Nos últimos anos, os investidores no Brasil e no mundo fizeram aportes financeiros milionários em unicórnios, as startups com acelerado crescimento e valor de mercado de US$ 1,0 bilhão. Agora, este universo passa por uma reprecificação sem que isto signifique encolhimento ou recuo. O mercado investidor quer resultados.
O ecossistema de startups continua ativo. Os “queridinhos” dos investidores-anjo sempre são os negócios inovadores. Os investimentos no Brasil caíram na camada, digamos, já “tradicional” deste jovem mercado, passando de US$ 5,2 bilhões no primeiro semestre de 2021 para US$ 2,92 bilhões neste ano, até junho, segundo levantamento do Distrito. A expectativa é de que nos próximos anos, o investimento seja recuperado e o mercado de startups continue firme e forte.
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Especialista em startups, Leandro Piazza, CEO da 49 Educação, que tem a Startup University como seu principal produto de formação de empreendedores, diz que a indústria de venture capital que investe em risco cresce quando as taxas de juros ou IPCA estão baixos. Se o dinheiro não estiver rendendo em produtos financeiros, migra para projetos empreendedores que, apesar do risco maior, têm retorno significativamente também maior.
O cenário vem mudando com a relativa desaceleração em startups. A Guerra na Rússia e a pandemia fizeram subir a taxa Selic, atraindo a atenção dos investidores. Mas ainda vale a pena colocar dinheiro em startups? A resposta vem prontamente: “Vale sim, porque o que mais faz o dinheiro multiplicar é a força do empreendedor”, justifica Piazza, concordando que os investidores ficaram mais seletivos e criteriosos, mas ele garante que as soluções inovadoras e criativas continuam tendo acesso ao capital.
Atualmente, o destaque – e que não sofreu reduções – fica com o chamado investimento-anjo ou aquele que recebe o primeiro cheque numa startup.
“Em 2021, o olhar era o da velocidade com que o projeto cresceria. Hoje os investidores começam a olhar para a última linha do balanço, a do lucro”.
Leandro Piazza, CEO da 49 Educação
Ele acredita que a Selic estável e o IPCA em queda naturalmente vão fazer com que o apetite do investidor volte com força.
A colocação de Piazza encontra eco na realidade acompanhada pela Investidores.vc, uma plataforma de investimento-anjo que atua em tecnologia, liderança no pool de investidores e em educação e formação de novos investidores-anjo para o mercado de startups. O fundador, Amure Pinho, empreendedor há mais de 20 anos e que já apostou em mais de 43 startups, garante que early stage, que é aquela fase inicial de captação, está em crescimento.
Para Pinho,as startups têm no seu DNA uma forte adaptabilidade. A Investidores.vc, por exemplo, fechará o ano com volume recorde de investimentos, aportando em novos segmentos como martech (união do marketing com tecnologia) e construtech, e inclusive realizando “follow on” em ativos de seu próprio portfólio com excelente performance dando sequência às rodadas de investimento.
“Por continuarmos otimistas com nossa tese, e por contarmos com uma rede capitalizada de investidores, não sofremos com as atuais variações de taxa de juros e inflação, e damos sequência em nosso plano de lançar nos próximos meses um novo veículo de investimento 100% dedicado a early stage”, adiantou Amure Pinho.
Escritor, conferencista, podcaster e investidor-anjo, com mais de 1.500 investimentos em startups nos últimos 6 anos, João Kepler, CEO da Bossanova, diz que embora o cenário recomende cautela, o setor passa por um momento de “freio de arrumação”, de amadurecimento e de responsabilidade no Brasil.
João Kepler diz que, mais do que nunca, as startups precisam estar preparadas para não apenas receberem aportes, mas para continuarem a escalar e conseguir novas rodadas futuras de investimentos que se darão, de agora em diante, em cima de resultados comprovados.
“A falta de dinheiro é apenas um dos fatores que leva à mortalidade dos negócios”, afirma ele, acrescentando que o investidor precisa monitorar a startup para que ela cumpra o combinado no ato do investimento. Se a startup recebeu uma rodada anterior e cumpriu o que prometeu ao investidor, alocou corretamente o aporte, executou o roadmap e tudo aconteceu como previsto que foi planejado com os stakeholders, certamente terá apoio e base para uma nova rodada de captação. Do contrário, não conseguirá novos aportes de um investidor profissional e, pior, não terá o follow-on do seu investidor atual.
O futuro vislumbrado por Kepler passa por negócios e startups bem mais estruturadas em cada estágio, ou seja, negócios mais focados em propósito, em resolver problemas e gerar caixa.
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