novos desenvolvedores. “Para quem constrói e desenha o metaverso, quer seja o programador ou o gerente de projetos, já existe esse movimento evidente no mundo virtual”.
Diante do potencial, algumas profissões estão em destaque no mercado de trabalho. E elas serão as responsáveis por estruturar a entrada de empresas no metaverso para atraírem mais consumidores e, por conseguinte, gerar mais lucros às corporações.
“Temos uma quantidade de profissionais independentes que estão criando seus próprios criptos, moedas virtuais, construindo seus ambientes de NFT, de comércio e jogos, e também objetos de aprendizagem, ambientes de relacionamento que já tem um bom tempo e que podem ser uma referência para que os novos desenvolvedores de conteúdo construam cada vez mais essa nova plataforma”, confirma Daniel Gularte.
A Analytics Insight fez uma lista com as dez profissões do futuro que devem surgir com o desenvolvimento do metaverso.
O novo mundo de Mark Zuckerberg permitirá que usuários sintam como se estivessem lado a lado, mesmo que estejam em países diferentes. A proposta lembra o Second Life, lançado em 2003, que consiste em um ambiente virtual e tridimensional que simula a vida real e social do ser humano através da interação entre avatares.
A diferença fundamental é que o Second Life continua sendo algo como um game, enquanto o projeto atual permite que o usuário “entre” no ambiente e interaja com os elementos ali, graças a realidade virtual aumentada agora disponíveis.
“Os jogos já vêm há mais de 10 anos construindo redes sociais, relações digitais e também não digitais, de ambientes diferentes e lúdicos com novas perspectivas de demandas, de universos e de políticas. Então, o jogo consegue construir ambientes seguros para experimentação de novas realidades”, explica Daniel.
Mas não só de games e redes sociais vive o metaverso. Em julho deste ano, a empresária Bianca Andrade, fundadora da Boca Rosa Company, holding da Boca Rosa Beauty, anunciou o lançamento da Pink, influenciadora virtual que será mais uma nova forma de a “Boca Rosa” se conectar com seus seguidores. Bianca é Forbes Under 30 2017 e integrante da lista de Mulheres de Sucesso em 2021.
A CEO explica que sua nova versão irá explorar os espaços que o metaverso disponibiliza. “Nós pretendemos trabalhar com NFT e estamos explorando os espaços que o metaverso tem a oferecer, além da interação com outros avatares, empresas e marcas que estão por lá, que já são muitos”, conta.
O metaverso representa um grande salto tecnológico e com grandes benefícios. Porém, ainda não há certeza quando isso deixará de ser um conceito e passará a ser um produto maduro e acessível às massas.
De acordo com o pesquisador de jogos, “o movimento do metaverso é naturalmente global, é uma construção colaborativa em uma rede sem fronteiras geográficas. Mas considerando o que o Brasil tem em falta, temos grandes desafios como o abismo digital e a falta de letramento digital”.
Com todas as gigantes corporativas embarcando na novidade, instituições financeiras renomadas como o Goldman Sachs e o Morgan Stanley estimam que a nova tecnologia é uma oportunidade que deve movimentar 8 trilhões de dólares, o equivalente a mais de 40 trilhões de reais.
Isso deve gerar as mais diversas oportunidades para profissionais da área de tecnologia. Entretanto, isso não indica que será um caminho fácil. Na verdade, desenvolver as habilidades necessárias para as profissões do futuro que surgirão com algo tão inovador como o metaverso vão gerar variadas demandas, inclusive de políticas públicas de transformação digital.
“Para além de uma referência de um metaverso lindo e maravilhoso para as empresas, existe aí um desafio de política pública forte para que o cidadão compreenda que esse universo está ao alcance dele e que ao mesmo tempo ele deve ter acesso a isso, principalmente se temos as políticas de transformação digital”.
Daniel Gularte, especialista em design e mestre em computação para jogos digitais
Metaverso: uma nova realidade dentro do mundo virtual
Os efeitos da Transformação Digital e da Indústria 4.0 nas empresas